O Deputado usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul para criminalizar e perseguir lideranças indígenas, que lutam pelo direito a Terra. Conselho Terena, Aty Guasu e a Apib e todas as suas organizações de base exigem respeito.
O Conselho do Povo Terena, a Assembleia Geral do Povo Guarani e Kaiowá (Aty Guasu) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em conjunto com todas as suas organizações regionais de base, exigem respeito do Deputado Estadual Zeca do PT, de Mato Grosso do Sul. No dia 9 de março, o parlamentar usou a tribuna da Assembleia Legislativa de MS para criminalizar lideranças Guarani Kaiowá, que lutam pelo seu direito à terra, e está perseguindo o secretário executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Luiz Eloy Terena, por exercer seu dever de defender os povos indígenas.
“Durante a campanha eleitoral o deputado percorreu todo o território tradicional em busca de votos, nos chamando de amigos e até ousou dançar nossas danças tradicionais. Foi eleito com expressivo voto dos povos indígenas e hoje se posiciona na tribuna contra os nossos direitos. Exigimos respeito”, ressaltou a coordenadora executiva da Apib, Val Terena.
O povo Guarani e Kaiowá segue na resistência, retomando o território Laranjeira Nhanderu. Na manhã deste 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, os indígenas voltaram para a sede da fazenda Inho, que sobrepõe a Terra Indígena (TI) localizada no município de Rio Brilhante, MS.
Na primeira ação de retomada, realizada no dia 03 de março, o cerco policial obrigou os indígenas a recuarem para a mata, porém com o avanço na perícia antropológica para a demarcação, eles puderam ocupar novamente o espaço e assim, garantir que os fazendeiros não enviem pistoleiros para a área, que se passam por segurança privada.
“É a segurança do povo aqui, porque é onde centraliza a segurança privada e sempre eles acham um jeito de atacar a comunidade. Então a única segurança do povo é de nós recuperarmos a posse da sede para a comunidade”, explica Kunumi Verá Ndy Juy, coordenador executivo da Apib.
Confira nota completa da Aty Guasu sobre a retomada da TI Laranjeira aqui.
O Conselho Terrena classificou como irresponsável a atividade do deputado Zeca do PT, que segue atacando o direito dos povos indígenas. “irresponsabilidade é pôr em risco a vida dos povos indígenas, em nome da proteção de seus aliados e de interesses pessoais. Irresponsabilidade é ser deputado estadual no estado mais anti-indígena do país e tentar deslegitimar nossos direitos originários. Irresponsabilidade é não se informar, mas ocupar uma tribuna como representante do povo e apenas representar interesses próprios.”,
Exigimos que o deputado faça uma retratação pública e atue para garantir direitos dos povos e diminuir os conflitos na região. Nos solidarizamos com as lideranças Guarani e Kaiowá e com o secretário executivo do MPI, Eloy Terena, diante dos ataques do parlamentar que usa de forma indevida seu poder político enquanto parlamentar.
Histórico
A truculência da polícia militar na região levou ao Massacre de Guapoy, em Amambai e matou dois indígenas em menos de um ano, em 2022. Dessa vez, durante a retomada, três lideranças indígenas foram presas e agredidas fisicamente enquanto estavam sob custódia da polícia. Elas foram liberadas no dia seguinte, após a intervenção dos advogados indígenas.
Os indígenas já foram despejados três vezes dessa mesma área. A Apib e Aty Guasu aguardam a presença do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e exigem celeridade do processo de demarcação para que o conflito possa ser solucionado.