“Nós temos certeza absoluta que tudo é ligado à invasão das terras dos Uru-Eu-Wau-Wau, que tudo é ligado a falta de proteção do território, a falta de proteção aos povos indígenas”, exclamou a fundadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Ivaneide Bandeira.

O suspeito de matar Ari Uru-Eu-Wau-Wau irá a julgamento por homicídio, no entanto, conclusão da Polícia Federal afirma apenas que “o suspeito estaria incomodado com a presença de Ari na região”.

O caso vai para o Tribunal do Júri em Rondônia na próxima segunda-feira, dia 15/04. Para a liderança indígena Ivaneide, a conclusão da investigação é “revoltante”, “lamentável” e vai contra o que os povos indígenas acreditam.

O povo Uru-Eu-Wau-Wau, também conhecido como “Jupaú”, em tradução livre do idioma originário, são “os que usam jenipapo”. Eles cuidam da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, a maior do estado de Rondônia. Ela abriga cerca de nove povos indígenas, a maioria são isolados (aqueles que optaram por viver sem contato com a sociedade em geral).

O corpo de Ari Uru-Eu-Wau-Wau, 33 anos, foi encontrado com sinais de espancamento próximo a uma das entradas da Terra Indígena. Ele era professor e muito conhecido no estado por trabalhar registrando e denunciando extrações ilegais de madeira dentro de sua terra.

Inicialmente, as investigações apontaram indícios de que o crime tinha ligação com o trabalho de Ari em denunciar o desmatamento e a venda ilegal de madeira em seu território, mas não foi o que a PF registrou, ocultando a motivação levantada pelos indígenas.

Exigimos justiça, a condenação do executor é apenas o primeiro passo. A TI precisa de uma desintrusão, que garanta a proteção à vida e ao território contra madeireiros e grileiros.