Uma carta enviada à ONG afirma que o Instituto tem 10 dias para interromper as atividades ou serão atacados

O Instituto Kabu, ONG que tem sede no município de Novo Progresso e monitora as Terras Indígenas Baú e Menkragnoti, denunciou à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal estar sofrendo ameaças de garimpeiros na região. As ameaças ocorreram por meio de um áudio e uma carta manuscrita enviada à ONG.

No áudio, um homem culpa a ONG por provocar a ação Biomas, operação do Ibama com a Força Nacional e a PF realizada no fim de agosto em Novo Progresso e no distrito de Castelo dos Sonhos. Já a carta, que não possui assinatura, traz um ultimato para que o Instituto Kabu encerre as atividades em até 10 dias, caso contrário, poderá sofrer com ataques. 

Em nota, o Instituto Kabu afirma que as ameaças são tentativas deliberadas de desviar a atenção e de incitar a população contra uma associação indígena e idônea. 

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), junto com suas organizações regionais de base como a Coiab e Fepipa, apoia o Instituto e condena os ataques direcionados à ONG.

Leia a nota completa do Instituto Kabu abaixo:

NOTA DE ESCLARECIMENTO 12.09.2022

O Instituto Kabu vem a público rechaçar as seguidas ameaças que seus representantes, funcionários e familiares vêm recebendo relativas à sua suposta responsabilidade por operações em garimpos ilegais realizadas recentemente por órgãos do governo (Polícia Federal, Força Nacional e lbama) em Novo Progresso, no PaFá.

Nossa instituição, cuja sede fica na cidade de Novo Progresso, zela e monitora as Terras Indígenas Baú e Menkragnoti onde se encontram as 11 aldeias afiliadas. Não temos qualquer ingerência sobre órgãos governamentais e nem poderes sobre as ações destes órgãos, comandados por seus respectivos ministros.

A missão do Instituto Kabu e dos indígenas que representa é promover alternativas de desenvolvimento sustentável e a conservação da floresta em pé dentro das duas Terras Indígenas, em prol das famílias associadas e de futuras gerações. Temos orgulho de ter recebido recentemente mais de 2 mil alunos, professores e moradores de Novo Progresso em nossa exposição de fotos anual, na qual divulgamos a cultura e o modo de vida dos Mebêngôkré- Kayapó.

A diretoria, composta unicamente de lideranças indígenas, assim como colaboradores indígenas e não-indígenas estão comprometidos com ações de desenvolvimento sustentável que gerem renda e protejam a floresta. Nossos compromissos são únicos e permanentes: respeito à nossa história, à floresta, à vida e às leis do país.

Ameaças a nossos integrantes e colaboradores, assim como o ultimato apócrifo recebido nesta segunda-feira (12 de setembro de 2022), dando um prazo de 10 dias para que o Instituto Kabu feche as portas, são tentativas deliberadas de desviar a atenção e de incitar a população contra uma associação indígena idônea.

Já acionamos as autoridades competentes para que busquem os responsáveis e garantam o cumprimento da lei e da ordem.