Cerca de 500 lideranças do povo Kinikinau retomaram parte de seu território tradicional na região do município de Aquidauana. A ocupação se deu na fazenda Água Branca.
Estudo antropológico realizado pelo antropólogo Gilberto Azanha e já protocolado na FUNAI, comprova que Aldeia Água Branca, em Aquidawana (MS), é território originário do Povo indigina Kinikiwa. A reivindicação do território é antiga e há procedimentos em tramitação no Ministério Público Federal. Para conhecer o relatório, basta clicar neste link.
Entenda o caso: PM tenta despejar indígenas em retomada sem ordem judicial
Uma ação forçada da Polícia Militar de Mato Grosso Sul, sem ordem judicial, tentou despejar na tarde de hoje cerca de 500 indígenas do povo Kinikinau, que fizeram pela manhã a retomada do território da Fazenda Água Branca, em Aquidauana, MS. A área é reivindicada pelo Povo Kinikinau há muitos anos e hoje, iniciaram a retomada do território. Entretanto a ação foi surpreendida por dois ônibus e um helicóptero da Polícia Militar, que adentrou à área com violência para a retirada dos indígenas.
Sem ordem judicial, chegaram por trás da sede enquanto os anciões descansavam e as crianças brincavam. Eles chegaram atirando gás lacrimogêneo e uma liderança Kinikinau foi atingida na cabeça. Não houve nenhuma tentativa de diálogo por parte da PM. Segundo relato dos indígenas presentes, “chegaram pra tentar machucar e humilhar o povo.”
Ainda segundo relatos dos indígenas, a ação policial foi comandada pelo prefeito de Aquidauana Odilon Ribeiro, fazendeiro da região e primo da atual ministra da agricultura Tereza Cristina. Em áudio atribuído ao prefeito e que circula por whatsapp, em grupos de apoio à causa indígena, o homem afirma que a ordem de retirada dos indígenas da fazenda veio de Brasília, e que a orientação é que os policiais os retire “ou por bem ou por mal”. “Já me pediram aqui dois ônibus pra levar 90 policiais militares, e já tem uns 40 lá, então vão tirar ou por bem ou à força”, informa.
A bancada do PSOL protocolou um pedido de informação ao Ministério da Justiça pedindo explicações sobre o ocorrido. No texto assinado pelo deputado Ivan Valente, líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados, ele questiona se o Ministério tinha conhecimento da ação. “Considerando que a competência constitucional para qualquer provimento judicial é da polícia federal, gostaríamos de saber se tal presença militar é de conhecimento ou autorizada por este Ministério”, questiona o documento.
Lideranças Kinikinau seguem resistindo ao redor do território na Fazenda Água Branca e convocaram também por meio de áudio as demais lideranças e guerreiros indígenas para auxiliar os parentes na região e prestar solidariedade ao povo Kinikinau.