A Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas (FPMDDPI) manifesta profunda preocupação com a tentativa de intimidação da líder indígena Sônia Guajajara, Coordenadora Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com a intimação da Polícia Federal (PF).
A intimação teria origem em denúncia feita pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que acusa Guajajara e a Apib de difamar o governo federal com a websérie Maracá que denuncia violações de direitos cometidas contra povos indígenas na pandemia.
A FPMDDPI repudia qualquer tentativa do governo federal de calar a voz dos povos indígenas, através de ameaças, intimidações e violações de direitos, como ocorre nesta pandemia. Os povos indígenas sempre estiveram em luta e não se deixarão intimidar pelo uso indevido do poder de polícia do Estado para calar denúncias de violação de direitos. Este poder deveria ser usado para combater efetivamente as invasões de terras indígenas e os crimes praticados contra os seus bens e suas vidas.
O papel da Funai é defender os direitos indígenas e não atacar. Minha solidariedade a Sonia Guajajara e a APIB, que neste momento sofre uma tentativa de intimidação do governo federal por defender os direitos indígenas e denunciar as omissões que resultam no quadro desastroso da gestão da pandemia entre os povos indígenas”, declarou a coordenadora da FPMDDPI, deputada Joenia Wapichana (REDE-RR).
O senador Humberto Costa (PT-SP), membro da FPMDDPI e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, manifestou solidariedade a Sônia Guajarara nesta sexta-feira (30), em uma reunião da Comissão de Meio Ambiente e da Comissão de Direitos Humanos do Senado.
“Por incrível que pareça, pasmem, a um pedido da Funai, se viu obrigada a ser ouvida pela Polícia Federal por conta de suas manifestações em uma série televisiva que provavelmente pela repercussão que causou essa série se ver agora pressionada pelo governo e possivelmente até mesmo processada. Nós aqui da Comissão de Direitos Humanos queremos aqui externar a nossa solidariedade e apoio e vamos marchar com ela nessa luta”, disse.
“No lugar de alguém buscar um diálogo e tentar entender, a única coisa que fazem é ameaçar e tentar intimidar. Quero externar aqui a minha mais irrestrita solidariedade, é óbvio que alguém do governo pode contestar os argumentos, mas no jogo da democracia não é intimidando e intimando alguém para dar um depoimento na Polícia Federal como se fosse uma criminosa ou uma investigada, tanto ela quanto a direção da Apib, que hoje é uma das instituições que mais congrega e mais atua em nome dos direitos dos povos indígenas”, disse o senador Jaques Wagner (PT-BA), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado.
Cacique Raoni Metuktire, líder do povo Kayapó, em Mato Grosso, também manifestou solidariedade a Sônia. Em audiência no Senado, ele pediu para que ela “continue firme e lutando pelos direitos dos povos indígenas”.
A FPMDDPI espera que o Presidente da Funai compareça ao Congresso Nacional para explicar o desvio de sua função e que este expediente instaurado na Polícia Federal não prospere por se constituir num ato de conteúdo intimidatório, que caracteriza mais um ato autoritário do Governo Bolsonaro.