O Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena é resultado da Assembleia Nacional de Resistência Indígena, realizada nos dias 8 e 9 de maio, que reuniu lideranças e especialistas de diversas áreas para articular estratégias de contenção dos danos causados pela Covid-19 sobre os povos indígenas.

Na semana em que o Brasil registrou mais de 160 mil casos de infecção e 10 mil óbitos em decorrência do novo coronavírus, organizações indígenas articularam um encontro para realizar um diagnóstico das realidades locais e organizar estratégias para minimizar o impacto da pandemia entre os povos originários. Uma das medidas para acompanhamento da disseminação do coronavírus foi a criação do Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena.
O principal impasse entre organizações indígenas e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, é a notificação dos casos de contaminação e óbitos. De acordo com as lideranças, o impacto da Covid-19 nas comunidades é muito maior do que o registrado pela Sesai, isto se deve ao critério de localização do paciente utilizado pelo órgão para confirmar os casos – apenas entram na conta da Secretaria os casos de indígenas aldeados, excluindo os que vivem em contexto urbano.

Por isso, a necessidade de estruturar o acompanhamento dos casos de Covid-19 junto a organizações de base e instituições parceiras do movimento indígena. Para comparar, os dados levantados pelo Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena e os dados registrados pela Sesai:
ÓBITOS

registrados pela Sesai: 19
registrados pelo Comitê: 78

CASOS DE INDÍGENAS INFECTADOS:

registrados pela Sesai: 258
registrados pelo Comitê: 371

* atualizado dia 12/05/2020

“Não são apenas números, são pessoas, são memórias e histórias dos povos Apurinã, Atikum, Baniwa, Baré, Borari, Fulni-ô, Dessana, Galiby Kalinã, Guarani, Hixkaryana, Huni Kuin, Jenipapo Kanidé, Kariri Xocó, Kaingang, Karipuna, Kokama, Macuxi, Mura, Munduruku, Pandareo Zoro, Pankararu, Palikur, Pitaguary, Pipipã, Sateré Maué, Tabajara, Tariano, Tembé, Tikuna, Tukano, Tupinambá, Tupiniquim, Warao e Yanomami. Todos afetados pela pandemia.”, evidencia um trecho da carta final da Assembleia.

A saída de indígenas das suas comunidades para acessar o direito ao Auxílio Emergencial é uma das situações que tem preocupado as lideranças – seja para acessar a Internet para fazer e acompanhar a solicitação do benefício ou para ir a uma agência bancária para recebê-lo. De modo que a contaminação tende a subir, uma vez que o risco ao qual têm que se expor para ter seu direito garantido evidencia a falta de consideração do contexto de comunidades tradicionais na elaboração do projeto de distribuição de renda emergencial.

Os dados oficiais não alcançam a realidade indígena de mais de 34 povos já impactados pela doença. Assim, aproveitando o encontro promovido pela Assembleia Nacional da Resistência Indígena, a Apib reuniu um grupo de lideranças, pesquisadores, comunicadores e ativistas para identificar, verificar e registrar os casos de contaminação e óbitos de Covid-19 entre indígenas, independente do local onde residem. Estatísticas, povos atingidos e outras informações são publicadas semanalmente no boletim elaborado pela coalizão Quarentena Indígena.

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Para acessar boletins, campanhas e outros conteúdos relacionados à epidemia de Covid-19 entre os povos indigenas brasileiros, acesse: http://quarentenaindigena.info/

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