Pautas dos povos indígenas que vivem nas regiões Sul e Sudeste do Brasil são apresentadas na conferência por liderança da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY)

A luta do povo indígena Guarani em defesa das florestas e da vida na Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do planeta, chega esta semana à 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, no Egito.

Essa, que é a segunda maior população indígena no Brasil, será representada na cúpula pela liderança Juliana Kerexu, da aldeia Takuaty (PR), para apresentar uma perspectiva indígena sobre os impactos das mudanças climáticas em seus territórios e à floresta tropical, de que são guardiões nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

A agenda da CGY na conferência do clima é articulada com a delegação de outros povos indígenas e organizações da sociedade civil brasileira e prevê a participação em painéis com cientistas e circuitos de conversas, além da apresentação de uma carta com um panorama da devastação e das ameaças causadas pelo agronegócio e mega empreendimentos de infraestrutura, e das contribuições das práticas tradicionais indígenas para a preservação e promoção da biodiversidade. Entre as atividades, destacam-se participação nas seguintes sessões:

7/11 – UK for Indigenous Leadership & Implementing the Glasgow Climate Pact

7/11 – Lançamento do The World Leaders Summit Forest and Climate Leaders Partnership event

8/11 – Quem deveria pagar pela mudança climática?

8/11 – Racismo Energético e Ambiental – Soluções a partir da Transição Energética Justa, Popular e Inclusiva

9.11 – Encontro com o Grupo Jovens para a Natureza Y4N

9.11 – Transição governamental e política socioambiental brasileira

14/11 – The knowledge policy disconnect: Using LEK to inform climate science

Terras guarani pelo clima

Com uma população total de 85 mil pessoas no Brasil, os povos Guarani habitam atualmente 215 Terras Indígenas – territórios de fundamental importância ambiental e climática e cujo reconhecimento oficial contribui para a mitigação das mudanças climáticas.

Segundo dados do Mapa Guarani Digital, embora somente 132 terras guarani tenham seus limites reconhecidos, praticamente todas elas mantêm a floresta em pé: dos 603 mil ha de TIs delimitadas, 278 mil ha estão cobertos de vegetação nativa da Mata Atlântica ou transição Cerrado-Mata Atlântica.

As florestas protegidas pelos Guarani em suas TIs representam também um importante estoque de carbono: estima-se que essas terras preservam um estoque de 21,9 milhões de toneladas de carbono florestal e evitem a emissão de 80,6 milhões de toneladas de gás carbônico.

Saiba mais

Sobre a Comissão Guarani Yvyrupa

Organização do povo Guarani que atua na defesa dos direitos territoriais das comunidades que vivem nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, predominantemente no bioma Mata Atlântica. | Web: nhande.yvyrupa.org.br

Sobre Juliana Kerexu

Juliana Kerexu é liderança Mbya Guarani, coordenadora tenondé da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) e vive na aldeia Takuaty,  na TI Ilha da Cotinga (PR), na região da costa sul brasileira. Em sua trajetória, foi guiada por sonhos que a fizeram liderar uma caminhada junto com sua família para formar uma aldeia, a qual é cacica. É uma das principais lideranças femininas de seu povo, mobilizando diversas mulheres nos encontros nacionais das mulheres guarani e expressando a  importância da participação política das mulheres na liderança de suas comunidades. É artesã, professora e sua principal luta tem sido em defesa da Mata Atlântica e no combate aos grandes empreendimentos que tentam se instalar sobre seu território.

*Por Assessoria da CGY