Foto: Matheus Veloso

Por Célia Xakriabá.

E como ousa nos  silenciar quando se referem a nós indígenas mulheres apenas de  corpos exóticos. Não somos as emocionais, queremos dizer aos músicos que, discriminação  mata sem dizer no preconceito institucional e, dependendo do lugar. Vivenciamos cada absurdo que consideramos desumanas que se fosse ao contrário geraria muita revolta, mas são corpos indígenas, que sofrem essa violência.

E nós perguntamos: Porque nós indígenas somos lembrados  apenas na época do carnaval como fantasia? Mais quando estamos manifestando lutando por nossos direitos o noticiário nos silencia e usa distorcidamente que estamos invadindo?  

Porque quando nós indígenas sempre que expressamos nossa cultura/identidade com altivez, temos que escutar repetidamente, vocês são índios? Mas índio mesmo? Índio de verdade? Estão  vestidos assim vão apresentar algum teatro? A cada pessoa que se dirige a nós com esta pergunta tão agressiva é uma tentativa de deslegitimar e silenciar a nossa identidade, pois não sabem o quanto o processo histórico de invasão nos deixou cicatrizes.

Porque na nossa sociedade, pessoas não indígenas, podem se utilizar de elementos ou identidades de outras culturas e isso será visto como “fofo e bonito”, e “exótico.”  Mas, no momento em que um de nós indígena  que é parte da cultura resolve exigir-nos o direito de falar a nossa língua, de praticar nossos rituais, danças e costumes da nossa tradição cultura milenar, de pintar corpo e pintar o rosto, usar vestimentas da nossa cultura que carrega significado para além do  simbólico e sagrado, muitas vezes somos discriminados, temos que aguentar piadinhas estereotipadas, temos de aguentar críticas, como: lugar de índio é no mato é na aldeia, índio? E com celular, índio e viajando de avião. Não é vitimismo, o preconceito que sofremos é real, muitas das vezes somos motivo de gracinha, até sofremos agressões, preconceito e dependendo do lugar e com quem esbarramos, nossos corpos territórios são executadas, trazemos aqui a memória de duas meninas indígenas que sofreram violência.

Daiane Kaingang, Raissa Guarani Kaiowá, meninas jovens brutalmente assassinadas, estupradas neste ano de 2021 meninas que tiveram a vida  interrompida pela Brutal violência…..

E segue a pergunta violenta! São índios? Índio mesmo? De verdade?

  • Nossas lideranças não derramam sangue na luta pelo território de mentira
  • O enfrentamento que fazemos nas ruas, BRs,/Congresso Nacional, e somos atacados violentamente com spray de pimenta, bomba de borracha, esta luta não é de mentira 
  • Crianças, jovens, mulheres são assassinados da beira da estrada não é de mentira
  • O grande índice de suicido nos povos indígenas não é de mentira
  • Sofremos racismo, e não é de mentira.

Se tudo isso não é de mentira somos povos indígenas/originários.

Nossa identidade não é um feitiche,se racismo reproduz aciona o gatilho da violência história cometida a nossos corpos a nossa existência.

Denunciamos a intolerância e o racismo, o racismo é uma forma violenta de delimitar as fronteiras dos lugares que o povo.

A nossa luta é anticolonial e

Anti Racista

Não calarão as nossas vozes coletivas e não silenciarão nosso corpo.

O nosso pertencimento está  na nossa raiz de quem somos.

Nos últimos anos, falamos, ouvimos e defendemos a nossa causa, seja ela contra ou não de racismo de discriminação de gênero contra indígenas mulheres.

Nosso corpo é nosso território, nele existe o sagrado de existir de cada ANMIGA.

Portanto, a música é violenta e mata nossa identidade.

Dizemos não a essa prática