Os primeiros casos de indígenas que testaram positivo para Covid-19 no nordeste acendem um alerta nos estados do Ceará e Pernambuco. De acordo com dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) divulgados no final da tarde de ontem (20), um indígena do povo Tupinambá, ainda sem idade informada, está infectado por Coronavírus e outros quatro estão entre os casos suspeitos, no Ceará. O órgão de saúde não informou até o momento quais povos estão envolvidos nestes casos. A morte de um indígena de 76 anos do povo Pitaguary com suspeita de Coronavírus no município cearense de Maracanaú segue sendo investigada.
Em Pernambuco, a Secretaria de Saúde do estado anunciou que um agente de saúde do povo Pankararu, no município de Arcoverde, está com Covid-19. Outro caso confirmado é de um indígena do povo Atikum. Ele estava com sintomas da doença há mais de 10 dias e ontem (20) a Secretaria de Saúde do município de Carnaubeira da Penha confirmou que os exames testaram positivo para Covid-19.
Com os índices mais altos de casos confirmados para coronavírus na região, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), o estado do Ceará declarou colapso da rede de saúde na última semana e tem 92% dos municípios considerados vulneráveis à contaminação da doença. Pernambuco é o estado do Nordeste com maiores casos de mortes até o momento de acordo com dados do MS, e o governo estadual afirma que está próximo de declarar colapso na saúde devido à pandemia.
Os 14 povos indígenas que vivem no Ceará estão distribuídos em 18 municípios de grande vulnerabilidade para contaminação da Covid-19, segundo relatório da Fiocruz e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O movimento indígena no estado trabalha de forma intensa o isolamento social das comunidades e busca suprir as demandas para garantir a segurança alimentar dos povos devido ao novo contexto gerado pela pandemia. Em Pernambuco, os dez povos que vivem no estado estão em alerta máximo e buscam cumprir as recomendações de isolamento social da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Nós, da APIB, reforçamos a necessidade do Governo Federal construir um plano emergencial para os povos indígenas e denunciamos a omissão da FUNAI para evitar um novo genocídio.