foto: Ramon Vellasco

 

Entre as atividades previstas está a posse Ancestral da Bancada do Cocar no Congresso Nacional, representada por Célia Xakriabá e Sonia Guajajara, que serão recebidas pelas mulheres indígenas no encontro.

 

Mais de 150 mulheres e lideranças indígenas dos seis biomas do Brasil são esperadas para a Pré-Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília-DF. O Evento é organizado pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), que acontece entre os dias 29 de janeiro a 01 de fevereiro.

A Pré-Marcha, que possui o tema “Vozes da Ancestralidade dos seis biomas do Brasil”, é a etapa preparatória para a construção da agenda e planejamento da III Marcha das Mulheres Indígenas, março das originárias e ATL 2023. Não haverá marcha, Brasília também está sob decreto de Intervenção Federal, devido aos atos antidemocráticos ocorridos em janeiro de 2023, o que limita ações e grandes atos públicos.

O encontro foi pensado para o fortalecimento da luta e o protagonismo das mulheres indígenas na defesa dos seus direitos. A representatividade nos espaços institucionais e o debate sobre as incidências no Ministério dos Povos Indígenas, no Congresso Nacional, na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e na Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), fazem parte da programação para buscar a visibilidade das pautas específicas das mulheres.

Tema permanente de mobilização do movimento indígena, a defesa do território e a demarcação das terras, é ponto de destaque entre as pautas abordadas durante os quatro dias de evento. 

Programação

As atividades de planejamento serão restritas às mulheres indígenas que compõem a organização da ANMIGA. No dia 31, o evento será aberto para o lançamento do caderno da Semana dos Povos Indígenas 2023, que tem como tema “Mulheres: corpos-territórios indígenas em resistência!”. A atividade inicia às 13h30 e é uma ação da ANMIGA em parceria com o  Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN).

O encontro vai realizar também a posse “ancestral” das deputadas eleitas pelo projeto  Bancada do Cocar da Campanha Indígena, Sônia Guajajara (PSOL/SP) e Célia Xakriabá (PSOL/MG). As mulheres vão receber e realizar um ritual de posse, no dia 01 de fevereiro, após a cerimônia que será realizada no Congresso Nacional.

As atividades irão acontecer no Centro de Formação em Política Indigenista da FUNAI, em Sobradinho – DF. Para apoiar a mobilização das mulheres indígenas, a ANMIGA abriu uma campanha de arrecadação coletiva, que pode ser acessada pelo site anmiga.org.

Histórico

Em agosto de 2019, as Mulheres Indígenas realizaram a I Marcha das Originárias, com o tema: “Território Nosso Corpo, Nosso Espírito”. Estiveram presentes mais de 2 mil mulheres, durante os dias 10 a 14 de agosto em Brasília. Com intuito de enraizar e empoderar o protagonismo das mulheres indígenas, as guerreiras não pararam suas articulações e mobilizações.

Em março de 2021, as mulheres indígenas deram seguimento ao movimento de maneira virtual devido a pandemia da Covid-19. Foi realizado o “Março das Originárias”, onde reuniu mais de 200 mulheres para discutir e debater suas ações dentro e fora dos territórios. A  partir desse encontro o movimento das mulheres se consolidou e ganhou o nome de ANMIGA – Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade. 

Em abril de 2021 aconteceu o 2º ATL online, onde as mulheres indígenas marcaram presença, assim como nas mobilizações do mês de junho, com o “Levante Pela Terra”, seguido pelo “Luta Pela Vida”, em agosto, ambos realizados, em Brasília. 

A II Marcha das Mulheres Indígenas aconteceu entre os dias 7 e 11 de setembro de 2021 com o Tema: “Mulheres Originárias: Reflorestando Mentes Para a Cura da Terra”. Com uma mobilização histórica, mais de 5 mil indígenas de 172 povos de todos os territórios do país se fizeram presentes durante o encontro. 

Em 2022, o “Março das Originárias” foi realizado um encontro virtual de fortalecimento do primeiro ano de existência da ANMIGA enquanto Articulação Nacional de Mulheres Indígenas. 

As mulheres indígenas ocuparam e demarcaram, em abril de 2022, o 18º Acampamento Terra Livre (ATL), com a primeira Assembleia das Mulheres Indígenas. A atividade teve um dia de programação voltado para as mulheres, com pautas sobre a violência de gênero dentro e fora dos territórios, silenciamento enquanto corpo território sagrado e o protagonismo das mulheres dentro das mobilizações.

A ANMIGA realizou durante os meses de maio a novembro de 2022, a Caravana Originárias da Terra. Foram realizadas atividades em 27 territórios brasileiros mobilizando as Mulheres Indígenas para debater a importância dos biomas e territórios do Brasil. A proposta da Caravana foi de promover o entendimento do papel e da autonomia das mulheres para a ocupação nos espaços de poder e tomada de decisão.

No período eleitoral a ANMIGA consolidou o seu apoio e fortalecimento com as mulheres que dispuseram seus nomes para pleitear cargos políticos estaduais e federais. A eleição de duas candidatas da Bancada do Cocar à Câmara Federal marca um novo momento da política nacional com maior representatividade e possibilidade de construir novos marcos para a formulação das políticas indígenas. Célia Xakriabá foi eleita por Minas Gerais com 101.154 votos e Sônia Guajajara por São Paulo, com 156.966 votos. Ambas são as primeiras indígenas a representar os respectivos estados em Brasília.