Povo Maxakali faz retomada em Teófilo Otoni (MG) para construir sua Aldeia Escola Floresta – Yãy Hã Mĩy. A terra pública do Estado de Minas estava cedida para construção de um campus do Instituto Federal do Norte de Minas, mas seguia abandonada. A retomada está ligada a uma luta por acesso à água e às condições de sobrevivência da forma de vida do povo.


Quem são os Tikmũ’ũn

Os povos Tikmũ’ũn, conhecidos como Maxakali são tradicionais ocupantes da Mata Altântica. Falam a língua Maxakali, uma língua muito rica e complexa que sobreviveu à grande pressão cultural e linguística que sofreram os povos destas regiões do Brasil. Através dos seus cantos, guardam toda a sabedoria de grandes conhecedores da biodiversidade da Mata. Formam hoje uma população de quase 3 mil pessoas, vivendo em aldeias em Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni. Os Tikmũ’ũn sobreviveram a vários massacres, expulsões e desafios, e seguem resistindo às dificuldades de se concentrarem em territórios reduzidos e degradados, sem acesso a água limpa. Hoje, a cultura Maxakali vem recebendo reconhecimento em todo o mundo, através do cinema, das fotografias e das artes plásticas, sendo exibidos em festivais e galerias internacionais.

Indígenas Maxakali caminhando para a nova terra.

A retomada

Na madrugada do dia 28 de setembro de 2021 uma comunidade de quase 400 pessoas chegou numa região conhecida como Itamunheque, fizeram uma retomada em uma terra onde projeta construir a sonhada ALDEIA ESCOLA FLORESTA. Trata-se de um projeto de reflorestamento, agroecologia, paz e prosperidade, onde querem, com os ensinamentos e a força de sua espiritualidade – os Yãmĩyxop – reencontrar o equilíbrio de suas vidas com as águas, os animais e a floresta. Desde o início da pandemia, esta comunidade deixou a Aldeia Verde em Ladainha em busca de um território onde suas crianças pudessem ter acesso a um rio, onde pudessem renovar seus rituais, plantar e construir suas escolas. Passaram por uma terra que se encontrava a cerca de 4 km da Usina Engenheiro Wenefredo Portela que apresentava problemas estruturais ocasionando riscos de rompimento. Em seguida, ludibriados por estelionatários, se instalaram em uma fazenda próxima do Distrito de Concórdia, que denominaram Aldeia Hãm Kaĩm. Desde então, as lideranças da aldeia vêm falando sobre suas lutas em todos os espaços: na Bienal de Arte em SP, nos festivais, nas mesas-redondas, nas universidades. A luta desta comunidade é a luta de todo o povo Tikmũ’ũn que deveria receber do estado brasileiro e de todos os cidadãos um grande reconhecimento e é a luta de todos aqueles que acreditam na necessidade de vivermos em um planeta biodiverso, com o frescor das matas e a riqueza das águas limpas. É a luta pela autonomia dos povos. É a luta daqueles que acreditam que é possível produzir sem derrubar matas e destruir mais vidas.

Lideranças Maxakali e militantes do MST juntos em uma reunião antes da retomada em Teófilo Otoni.

Aliança indígena e campesina

Nos últimos dias, sob a liderança de Isael e Sueli Maxakali, a comunidade Tikmũ’ũn visitou um Assentamento Mãe Esperança do MST, que são vizinhos da nova terra, para dialogar sobre a necessidade da luta pela terra e aliança para que exista prosperidade e paz entre a gente que é vítima dos latifúndios. As lideranças do MST local apoiaram a retomada e vemos aqui a semente de aliança indígena e campesina que nossos ancestrais lançaram ao chão.

Desafios e solidariedade

O principal desafio da comunidade agora é assegurar a água para a comunidade. O rio está poluído e há poucos acessos à água potável. Será preciso também de alimentos pois começarão agora o plantio para terem autonomia desde a terra. Assim convocamos a solidariedade de quem apoia a luta por terra e território, quem defendo os direitos dos povos originários, para que ajude através de doação de comida e água se estiverem na região de Teófilo Otoni ou de recursos para quem estiver longe.

Viva a Aldeia Escola Floresta, vivam os Tikmũ’ũn!


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Isael Maxakali
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