Carta de Acolhimento 

Em Solidariedade ao ataque sofrido pelas ANMIGAS Lideranças

Nós, as indígenas mulheres que compomos a rede de Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), nos manifestamos em solidariedade a três lideranças indígenas mulheres, que são vistas por homens não indígenas apenas como um objeto, mas para nós, é um corpo território com muitas vozes de outras mulheres. Não deixaremos que as nossas companheiras indígenas mulheres que demarcaram a  COP26 e ecoaram nossas vozes,  enfrentem o racismo de gênero sozinhas e, portanto, nós repudiamos os ataques sofridos pelas nossas companheiras nesse cenário misógino e que nos ataca por sermos mulheres.

Entendemos que os ataques direcionados a elas são um manifesto de violências.Além da violência de gênero e racial que sofrem em razão de suas lutas, vozes indígenas incomodam. Aqueles que não nos enxergam como indígenas mulheres capazes, esses querem nos silenciar por sermos indígenas e mulheres. 

Porém caminhando junto às nossas ancestrais  estamos aqui para dizer: Quando atacam uma de nós, todas sofremos essa violência, pois as nossas conexões são ancestrais, vivas e enraizadas.

As três companheiras de vozes, fala e luta são mulheres que desde cedo defendem seus territórios, contra qualquer tipo de  invasão e formam lideranças através de suas vozes. São inspiração para a nova geração de líderes femininas no Brasil e são referência de seres humanos por  serem líderes  mulheres, ativas e de uma história singular.

Para elas, dizemos que estamos juntas! Acolhemos e defendemos elas, com suas vozes é a vozes ancestrais que ecoam além de seus territórios. Quando elas falam nos espaços, elas estão falando por nós que somos mais de  448 mil Mulheres Indígenas no Brasil e não permitiremos o ataque  a nossas companheiras que se movimentam com seu corpo território entre os espaços políticos em defesa dos nossos direitos hoje e amanhã. Seus espíritos e suas vozes têm defendido os direitos dos povos Indígenas do Brasil para não permitir que o conservadorismo, o machismo, o racismo, nem mesmo a boiada passe por cima de nenhuma de nós .

Somos todas Alessandra Munduruku, Txai Suruí e Glicéria Tupinambá!

Das Indígenas Mulheres do Brasil da REDE ANMIGA