Na manhã do dia 29 de setembro, a Aldeia Renascer Ywyty Guaçu, localizada em Ubatuba, foi surpreendida pela presença de cerca de 15 pessoas, que portavam motosserras, marretas e geradores, no Pico do Corcovado, área de preservação ambiental que delimita o território indígena.

Uma das lideranças da terra indígena Renascer, conta que, por volta das 7h da manhã, um helicóptero foi avistado sobrevoando o Pico. Inicialmente, ele e os demais moradores pensaram se tratar de um resgate, mas ao notarem o percurso repetitivo de idas e voltas da aeronave, que aparentemente descarregava materiais, resolveram ir até o local, onde encontraram as pessoas, os equipamentos e áreas desmatadas.

De acordo com a liderança, os trabalhadores estavam acampados na área e foram questionados sobre os responsáveis pela intervenção, não havendo resposta. Após o ocorrido, jornais locais de Ubatuba afirmaram que “pesquisadores” foram mantidos em cárcere privado pelos indígenas da T.I Renascer, o que, segundo o Cacique, não aconteceu. 

“Nós estávamos sim de arco e flecha, usando nossa pintura, mas fiscalizando o que é nosso. Em nenhum momento ameaçamos ou fizemos alguém de refém, apenas perguntamos sobre quem havia dado autorização”, comentou.

De acordo com Rodrigo Levkovicz, diretor executivo da Fundação Florestal, as obras se tratam de uma “intervenção pontual para a segurança de acesso à área de preservação”.

Uma segunda liderança da T.I Aldeia Renascer comentou que o cenário político e as ameaças sofridas aos direitos dos povos indígenas, geram um constante estado de alerta. “Nesse momento, nós estamos sendo atacados de várias formas. A gente fica em alerta sobre tudo o que acontece. Imagina ser acordado por um helicóptero sobrevoando sua casa, sem aviso?”, questionou.

Segundo o Cacique, a falta de diálogo ou inclusão da comunidade indígena pela associação Coaquira, a qual administra o acesso ao Pico, é comum. “A administração acontece sem a participação indígena, mesmo existindo a proposta de trabalhar com os povos tradicionais, que é o povo conhecedor da mata”.