Na última sexta-feira, dia 26, as mulheres Guajajara da Terra Indígena Rio Pindaré, foram surpreendidas por tiros em direção as suas embarcações no momento em que foram fazer o reconhecimento dos limites de seu território. O acontecido se deu no momento em que passaram em frente ao Povoado Serraria- P.A Camacaoca, e o grupo de mulheres estavam acompanhadas por policiais do 7° Batalhão do município de Pindaré-Mirim.
O conflito em torno da área conhecida como Lago da Bolívia se desenrola há décadas por conta da falta de mediação do governo acerca dos limites da TI Rio Pindaré.
Confira nota de repúdio das organizações indígenas do Maranhão:
Nota de Repúdio
Nós da Articulação das Mulheres Indígenas do Maranhão – AMIMA e da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão – COAPIMA, viemos a público manifestar nosso repúdio e discordância com o ato de violência sofrido pelo Grupo de Agentes Ambientais Indígenas, Grupo de Mulheres e Lideranças da Terra Indígena Pindaré, localizada no município de Bom Jardim, região norte do Maranhão onde habita uma população de aproximadamente 2000 Guajajaras.
Durante o trabalho de reconhecimento do limite do território pertencente ao povo Guajajara, na manhã de sexta-feira, dia 26/02/2021. A ação foi realizada com o acompanhamento da equipe da Guarnição Fluvial de Pindaré Mirim/MA.
Durante a ação de monitoramento dos limites territoriais, os Guajajara foram surpreendidos por disparos de armas de fogo em direção às suas embarcações. Felizmente não houve feridos. Tais disparos foram efetuados por moradores do povoado Serraria, localizado dentro do P.A. Camacaoca, município de Monção, limite da Terra Indígena Rio Pindaré, norte do Maranhão.
Convém ressaltar que o conflito entre indígenas, assentados e invasores na região conhecida como lago da Bolívia adicionada aos 15.002 ha da TI Rio Pindaré, portanto, território Guajajara, já se estende por mais de 20 anos e os órgãos competentes não se posicionam nem apresentam alternativa para a elucidação dessa problemática que a cada dia se torna mais intrincada.
A AMIMA e a COAPIMA se solidarizam com as lideranças Guajajara da TI Rio Pindaré e repudiamos todos os atos de intimidação e ameaças que se constituem em violência. Por fim, solicitamos imediatamente um posicionamento da FUNAI/Brasília com o objetivo de solucionar o conflito, evitando que mais sangue indígena seja derramado, conforme o recado bélico dos invasores.
Sangue indígena, nenhuma gota a mais.