Neste período, o estado com o maior número de assassinatos foi Roraima com 208 homicídios

Entre 2019 e 2022, foram registrados 795 assassinatos de pessoas indígenas durante o governo anti-indígena de Jair Bolsonaro, aponta o relatório “Violência contra os povos indígenas no Brasil” do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançado no dia 26 de julho. O dado representa um aumento de 54% em comparação aos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer (entre 2015 e 2018), quando 500 indígenas foram assassinados no Brasil.

Neste período, o estado com o maior número de assassinatos foi Roraima com 208 homicídios, onde se localiza parte da Terra Indígena Yanomami. O território tem sido alvo do garimpo ilegal e do aumento da violência na região, sempre incentivado pelo ex-presidente. Em seguida, o Amazonas e o Mato Grosso do Sul são os estados com maior número de assassinatos, com 163 e 146, respectivamente. 

O relatório do Cimi também comparou entre os governos os casos de abuso de poder contra os povos indígenas: foram 89 casos no governo Bolsonaro, uma média de 22,2 casos por ano, sendo mais que o dobro da média sob os governos de Dilma e Temer, quando foram registrados cerca de 8,7 casos por ano.

Além disso, o documento “Violência contra os povos indígenas no Brasil” mapeou e classificou a violência contra o patrimônio dos povos indígenas em 2022, ou seja, a omissão e morosidade na regularização de terras, conflitos relativos a direitos territoriais e invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio. Juntas, as categorias somam 1.334 registros no mesmo ano em que encerrou o mandato de Bolsonaro.

Outros tipos de violências tratadas no relatório são a violência contra a pessoa e violência por omissão do Poder Público. O Cimi identificou 416 casos de violência contra pessoas indígenas em 2022, sendo 27 registros de  ameaças de morte, 60 ameaças variadas, 180 assassinatos, 17 casos de homicídio culposo e 17 lesões corporais dolosas, 38 registros de racismo e discriminação étnico-cultural, 28 tentativas de assassinato e 20 casos violência sexual. 

Além de 835 mortes de crianças indígenas (com idade de 0 a 4 anos) e 115 suicídios de indígenas, a maioria nos estados do Amazonas (44), Mato Grosso do Sul (28) e Roraima (15). Mais de um terço das mortes por suicídio (39, equivalentes a 35%) ocorreu entre indígenas de até 19 anos de idade. 

O relatório também mostra que os povos indígenas em isolamento voluntário estão entre os grupos mais afetados pela política anti-indígena de Bolsonaro. No ano de 2022, foram identificados casos de invasões e danos ao patrimônio em pelo menos 36 TIs onde existem 60 registros de povos indígenas isolados, de acordo com os dados da Equipe de Apoio aos Povos Livres (Eapil/Cimi). 

Outro exemplo do descaso com estas populações é que Bolsonaro manteve a política de não renovar ou renovar apenas por seis meses as portarias de restrição de uso, dessa forma facilitando as invasões em terras indígenas. Estas portarias visam a proteção dos territórios de povos isolados que ainda não tiveram seus processos de demarcação finalizados. 

Lei o relatório completo aqui: https://cimi.org.br/2023/07/relatorioviolencia2022