O MARCO TEMPORAL É INCONSTITUCIONAL!

Seguimos firmes! Direitos não se negociam! 


Um marco arbitrário ameaça justiça, cultura e democracia

Direitos indígenas não têm data: são originários e inalienáveis.

o que é a tese do marco temporal?

O marco temporal é uma tese jurídica que tenta limitar os direitos territoriais indígenas. Defende que só teriam direito à demarcação os povos que estivessem em suas terras em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Essa leitura é inconstitucional: ignora expulsões, remoções forçadas e violências históricas que impediram muitas comunidades de permanecer em seus territórios.

A Constituição reconhece o direito originário, anterior ao Estado, e não condicionado a um marco arbitrário.

A tese ameaça a justiça histórica, a proteção cultural e a democracia brasileira.

O direito indígena é originário
e anterior ao Estado

origens
do debate

O marco temporal surgiu em 2009 no julgamento da T.I. Raposa Serra do Sol.

Embora o STF tenha reconhecido a demarcação, criou salvaguardas que setores do agronegócio passaram a usar contra os povos indígenas.

Em 2013, o STF afirmou que aquelas regras não tinham efeito geral. Mesmo assim, políticos e juristas contrários aos direitos indígenas passaram a usar a tese em disputas judiciais e projetos de lei.

O caso mais emblemático foi o Recurso Extraordinário 1.017.365 (Terra Indígena Ibirama-Laklanõ, dos Povos Xokleng, Guarani e Kaingang), que envolve um território em disputa.

Em 2023, por 9 votos a 2, o STF decidiu que o marco temporal é inconstitucional.
O direito originário independe de data, e a demarcação é apenas um reconhecimento formal.

Os Povos Indígenas vivem sob a lei dos não indígenas. Mas todos vivem sobre nossas terras.

o cenário
atual

Apesar da decisão do STF, o Congresso aprovou a Lei 14.701/2023, que institucionaliza o marco temporal e enfraquece a proteção das terras indígenas.

A lei contraria a Constituição, aumenta conflitos fundiários, incentiva grilagem, mineração e desmatamento, além de legitimar violências históricas.

Em 2024, o STF passou a julgar sua constitucionalidade. Para “mediar”, foi criada uma comissão de conciliação, denunciada pela Apib como uma forma de negociar direitos fundamentais – algo vedado pela Convenção 169 da OIT. A Apib se retirou da comissão.

A luta segue na ADI 7.582, que pede a revogação da lei.

Cada ataque às terras indígenas é também um ataque ao Brasil.

direitos e fundamentos

Teoria do Indigenato

Reconhece que os povos indígenas têm direitos originários sobre suas terras, existentes antes do Estado brasileiro. Não dependem de documentos nem de ocupação em 1988: basta comprovar que o território faz parte de sua ocupação tradicional.

Direito originário

  • É cláusula pétrea da Constituição: não pode ser reduzido ou abolido.
  • Está imune a maiorias legislativas ocasionais.
  • Garante sobrevivência física e cultural, com vedação ao retrocesso.

 Quer se aprofundar?

O Marco Temporal impacta todas as Terras Indígenas

impactos do marco temporal

O marco temporal:

  • Viola a Constituição e enfraquece a democracia.
  • Aumenta a violência e os conflitos sociais.
  • Ameaça a diversidade cultural do Brasil.
  • Incentiva desmatamento, mineração e grilagem, prejudicando o clima e a biodiversidade.

    Exemplos de ataques recentes:

    • MS (Guarani e Kaiowá): violência armada em retomadas.
    • PR (Avá-Guarani): atropelamentos e tiroteios contra comunidades.
    • BA (Pataxó Hã-Hã-Hãe): assassinato de Nega Pataxó.
    • MT (Sararé): avanço de garimpo ilegal.
    • AM (Mura): conflitos com projetos de exploração e obras sem consulta prévia.

    Dados de 2024 (Cimi):

    indígenas assassinados

    conflitos territoriais em 19 estados

    mortes de crianças indígenas de 0 a 4 anos

    suicídios

    terras indígenas com pendências administrativas, 555 sem nenhuma providência

    alerta congresso

    Depois da Lei 14.701, novas propostas ameaçam ainda mais os direitos indígenas:

    PEC 48/2023: Reestabelece Marco Temporal

    Estabelece o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. A proposta contraria a decisão do STF que considerou essa tese inconstitucional.

    PEC 59/2023: Transfere a demarcação do Executivo para o Congresso
    Transfere a competência para demarcação de terras indígenas do Poder Executivo para o Congresso Nacional, politizando o processo e enfraquecendo a proteção dos direitos indígenas.
    PEC 10/2024: Permite exploração econômica e arrendamento de terras indígenas.
    Permite a prática de quaisquer atividades florestais e agropecuárias (inclusive a monocultura), bem como a celebração de contratos de arrendamento e parceria, para comercializar a produção. Na prática, abre brechas para a exploração econômica de terras indígenas por terceiros.
    PEC 132/2015

    Permite a prática de quaisquer atividades florestais e agropecuárias (inclusive a monocultura), bem como a celebração de contratos de arrendamento e parceria, para comercializar a produção. Na prática, abre brechas para a exploração econômica de terras indígenas por terceiros.

    PL 4740/2024

    Promove uma visão xenofóbica considerando os indígenas como “estrangeiros” para acesso a direitos e políticas públicas, afetando principalmente aqueles cujos territórios ancestrais foram divididos por fronteiras nacionais.

    PL 4497/2024: regulariza imóveis sobrepostos a territórios indígenas em fronteiras.
    Permite a regularização de imóveis em faixas de fronteira, sobrepostos a áreas indígenas em processo de demarcação, violando direitos constitucionais originários. Além de fragilizar a função social da terra ao permitir comprovação meramente documental pelo não-indígena. O que institucionaliza a grilagem, incentiva invasões e acirra os conflitos fundiários.
    PDL 717/2024

    Susta o Art. 2º do Decreto nº 1775/1996 e os decretos presidenciais de homologação das Terras Indígenas Toldo Imbu e Morro dos Cavalos, gerando profunda insegurança jurídica a todos os procedimentos administrativos de demarcação do país.

    PDL 47/2025

    Susta o decreto que regulamentou o poder de polícia da FUNAI, retrocedendo em conquista dos povos indígenas determinada pelo STF e regulamentada pela União para garantir fiscalização, prevenção e retirada de invasores de terras indígenas.

    PL 6053/2023
    Altera o Estatuto do Índio para incluir contraditório e publicidade na elaboração de laudos antropológicos de demarcação. Apesar de invocar transparência, a medida pode fragilizar a proteção territorial indígena ao abrir brechas para interferências externas e atrasos. A proposta tende a gerar insegurança jurídica e ampliar conflitos fundiários.
    PL 709/2023: criminaliza ocupações de terra, atacando movimentos sociais.
    Criminaliza participantes de ocupações de terra, impedindo-os de acessar programas sociais, concursos e licitações por até oito anos. A medida atinge movimentos populares e povos indígenas, buscando deslegitimar as lutas por terra e direitos.
    PL 4183/2023

    Dispõe sobre a aquisição de personalidade jurídica para o regular funcionamento dos movimentos sociais e populares. O PL busca viabilizar meios de responsabilizar os movimentos sociais, abrindo caminho para processos de criminalização.

    PL 510/2021 (Grilagem): legaliza ocupações ilegais em terras públicas.
    Conhecido como PL da Grilagem, regulariza ocupações ilegais em terras públicas, especialmente na Amazônia, ampliando significativamente os riscos de grilagem e desmatamento. Aumenta para 2.500 hectares o tamanho das áreas que não precisam de vistoria e também permite entregar títulos de propriedade mesmo sem ocupação consolidada, além de reconhecer ocupações ilegais feitas até 2014.

    Terras e Povos Indígenas são reservas
    de futuro para a humanidade

    Histórico de mobilizações

    Desde 2021, os povos indígenas acompanham o julgamento no STF e se mobilizam em Brasília e em todo o país. A luta contra o marco temporal une povos, organizações, apoiadores e movimentos sociais, reafirmando:
    “Nosso marco é ancestral. Sempre estivemos e estaremos aqui.”

    2025

     

    2024

    O STF já havia decidido, em setembro de 2023, que o marco temporal não era válido, mas a lei aprovada pelo Congresso tentou contornar essa decisão. Ainda em 2024, o tema seguia em disputa, com os povos indígenas em mobilização permanente.

    2023

    Novamente acompanhando o julgamento, os Povos Indígenas ocuparam Brasília entre os dias 5 a 8 de junho de 2023 mobilizados contra o Marco Temporal. Mesmo com o pedido de vista, o movimento continua em permanente mobilização das bases e acompanhamento do processo.

    2022

    Quando um governo foi mais perigoso que um vírus, os povos indígenas não puderam se calar. Assim, frente a um Congresso que avançou em uma agenda anti-indígena e para se mobilizar contra o Marco Temporal, os povos indígenas, os primeiros desta terra, seguiram, em junho de 2021, para a capital federal soando os maracás e entoando seus cânticos, com o Levante pela Terra.

    2021

    A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) deu início ao acampamento Luta pela Vida, em Brasília, no dia 22 de agosto, e reforçou a mobilização até o dia 2 de setembro de 2021 para lutar pelos direitos indígenas. A mobilização Luta pela Vida

    Sem demarcação, não há
    democracia,clima ou futuro.

    participe da
    mobilização!

    Nos territórios

    Organize manifestações, rodas de conversa, assembleias e atividades culturais.
    Utilize esse e outros materiais da APIB como base para seus debates.

    nas redes:

     Publique conteúdos sobre a luta contra o marco temporal.

    Ao compartilhar suas mobilizações nas redes, não esqueça de marcar a APIB (@apiboficial)

    Use palavras de ordem e hashtags como:

    não ao marco temporal!

    Nosso marco é ancestral!

    demarcação
    já!

    Nossos direitos não se negociam!

    chega de genocídio indígena

    #marcotemporalnão

    #marcoancestral

    #VidasIndígenasImportam

    #NossoDireitoÉOriginário

    #OFuturoÉIndígena

    saiba mais sobre o marco temporal

    Acesse a cartilha da APIB sobre o Marco Temporal e saiba mais sobre a tese, o histórico de enfrentamento e a mobilização do movimento indígena

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Acompanhe as últimas informações sobre o julgamento, mobilizações e ações da Apib contra o Marco Temporal.

    Nota: A Resposta Para Transformar a Política Somos Nós

    A crise climática é também uma disputa de projeto de país. A um ano de uma eleição decisiva, nós da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) em aliança com nossas organizações regionais, APOINME, ARPINSUL, ARPINSUDESTE, Aty Guasu, COIAB, Comissão Guarani...

    Nosso marco é ancestral.
    Nosso direito é originário.