Teve início nesta segunda, 26, com uma reunião com o presidente da FUNAI uma série de agendas do Conselho Terena em Brasília, que devem seguir ao longo da semana.
Na Fundação Nacional do Índio, o Conselho foi cobrar o presidente Franklimberg Ribeiro de Freitas respostas para problemas que os indígenas têm enfrentado no Mato Grosso do Sul. Com lideranças contemplando diversas comunidades, juventude, mulheres e pautando as crianças e idosos não presentes, o encontro foi marcado por falas que deixavam claro que o povo não pretende recuar diante dos retrocessos com relação às terras, a desmontes nas estruturas das comunidades, como fechamento da CTL de Nioaque e a nomeação do Pastor Henrique Dias para a coordenação da FUNAI no Mato Grosso do Sul.
O Conselho exige que a FUNAI lute junto aos parentes pela demarcação das terras, e por acelerar o processo em que se encontram tantas outras, como o caso da Terra Indígena Aldeia Limão Verde, já homologada, mas que teve sua demarcação anulada pela segunda turma do STF. “Não estamos aqui para brincadeira. Somos pais preocupados com nossas crianças. Pergunte aqui se nós vamos sair das nossas terras. Não. Nós vamos ouvir nossas bases, não esses que se dizem lideranças para assumirem cargos” disse o cacique Arcênio Dias, da Terra Indígena Limão Verde. O antropólogo Gustavo Menezes falou sobre os processos judiciais ao qual são submetidas as terras até chegarem no processo de demarcação. Gustavo afirma que tem cerca de 500 reivindicações de terras para serem analisadas e que a equipe da FUNAI só consegue fazer 6 ou 7 por ano e diante dos questionamentos da situação de cada aldeia, se comprometeu a reunir mais informações e se encontrar com as lideranças para lhes repassar detalhes de cada uma.
Com relação a CTL, Franklimberg disse que foi preciso reduzir as CTL por conta dos cortes que a FUNAI sofreu mas que orientou que a coordenação regional da FUNAI verificasse quais postos podem atender a comunidade. Para a população isso não é funcional porque demanda deslocamentos de carro, e nem sempre o atendimento é garantido. O presidente também reforçou que a Fundação está vivendo um momento de transição com a portaria do Governo Federal que determina a diminuição dos cargos comissionados e que foi a última a cumprir a determinação, mas que pretende retomar o posto à Nioaque.
Sobre a nomeação do Pastor Henrique Dias para a coordenação da FUNAI no Mato Grosso do Sul, o Conselho Terena reafirmou que ele não é reconhecido pelas lideranças como alguém que representa os indígenas e são contra ele assumir esse cargo, e já tem a decisão de ocupar a FUNAI caso o presidente o nomeie. “Tenha cuidado e carinho ao ouvir essas lideranças, jovens e mulheres que estão aqui hoje senhor presidente. Elas sim nós reconhecemos” afirmou Simone Terena, representante da APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil durante a reunião.
Muitas lideranças reforçam o descaso da FUNAI com a população indígena. “O senhor precisa ir lá, ver com seus olhos, olhar nos olhos das pessoas, sentir o que nós sentimos” disse Maurílio Terena, da Terra Indígena Taunay-Ipegue. “Não temos emprego, não temos nada, queremos deixar algo para nossos filhos. Você nunca fizeram nada para os índios caminharem com as próprias pernas”. “Os povos indígenas sempre buscaram fortalecer a FUNAI mas o que temos visto é o enfraquecimento dela. A FUNAI não tem moral nas terras indígenas” colocou Lindomar Terena para o presidente da FUNAI.