foto Valentina Ricardo / Greenpeace

Três Yanomami foram assassinados por garimpeiros dentro da Terra Indigena, em Roraima. Uma morte aconteceu na região de Hamoxi dentro de uma área invadida pelo garimpo e as outras duas na região de Parima, na pista de pouso ilegal do garimpo de Xiriana. Os assassinatos foram denunciados pela associação Yanomami Urihi, pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), neste domingo (5). A morte de uma criança de um ano, por desnutrição, também foi confirmada na comunidade Haxiu. O local não recebia assistência à saúde há mais de um ano.

As violências ocorrem no mesmo período que garimpeiros começam a deixar a TI, após o início das operações para encerrar as atividades ilegais. O espaço aéreo está sendo vigiado pela Aeronáutica e as denúncias são de que as pessoas percorrem caminhos pelas mata e rios. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou em rede social nesta segunda-feira (6) que determinou reforço das forças de segurança federais que atuam em Roraima para retirar garimpeiros ilegais.

Neste sábado (4), a Apib, representada pelos coordenadores executivos Kleber Karipuna (pela Coiab) e Dinamam Tuxá (pela Apoinme), iniciou uma série de agendas em Roraima, em conjunto com o Ministério dos Povos Indígenas, com a participação da ministra Sonia Guajajara e com funcionários da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) .

“Estamos aqui para cobrar e acompanhar a implementação de medidas urgentes que possam garantir a vida dos indígenas que vivem na TI Yanomami. Viemos com a comitiva do Ministério dos Povos Indígenas, pois sabemos que a situação é delicada e a Apib, Coiab, CIR e as organizações indígenas de Roraima denunciam há anos essa situação. Neste momento os corpos de três indígenas assassinados estão com os garimpeiros e alertamos, que os conflitos podem aumentar durante esse processo de saída das pessoas que estavam invadindo a Terra Indigena”, reforçou Kleber Karipuna.

A invasão do garimpo ilegal em Terra Indígena (TI) Yanomami foi denunciada pelo menos 21 vezes à justiça, com medidas feitas pela Apib, Coiab e outras organizações indígenas. O governo Bolsonaro se negou a seguir as determinações da justiça para tomar medidas urgentes sobre o garimpo ilegal na TI, que se localiza em Roraima.

A ministra Sonia Guajajara ressaltou sobre a saída dos garimpeiros da área. Uma das preocupações do governo federal é de que essa retirada não signifique invasão posterior de outras áreas, como ocorreu há 30 anos. Segundo Sonia, o MPI segue acompanhando as ações emergenciais e certificando que todas as aldeias estão recebendo o devido atendimento e tratamento em meio a esta crise humanitária e que o reforço na segurança dos indígenas aconteça.

A região onde os assassinatos ocorreram existe forte presença de garimpeiros e é uma rota que vem sendo usada pelos invasores para chegar ao território. As organizações indígenas denunciam que existem mais de 20 mil invasores na TI Yanomami.