Foto: Mídia Ninja

Salto de candidaturas femininas entre os indígenas apresentou crescimento de 193% desde 2014, influenciando o número total de parentes postulantes a um cargo eletivo

O número de mulheres candidatas indígenas nas Eleições 2022 é o responsável pelo crescimento de parentes postulantes a um cargo eletivo desde 2014: a participação delas registrou um aumento de 193%, passando de 29 para 85 candidaturas. O crescimento dos candidatos homens nesse período foi de 80,35%.

A diferença que chegou a ser de 35 candidatos em 2018, a maior identificada no período de análise, este ano é de apenas 15 entre os dois gêneros classificados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esta é a melhor marca de participação indígena nas eleições. O recorte por raça só passou a ser feito pela justiça eleitoral a partir de 2014. 

Braulina Baniwa, liderança do movimento indígena, defende a ocupação de espaços institucionais não apenas no período eleitoral, mas de forma constante, dentro de universidades, por exemplo, a fim de produzir narrativas que representem a diversidade de povos indígenas.  

“Precisamos de uma frente política para lutar pelas nossas especificidades de pautas enquanto indígenas mulheres”, afirma. 

De acordo com a liderança feminina, em 2020, quando a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) lançou a plataforma da campanha indígena, houve 2.177 candidaturas cadastradas. Do total, foram eleitas para recebimento de divulgação e suporte jurídico, 236 indígenas, sendo 44 mulheres. Na ocasião, o movimento fortaleceu-se junto ao público por meio da hashtag #parentevotanoparente.

Em 2022, a Campanha Indígena apresenta à sociedade, pela primeira vez, o conjunto de candidatos apoiados pelo movimento indígena, indicados a partir das organizações de base que integram a Apib. 

Nesse contexto, são 30 candidaturas indígenas que representam 31 povos diferentes de todas as regiões do País, sendo 12 postulantes ao cargo de deputado federal e 18 ao cargo de deputado estadual. A maioria são mulheres, em ambas categorias. 

As candidaturas foram articuladas e indicadas pelas sete instituições indígenas que integram a APIB: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Conselho do Povo Terena, Grande Assembléia do povo Guarani (ATY Guasu), Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin Sudeste)e Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin Sul).   

Aldear a Política

O significado histórico do aumento de candidatas indígenas reflete o engajamento e a participação delas no movimento indígena. Para Braulina Baniwa, essa realidade é presenciada de perto: nascida em São Gabriel da Cachoeira, em território do povo, ela é mãe, liderança indígena e voz importante das mulheres de seu povo junto à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN).  Bacharel em Antropologia, está cursando o Mestrado em Antropologia Social na UNB. 

Como ativista do movimento Indígena vem atuando dentro da Articulação das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), que atua na luta pelo direito de voz e fala das mulheres indígenas nos espaços de diálogo, a partir do conceito de “corpo-território” representado pelas mulheres indígenas dos seis biomas encontrados no Brasil.  

A ANMIGA é uma das organizações parceiras da Apib no projeto Campanha Indígena, voltado à divulgação e suporte jurídico a candidatos indicados pelas bases. 

Histórico

Esta é a segunda eleição presidencial com uma mulher indígena na disputa, no cargo de vice. A professora maranhense Raquel Tremembé, líder de sua etnia e integrante da Associação de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, é a candidata a vice-presidente na chapa do PSTU, liderada por outra mulher, Vera Lúcia. 

Em 2018, Sônia Guajajara compôs a chapa do PSOL como vice do então candidato Guilherme Boulos, inaugurando uma fronteira inédita nas eleições presenciais do Brasil. 

As candidaturas de mulheres indígenas foram registradas em 26 dos 27 estados da federação, além do Distrito Federal. Apenas em Goiás e Espírito Santo não foram contabilizadas candidatas indígenas. 

O número de candidaturas indígenas femininas quase triplicou em duas eleições, passando de 29 em 2014 para 85 em 2022, segundo registro do sistema do TSE até o momento.  Naquele ano, elas representavam 0,36% do total de 8.123 candidaturas femininas. Este ano, elas somam 0,86% do total de 9.890 mulheres candidatas. 

Conheça as candidaturas femininas apoiadas pela Campanha Indígena: 

Deputado(a) Federal

||| Coiab

  1. Vanessa Xerente | TO | Foto
  2. Joenia Wapichana | RR | Foto
  3. Maial Kaiapó | PA | Foto
  4. Vanda Witoto | AM | Foto

||| Apoinme

  1. Célia Xakriabá | MG | Foto

 

||| CGY e Arpinsul

  1. Kerexu Yxapyry | SC | Foto

 

||| Arpinsudeste

  1. Sonia Guajajara | SP | fotos 

 

||| Aty Guasu

(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

 

||| Conselho Terena

(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

 

Deputado(a) Estadual

||| Coiab

  1. Maria Leonice Tupari | RO | Foto
  2. Eliane Xunakalo | MT | Foto
  3. Simone Karipuna | AP | Foto
  4. Professora Edite | RR | Foto
  5. Coletivo Guarnicê | Com Rosilene Guajajara | MA | Foto

||| Apoinme

  1. Juliana Jenipapo Kanindé (Cacica Irê) | CE | Foto

7 Coletivo Indígena de Pernambuco | PE | Foto

 

||| CGY

(SEM CANDIDATURAS PARA ESTADUAL)

 

||| Arpinsul

(SEM CANDIDATURAS FEMININA)

 

||| Arpinsudeste

  1. Chirley Pankará | SP | Foto 
  2. Coletivo ReExistência | SP | Foto

 

||| Conselho Terena

  1. Val Eloy | MS | Foto

 

||| Aty Guasu

 (SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)