Pré-Marcha: Lideranças promovem encontro, em Brasília, para organizar principal mobilização das mulheres indígenas do Brasil

Pré-Marcha: Lideranças promovem encontro, em Brasília, para organizar principal mobilização das mulheres indígenas do Brasil

foto: Ramon Vellasco

 

Entre as atividades previstas está a posse Ancestral da Bancada do Cocar no Congresso Nacional, representada por Célia Xakriabá e Sonia Guajajara, que serão recebidas pelas mulheres indígenas no encontro.

 

Mais de 150 mulheres e lideranças indígenas dos seis biomas do Brasil são esperadas para a Pré-Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília-DF. O Evento é organizado pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), que acontece entre os dias 29 de janeiro a 01 de fevereiro.

A Pré-Marcha, que possui o tema “Vozes da Ancestralidade dos seis biomas do Brasil”, é a etapa preparatória para a construção da agenda e planejamento da III Marcha das Mulheres Indígenas, março das originárias e ATL 2023. Não haverá marcha, Brasília também está sob decreto de Intervenção Federal, devido aos atos antidemocráticos ocorridos em janeiro de 2023, o que limita ações e grandes atos públicos.

O encontro foi pensado para o fortalecimento da luta e o protagonismo das mulheres indígenas na defesa dos seus direitos. A representatividade nos espaços institucionais e o debate sobre as incidências no Ministério dos Povos Indígenas, no Congresso Nacional, na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e na Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), fazem parte da programação para buscar a visibilidade das pautas específicas das mulheres.

Tema permanente de mobilização do movimento indígena, a defesa do território e a demarcação das terras, é ponto de destaque entre as pautas abordadas durante os quatro dias de evento. 

Programação

As atividades de planejamento serão restritas às mulheres indígenas que compõem a organização da ANMIGA. No dia 31, o evento será aberto para o lançamento do caderno da Semana dos Povos Indígenas 2023, que tem como tema “Mulheres: corpos-territórios indígenas em resistência!”. A atividade inicia às 13h30 e é uma ação da ANMIGA em parceria com o  Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN).

O encontro vai realizar também a posse “ancestral” das deputadas eleitas pelo projeto  Bancada do Cocar da Campanha Indígena, Sônia Guajajara (PSOL/SP) e Célia Xakriabá (PSOL/MG). As mulheres vão receber e realizar um ritual de posse, no dia 01 de fevereiro, após a cerimônia que será realizada no Congresso Nacional.

As atividades irão acontecer no Centro de Formação em Política Indigenista da FUNAI, em Sobradinho – DF. Para apoiar a mobilização das mulheres indígenas, a ANMIGA abriu uma campanha de arrecadação coletiva, que pode ser acessada pelo site anmiga.org.

Histórico

Em agosto de 2019, as Mulheres Indígenas realizaram a I Marcha das Originárias, com o tema: “Território Nosso Corpo, Nosso Espírito”. Estiveram presentes mais de 2 mil mulheres, durante os dias 10 a 14 de agosto em Brasília. Com intuito de enraizar e empoderar o protagonismo das mulheres indígenas, as guerreiras não pararam suas articulações e mobilizações.

Em março de 2021, as mulheres indígenas deram seguimento ao movimento de maneira virtual devido a pandemia da Covid-19. Foi realizado o “Março das Originárias”, onde reuniu mais de 200 mulheres para discutir e debater suas ações dentro e fora dos territórios. A  partir desse encontro o movimento das mulheres se consolidou e ganhou o nome de ANMIGA – Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade. 

Em abril de 2021 aconteceu o 2º ATL online, onde as mulheres indígenas marcaram presença, assim como nas mobilizações do mês de junho, com o “Levante Pela Terra”, seguido pelo “Luta Pela Vida”, em agosto, ambos realizados, em Brasília. 

A II Marcha das Mulheres Indígenas aconteceu entre os dias 7 e 11 de setembro de 2021 com o Tema: “Mulheres Originárias: Reflorestando Mentes Para a Cura da Terra”. Com uma mobilização histórica, mais de 5 mil indígenas de 172 povos de todos os territórios do país se fizeram presentes durante o encontro. 

Em 2022, o “Março das Originárias” foi realizado um encontro virtual de fortalecimento do primeiro ano de existência da ANMIGA enquanto Articulação Nacional de Mulheres Indígenas. 

As mulheres indígenas ocuparam e demarcaram, em abril de 2022, o 18º Acampamento Terra Livre (ATL), com a primeira Assembleia das Mulheres Indígenas. A atividade teve um dia de programação voltado para as mulheres, com pautas sobre a violência de gênero dentro e fora dos territórios, silenciamento enquanto corpo território sagrado e o protagonismo das mulheres dentro das mobilizações.

A ANMIGA realizou durante os meses de maio a novembro de 2022, a Caravana Originárias da Terra. Foram realizadas atividades em 27 territórios brasileiros mobilizando as Mulheres Indígenas para debater a importância dos biomas e territórios do Brasil. A proposta da Caravana foi de promover o entendimento do papel e da autonomia das mulheres para a ocupação nos espaços de poder e tomada de decisão.

No período eleitoral a ANMIGA consolidou o seu apoio e fortalecimento com as mulheres que dispuseram seus nomes para pleitear cargos políticos estaduais e federais. A eleição de duas candidatas da Bancada do Cocar à Câmara Federal marca um novo momento da política nacional com maior representatividade e possibilidade de construir novos marcos para a formulação das políticas indígenas. Célia Xakriabá foi eleita por Minas Gerais com 101.154 votos e Sônia Guajajara por São Paulo, com 156.966 votos. Ambas são as primeiras indígenas a representar os respectivos estados em Brasília.   

Em mobilização permanente, mulheres indígenas realizam marcha amanhã (10)

Em mobilização permanente, mulheres indígenas realizam marcha amanhã (10)

Foto: Raissa Azeredo

Organização da II Marcha Nacional das Mulheres Indígenas convoca imprensa para pronunciamento oficial da mobilização, em Brasília, hoje (9) às 17h 

Por Assessoria de Comunicação da Anmiga

A organização da II Marcha Nacional das Mulheres Indígenas definiu acompanhar o julgamento do marco temporal e realizar, nesta sexta-feira (10), a Marcha que estava prevista para a manhã de hoje, 9 de setembro, na programação do acampamento montado no espaço da Funarte, em Brasília. 

As mulheres indígenas estão na linha de frente para enterrar a tese do marco temporal e apoiar as ministras e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na votação que está em curso desde o dia 26 de agosto e irá definir o futuro de todas as demarcações de terras indígenas no Brasil. 

Pela garantia dos territórios, com a força das que as antecederam e na luta para as presentes e futuras gerações, as mais de 5 mil guerreiras da ancestralidade, de 172 povos, seguem acompanhando o julgamento de um telão montado na tenda principal do acampamento da Marcha. 

A sessão está prevista para esta quinta-feira, 9, às 14h, com a leitura do voto dos ministros e ministras da Suprema Corte. Iniciando com o voto do ministro Fachin, que agora deve apresentar a parte mais central de sua posição sobre o tema das demarcações de terras indígenas.

Na sequência, votam os outros ministros, do mais novo na casa, ministro Kassio Nunes, até o mais velho, o decano do STF, ministro Gilmar Mendes. Também há a possibilidade de um pedido de vistas por parte de algum ministro, o que resultaria na interrupção e no adiamento da votação.

Julgamento sobre marco temporal

Na pauta de discussões há três semanas, o julgamento tem como um dos principais pontos a discussão sobre a inconstitucionalidade da tese do marco temporal. Na prática, a Corte analisa a reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, referente à Terra Indígena Ibirama-Laklãnõ, onde também vivem os povos Guarani e Kaingang. O caso recebeu, em 2019, status de “repercussão geral”, o que significa que a decisão servirá de diretriz para a gestão federal e todas as instâncias da Justiça no que diz respeito aos procedimentos demarcatórios.

Para as mulheres indígenas guerreiras da ancestralidade, a demarcação dos territórios é uma garantia, também, de segurança para os corpos das mulheres, como sustentou Samara Pataxó, assessora jurídica da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). 

“Esse julgamento, com repercussão geral, que, para além de definir uma tese que irá definir o futuro das demarcações de nossas terras, também decidirá sobre o futuro de nossas vidas e da nossa continuidade existencial enquanto povos originários desse país. Pois não há como falar de terras, construir uma tese sobre terras indígenas, sem considerar a vida dos povos indígenas, e não há como falar de vida, sem a proteção dos nossos territórios.”

Pela garantia de seus direitos originários e contra o marco temporal, defendido por ruralistas e outros setores interessados na exploração das terras indígenas, os povos originários têm se mantido em mobilização permanente para acompanhar o julgamento do STF.

A expectativa é que a Corte rejeite a tese do marco temporal e reafirme o caráter originário dos direitos territoriais dos povos indígenas e a tradicionalidade da ocupação como único critério para as demarcações, conforme previsto na Constituição Federal de 1988. Segundo a tese do indigenato, consagrada na Constituição de 1988 e oposta ao marco temporal, o direito dos povos indígenas à demarcação de suas terras é originário, ou seja, anterior à própria formação do Estado brasileiro, e independe de qualquer marco temporal.

Serviços

O quê: Pronunciamento da II Marcha Nacional das Mulheres Indígenas 

Quem: Mulheres indígenas de todos os biomas brasileiros

Organização: Anmiga – Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade

Quando: 9 de setembro, 2021

Horário: 17h, horário de Brasília 

Onde: Em Brasília, no acampamento instalado no espaço da Funarte

Programação: https://anmiga.org/marcha-das-mulheres/  

Segundo dia de ATL – como foi

Segundo dia de ATL – como foi

Novo presidente da FUNAI nunca lidou com a questão indígena

Em menos de dois anos, terceiro presidente da Funai é nomeado pelo ministro da Justiça

O empresário e pregoeiro Wallace Moreira Bastos é o novo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai). Nomeado na manhã desta terça-feira (24) pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, substitui o general Franklimberg Ribeiro de Freitas, que entregou o cargo após pressão da bancada ruralista. Esta é a terceira mudança no comando do órgão indigenista em menos de dois anos.

Leia mais: https://bit.ly/2vEzKEE


ATL reafirma resistência indígena por demarcaçãao e protesta contra criminalização de lideranças

O cenário de retrocessos políticos e as estratégias necessárias para resistir à retirada de direitos foram pauta no segundo dia do Acampamento Terra Livre (ATL) 2018, em Brasília. Nesta terça (24), lideranças indígenas e representantes de organizações de apoio e de movimentos sociais discutiram a conjuntura e suas consequências para os povos indígenas durante a plenária geral.

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Para garantir a demarcação, Povo Muduruku lança o “mapa da vida”

Publicação busca sensibilizar o governo e a sociedade sobre a importância da terra e do rio Tapajós para a sobrevivência do povo

Lutando há mais de três décadas contra a instalação de hidrelétricas no Rio Tapajós, no Pará, o povo Munduruku lançou nesta terça, dia 24, o “ Mapa da Vida – Tapajós e Sawre Muybu: a visão do povo Munduruku sobre seu rio e seu território”. Com a publicação, os Munduruku buscam mostrar ao governo e à sociedade a importância da demarcação de suas terras para a sobrevivência do povo, de sua cultura e dos recursos naturais.

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Participação da política e luta pela terra: mulheres indígenas abrem ATL 2018

Participação da política e luta pela terra: mulheres indígenas abrem ATL 2018

Mulheres indígenas lotaram a tenda principal no primeiro dia do Acampamento Terra Livre (ATL) 2018, na tarde desta segunda-feira (23). Lideranças de diversos povos falaram sobre a importância de sua participação na política, luta pela terra, saúde de qualidade e educação diferenciada. Foram mais de três horas de plenária e dezenas de mulheres se revezaram ao microfone.

Lideranças das diferentes regiões do país deverão encaminhar propostas e reivindicações discutidas na plenária e que deverão ser incluídas no documento final do ATL.

As falas foram duras: exigiram a demarcação imediata das Terras Indígenas e o fim do ataque aos  direitos indígenas. Se os povos indígenas estão entre os mais vulneráveis sob governos que não acolhem às políticas públicas diferenciadas e de garantias constitucionais, é entre as mulheres que os efeitos do problema podem ser piores.

Carolina Rewaptu, cacique da aldeia Madzabzé, da Terra Indígena Marãiwatsédé (MT) – uma das mais desmatadas no Brasil -, frisou a importância das mulheres indígenas ocuparem os espaços de decisão política: “A gente tem que falar na presença dos políticos. Eles querem acabar com a nossa cultura, as nossas religiões, as nossas histórias. A gente tem que falar na presença deles”. É a primeira vez que a cacique vem ao ATL e prometeu levar as discussões para os parentes que ficaram na aldeia.

Muitas mulheres fizeram coro à fala de Carolina Rewaptu. Tal desejo se encarna no atual calendário eleitoral em Sônia Guajajara, pré-candidata à co-presidência pelo PSOL, ao lado de Guilherme Boulos, que frisou:

“Não viemos aqui porque gostamos de ficar dois dias no ônibus, deixando nossos filhos. Ou porque gostamos de tomar chuva e ficar acampados. Viemos para ocupar os espaços. Quem mais sofre com os empreendimentos, com esse modelo econômico predador, somos nós mulheres indígenas. Precisamos estar nos espaços que tomam as decisões”, apontou.

 

Sonia Guajajara durante plenária das mulheres no ATL. Foto: Mobilização Nacional Indígena

A expectativa diante da candidatura de Sônia, no entanto, é um fruto maduro de uma luta da mulher indígena mais antiga. Não é a primeira vez que dona Isabel Xerente vem ao acampamento. Ao pegar o microfone, a liderança aponta para seus cabelos: “Quantas vezes os parentes já me ouviram falar no ATL? Já estou de ‘cabeça’ branca de tanto caminhar e deixar meus filhos e filhas. Lutamos e vamos atrás da nossa floresta, da nossa árvore, do nosso mato, para pisar em cima da terra. Se a gente tivesse com medo, nós não estava aqui”.

O grande número de mulheres presentes surpreendeu Suzana Xokleng, que atua na luta pela garantia dos direitos da mulher indígena desde a década de 1990, sendo ex-presidente da Associação Nacional das Mulheres Indígenas. “Eu vejo muitas mulheres presentes na plenária, acompanhando a política indígena. Antes não era assim”, contou, de mãos dadas com Tuíre Kayapó, outra grande liderança do movimento das mulheres indígenas. “Somos avós e bisavós e estamos aqui. Vamos nos unir, mulheres, para cuidar das nossas terras tradicionais!”, disse Suzana.

O ATL 2018 acontece vai até a próxima sexta, 27/4, no Memorial dos Povos Indígenas, na Praça do Buriti, em Brasília. Ele é a 15ª edição do ATL

Primeiro dia de ATL – Como foi

Primeiro dia de ATL – Como foi

Audiência na Comissão de Direitos Humanos do Senado no primeiro dia de ATL

A primeira atividade pública do Acampamento Terra Livre (ATL) 2018 ocorreu na manhã desta segunda-feira (23). Enquanto, no Memorial dos Povos Indígenas, delegações vindas de todo o Brasil instalavam suas tendas e barracas, na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado ocorria uma audiência pública com o tema “Aliança dos Povos Indígenas, fortalecendo a autonomia”.

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Plenária de abertura do Acampamento Terra Livre 2018 reúne quase três mil indígenas por Demarcação Já!

Mais de 100 povos de todo o país iniciaram uma semana de lutas, discussões e reivindicações

“A luta é o legado que nós povos indígenas deixamos para os nossos filhos”, destacou Kretã Kaingang na Plenária de Abertura do 15º Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília. Organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o ATL reúne há 15 anos delegações de povos indígenas vindos de todas as regiões do país. Perto de 3 mil indígenas se credenciaram no evento até o final da tarde desta segunda-feira (23).

Leia mais: https://bit.ly/2vGSBid

 

Começa o Acampamento Terra Livre 2018 em Brasília

Começa o Acampamento Terra Livre 2018 em Brasília

Conteúdo publicado originalmente na Mobilização Nacional Indígena 

Começou hoje, segunda-feira (23), em Brasília, o 15º Acampamento Terra Livre (ATL). Organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o ATL reúne todos os anos delegações de mais de 100 povos vindos de todas as regiões do país. A estimativa de participantes foi atualizada há pouco: são esperados cerca de três mil indígenas.

Após firmar um acordo sobre o local do acampamento, previsto para a Praça dos Ipês, próxima ao Teatro Nacional, o Governo do Distrito Federal mudou de ideia, de última hora, e determinou que o acampamento fosse instalado no Memorial dos Povos Indígenas.

Em 2018, com o tema “Unificar as lutas em defesa do Brasil Indígena – Pela garantia dos direitos originários dos nossos povos”,  o ATL ocorre em um contexto visto pelo movimento indígena nacional como o maior ataque aos direitos indígenas desde a promulgação da Constituição Federal em 1988.

Membro da coordenação da Apib, Dinamã Tuxá aponta como um dos principais ataques impostos pelo atual governo aos direitos indígenas o Parecer 001/20017 da Advocacia-Geral da União (AGU), que aplica às demarcações, entre outros pontos, a tese do Marco Temporal, pela qual os povos indígenas só teriam direito às terras ocupadas em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição.

foto: Mobilização Nacional Indígena

“O Acampamento demonstra nosso sentimento para reverter todos esses ataques do atual governo. Há um descontentamento geral com a paralisação dos processos de demarcação, com o aumento da violência nas Terras Indígenas, com o aumento do desmatamento, com o aumento do garimpo. Um cenário que antes era regionalizado e hoje se tornou nacional, o que fortaleceu nossa unidade nas pautas”, explica Dinamã Afer Jurum Tuxá, da coordenação da Apib.

Apesar do acirramento dos ataques aos seus direitos, as lideranças indígenas do ATL esperam conseguir soluções para seus problemas. “Queremos trazer nossas reivindicações apresentando nossa cultura, nossa origem. Junto com os outros povos queremos trazer soluções para os problemas vividos nas aldeias”, diz Kapranpoi Kayapó, da aldeia Kaprankrere, no Pará.

As delegações dos diversos povos estão chegando em Brasília desde o último sábado. Aos poucos, as estruturas de bambu e lona vão tomando o gramado próximo ao Memorial dos Povos Indígenas. Boa parte dos participantes chegam de ônibus após enfrentar muitas horas e até dias de viagem, vindos de todas as regiões do país.

“Faço parte da Comissão Guarani Yvyrupa, do povo Guarani no Sul e Sudeste do Brasil, que está vindo em cinco ônibus para Brasília. Do Rio de Janeiro viemos em 46 pessoas em um ônibus que juntou aldeias de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba. Viajamos um dia inteiro, 24 horas, até chegar em Brasília”, conta Julio Karai Xiju, membro da coordenação da Comissão Guarani Yvyrupa, da aldeia Sapukai, em Angra dos Reis.

Como parte da programação do acampamento, o dia começou com uma audiência pública no Senado Federal que discute a autonomia dos povos indígenas. “Hoje vemos muito forte a falência total da política indigenista, o que a paralisação total das demarcações só vem comprovar. E isso só faz com que nossos territórios venham sofrer com os impactos dos empreendimentos e do agronegócio. Isso tem consequências no nosso modo de viver, na nossa alimentação e nas nossas crianças”, afirmou Nara Baré, também da coordenação da Apib, no evento.

Na parte da tarde, está prevista uma plenária de abertura seguida da plenária de mulheres indígenas. À noite, atividades culturais e a exibição de filmes fecham o primeiro dia do ATL 2018. Para saber mais acompanhe diariamente o blog da Mobilização Nacional Indígena com os principais acontecimentos da 15ª edição do Acampamento Terra Livre.

Convocatória do Acampamento Terra Livre (ATL) 2018

Convocatória do Acampamento Terra Livre (ATL) 2018

Nunca como hoje, nos últimos 30 anos, o Estado brasileiro optou por uma relação completamente adversa aos direitos dos povos indígenas. O governo ilegítimo de Michel Temer assumiu uma política declaradamente anti-indígena pondo fim à demarcação e proteção das terras indígenas, acarretando a invasão dessas terras por empreendimentos governamentais e privados. Impulsionou ainda o desmonte das instituições e políticas públicas voltadas aos povos indígenas e está sendo omisso e conivente com as práticas de discriminação e violência de toda ordem contra os povos e comunidades indígenas até mesmo em territórios já regularizados. Medidas administrativas e jurídicas são adotadas para restringir os direitos indígenas. Destacam-se entre estas, além das distintas reformas (trabalhista, previdenciária, privatização de empresas estatais etc.) que atingem toda a população brasileira, o congelamento do orçamento público por 20 anos, por meio da Emenda Constitucional 95, envolvendo o já reduzido orçamento do órgão indigenista. A Advocacia Geral da União, a serviço do governo golpista, institui o Parecer 001 / 17, que pretende generalizar para todas as terras indígenas as condicionantes definidas pelo Supremo Tribunal Federal exclusivamente para a terra indígena Raposa Serra do Sol e ainda querendo consolidar a tese do marco temporal que remete o reconhecimento do direito territorial indígena à data de promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988.

Convergente com essa política, distintas bancadas anti-indígenas, principalmente as do agronegócio, do fundamentalismo religioso e da mineração, entre outras, se movimentam em torno de dezenas de Projetos de Emenda Constitucional (PECs) como a PEC 215 e Projetos de Lei (PLs) para regredir ou suprimir os direitos indígenas assegurados pela Constituição Federal, com o propósito de legalizar a invasão e usurpação dos territórios indígenas para fins de exploração ilegal dos bens naturais (solos, florestas, recursos hídricos, mineiros, biodiversidade) e a implantação de empreendimentos de infraestrutura (portos, hidrelétricas, estradas, linhas de transmissão) além da expansão das fronteiras agrícolas e da usurpação dos conhecimentos tradicionais. Fazem ainda parte dessa ofensiva do capital e seus comparsas nacionais as práticas de cooptação de lideranças indígenas, a divisão interna de povos e comunidades indígenas, os despejos judiciais e extrajudiciais, a intimidação, perseguição e assassinato de lideranças indígenas.

Por fim, no âmbito do judiciário, preocupa a consolidação e aplicabilidade crescente, principalmente em instâncias inferiores, da tese do marco temporal, a falta de acesso dos povos à justiça e as frequentes reintegrações de posse, em favor de invasores, os despejos extrajudiciais, quando povos indígenas decidem retomar os seus territórios tradicionais.  

CONVOCATÓRIA

Face a esse cenário de barbárie, que atinge não apenas os povos indígenas, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) convoca aos povos e organizações indígenas de todas as regiões do país para a maior mobilização nacional indígena do ano – o Acampamento Terra Livre (ATL) que será realizado em Brasília – DF, no período de 23 a 27 de abril de 2018, com o objetivo de:

Unificar as lutas em defesa do Brasil Indígena – Pela garantia dos direitos originários dos nossos povos“.

O ATL prevê discutir e definir posicionamentos sobre a situação dos direitos fundamentais dos nossos povos no âmbito dos distintos poderes do Estado, principalmente o territorial (demarcação, proteção e sustentabilidade) e sobre as políticas públicas específicas e diferenciadas conquistadas nos últimos anos (saúde, educação, PNGATI, CNPI etc.) bem como sobre o crescente clima de criminalização, violência e racismo institucional contra os nossos povos, comunidades e lideranças indígenas. Isso implicará em nos mobilizarmos e manifestarmos junto aos órgãos e instancias do poder público envolvidos em principio com a proteção e promoção dos direitos dos povos indígenas e a implementação das políticas públicas que nos dizem respeito.

A APIB disponibilizará as condições de logística, infraestrutura e alimentação para acolher as delegações, cabendo portanto às associações, comunidades e organizações indígenas locais e regionais procurarem junto a sua rede de apoiadores e parceiros os meios de transporte para se deslocarem até Brasília. Cada participante não pode esquecer de trazer os seus materiais de uso pessoal (creme dental, sabonete, escova de dentes, prato, copo, talheres, colchonete e agasalhos) e, quem puder, materiais de alojamento (barracas, lonas, cobertores, saco de dormir, redes, mosqueteiros etc.) e contribuição com material de alimentação e higiene não perecível.

As delegações serão recepcionadas a partir da manhã da segunda-feira, 23 de abril, no local do Acampamento a ser informado em outro momento, quando iniciaremos a instalação. As atividades da mobilização acontecerão durante 04 dias intensos, de 23 a 26 de abril, ficando para retornar aos territórios no dia 27.

Recomendamos aos coordenadores das delegações orientarem as lideranças sobre as normas de segurança e a necessidade de se envolverem plenamente nas atividades previstas.

Para outras informações, favor contatar a representação da Apib em Brasília, pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (61) 30345548.

Assessoria de imprensa do ATL: Patrícia Bonilha – (61)  61 99643-8307 / [email protected].

Letícia Leite –  [email protected]

Confira as atividades do 10º dia da tour dos Guardiões da Floresta

Confira as atividades do 10º dia da tour dos Guardiões da Floresta

PRINCIPAIS ATIVIDADES

Os Guardiões Florestais chegaram a Paris, onde se encontraram com o Vice-Presidente da Assembleia Nacional da França e o Vice-Presidente da Comissão de Desenvolvimento Sustentável. Durante esta reunião, os delegados da turnê apresentaram suas expectativas, preocupações e contribuições para a COP23. A delegação então se encontrou com membros da sociedade civil para discutir os impactos das mudanças climáticas em suas comunidades e como eles estão contribuindo para mitigar. No final do dia, representantes da COICA, AMAN, APIB e AMPB se encontraram com Nicolás Hulot, Ministro do Meio Ambiente e Sustentabilidade da França.

Foto: Guardiões da Floresta

 

Foto: Guardiões da Floresta

 

Foto: Guardiões da Floresta

 

DESTAQUES

Durante a reunião com o Vice-Presidente da Assembleia Nacional da França, Jocelyn Therese, delegada da COICA e nacional da Guiana Francesa teve a oportunidade de apresentar e discutir temas urgentes, como a falta de reconhecimento de sua comunidade e a proliferação de projetos de mineração, que ameaçam sua sobrevivência e bem-estar.

A próxima atividade é em Amsterdam

Veja como foram os dias anteriores:

9º dia

8º dia

 

 

Em Londres, lideranças indígenas do Brasil pedem respeito aos direitos da Mãe Terra

Em Londres, lideranças indígenas do Brasil pedem respeito aos direitos da Mãe Terra

“ Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) voltou a pedir que se reconheça e adote os Direitos da Mãe Terra considerando os direitos originários dos povos indígenas. Não é possível existir florestas se não tiver Demarcação Já! ”

Especialistas em clima se reuniram com lideranças indígenas dos países da América Latina e Indonésia em Londres para chamar a atenção para os efeitos das mudanças climáticas e a necessidade de se investir adequadamente respeitando os direitos da Mãe Terra e os povos originários que habitam seus territórios tradicionais. Com o prazo do Acordo de Paris previsto para atingir os objetivos climáticos, os cientistas lançam evidências em Londres que mostra necessidade urgente de proteger florestas; garantir os direitos dos povos indígenas é fundamental para frear o desmatamento.

Conferência de imprensa em Londres (24 de outubro de 2017)

Em uma conferência de imprensa na Royal Society, Londres, lideranças indígenas afirmaram que os investimentos em florestas estão muito aquém do que é necessário para reduzir o desmatamento tropical, citando o primeiro estudo a contar o estado global das finanças florestais. De todos os investimentos comprometidos por países desenvolvidos e instituições multilaterais desde 2010 para reduzir as emissões de mudanças climáticas em todo o mundo, apenas 2% dos US $ 167 bilhões – US $ 3,6 bilhões – foram dedicados a reduzir o desmatamento tropical, de acordo com o novo relatório, sempre para contar o estado global das finanças florestais.

Foto: Guardiões da Floresta

Foto: Guardiões da Floresta

Confira fala de Sonia Guajajara no Royal Society, Londres, representando a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB

“Nós Povos indígenas somos os guardiões dos bosques, das águas, dos mares dos rios e do ar. Se existe floresta em pé hoje ainda é porque ainda existimos. Estamos sendo brutalmente atacados pelas forças e ganância do agronegócio e do modelo de desenvolvimento econômico que foi inventando aqui no Reino Unido. Vocês precisam entender que se não há florestas não há economia que resista. A violência que tentou nos extinguir, pelo crime de genocídio, nós resistimos. A violência que tentou destruir nossa cultura, nossa forma de viver, nosso sentido de existência, nós enfrentamos o etnocídio. Desviamos das balas dos pistoleiros, e mantemos a nossa cultura com a força dos espíritos. Mas querem destruir a vida toda que nos cerca, a vida com a qual convivemos e nos permite viver: o crime de ecocídio deve ser previsto em lei, e seus autores devem ser punidos. E tudo isso tem a ver com a sua forma de consumo. A carne que você come na sua casa vem dos conflitos e assassinatos contra nosso povo; a ração do seu cachorro vem da soja produzida com agrotóxico nos Territórios indígenas, o delicioso chocolate tem sabor de sangue porque custam vidas nos confrontos nas fazendas de cacau.

Não falamos mais só da violência contra humanos, o genocídio e o etnocídio. Mas também a violência contra a vida de outras espécies que fazem possível a nossa vida existir, a violência contra os ambientes que impedem a vida de quem convive com esse ambiente. A destruição do rio Doce não foi um acidente. Foi um crime, e não foi o único: o crime de ecocídio, o crime de matar toda a vida e a possibilidade da vida. A Terra Indígena Pankararu e Entre Serras está do Povo Pankararu em Pernambuco está em grave conflito com pessoas que indevidamente ocupam seu Território em descumprimento à decisão judicial o que tem colocado em riso a vida dos indígenas. Neste fim de semana um jovem e uma criança Pataxó na Bahia foram mortos e um baleado em conflito pela disputa de Terra. A Terra Indígena Jaraguá do povo Guarani teve sua demarcação anulada pelo presidente Temer. A atual destruição do planeta nos remete a brutal destruição da humanidade que chocou o mundo depois da segunda guerra mundial. Para combater tudo isso é preciso que a comunidade europeia e as instâncias internacionais:

 1 reconheçam e adote os Direitos da Mãe Terra considerando os Direitos originários dos povos indígenas. Não é possível existir florestas se não tiver Demarcação Já!!

2 Embargos econômicos às empresas que produzem produtos   que acabam com o Meio ambiente e com as nossas vidas;

3 Reconhecimento do crime de ecocídio. Aquele que desmatar, poluir Rios, lagos mares e oceanos, construir hidrelétricas sem consentimento vendida como energia limpa, práticas de incêndios florestais, devem ser punidos por crimes contra a humanidade”.

Evidências científicas mostram que proteger e melhorar as florestas pode fornecer até 30% da mitigação da mudança climática necessária para atingir os objetivos do Acordo de Paris. O estudo também informou que investidores, governos e doadores investiram 39 vezes mais dinheiro para promover o agronegócio e o desenvolvimento intensivo em terra do que para reduzir o desmatamento das florestas que coletivamente retém e removem mais de 40% das emissões de carbono produzidas pelo homem.

Poucas semanas antes do início da conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas em novembro, pesquisadores do clima se juntaram a delegação de líderes indígenas e locais das florestas da América Latina e da Indonésia. “E nós somos os que estão sendo assassinados por proteger nossas florestas. Então, se você quiser parar essa devastação, você precisa investir em nós e proteger nossos direitos. A mãe de todas as batalhas está acontecendo na floresta tropical. E a vítima é Mãe Terra – sua mãe e a minha” afirmaram as lideranças indígenas.

Um relatório de 2016 da Iniciativa de Direitos e Recursos (RRI), Woods Hole Research Center (WHRC) e o Word Resources Center revelaram que os povos indígenas e as comunidades locais administram pelo menos 54,546 milhões de toneladas métricas de carbono (Mt C) nas florestas tropicais que eles vivem em todo o mundo, ou quase abaixo de um quarto do carbono total encontrado acima do solo nos trópicos globais.

Confira as atividades do 9º dia da tour dos Guardiões da Floresta

Confira as atividades do 9º dia da tour dos Guardiões da Floresta

Foto: Guardiões da Floresta

ATIVIDADES PRINCIPAIS

Os Guardiões da Floresta começaram seu dia com uma conferência de imprensa na Sociedade Real de Londres, onde falaram sobre os desafios que enfrentam nas suas comunidades e denunciaram a criminalização de defensores ambientais. Após a conferência de imprensa, a delegação foi à Praça do Parlamento para protestar contra a criminalização. O grupo foi acompanhado por grupos de londrinos que os apoiaram para pedir acesso à terra, justiça, proteção e uma parada para a criminalização. À tarde, a delegação foi convidada afim de trocar pontos de vista com os participantes na reunião de alto nível da Unidade Internacional de Sustentabilidade da Fundação Príncipe de Gales.

Foto: Guardiões da Floresta

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DESTAQUES

Durante a conferência de imprensa da Royal Society, os Guardiões da Floresta teve a oportunidade de compartir suas preocupações sobre a alta quantidade de assassinatos de defensores ambientais. A delegação da Mesoamérica apresentou um vídeo sobre a importância desse tema durante o tour. Por sua vez,  os delegados da Indonésia tiraram fotos de alguns dos líderes que foram assassinados ou aprisionados. Finalmente, a delegação do Brasil pediu um minuto de silêncio em nome dos membros da sua comunidade que morreram na defesa das florestas.

Foto: Guardiões da Floresta

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A próxima parada da tour agora é em Paris

Veja como foi o 8º dia da Tour