#09: Cresce número de mortos e indígenas contaminados; APIB realiza mobilização online

#09: Cresce número de mortos e indígenas contaminados; APIB realiza mobilização online

Os casos de indígenas infectados por Covid-19 aumentaram 111% nos últimos quatro dias e as mortes contabilizadas pelas organizações indígenas são de 15 parentes, um salto alarmante de 50% de indígenas falecidos no mesmo período. No dia 23 de abril os casos confirmados eram de 42 indígenas contaminados e 10 parentes mortos. A última atualização dos dados feita, na noite do dia 27 de abril, pelas organizações de base da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) contabilizam 89 parentes infectados e 15 mortos.

A cada dia os casos aumentam de forma alarmante e o governo Bolsonaro segue de forma criminosa negligenciando a proteção dos povos indígenas, descumprindo a Constituição Federal. Pelo levantamento realizado pelas organizações indígenas, 19 etnias estão sendo afetadas até o momento e os casos suspeitos já abrangem todas as regiões do país.

Os dados do Governo Federal seguem sendo subnotificados e a SESAI não consegue acompanhar e registrar os indígenas que vivem nas cidades fora dos territórios tradicionais. Entendemos este fato com um ato de racismo institucional e exigimos a revogação urgente da portaria 070/2004 para garantir o atendimento de todos os indígenas, aldeados ou não.

Nós, da APIB, e todo movimento indígena, estamos encarando este momento com extrema preocupação. Podemos viver outro ciclo de genocídio dos nossos povos. As invasões e crimes cometidas por madeireiros, garimpeiros e grileiros seguem intensas nos nossos territórios da mesma forma que a ameaça da contaminação do vírus avança a cada dia.

Hoje, o Amazonas, que está com colapso no sistema de saúde, segue como estado com maior número de casos de contaminados e de mortes por Covid-19 entre indígenas. A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) tem recebido diariamente informações de casos suspeitos e acompanhado denúncias sobre a falta de testes rápidos e da não atenção da Sesai com os indígenas que vivem fora dos territórios. Indígenas, que estão em tratamento por outras doenças, e estão sendo contaminados nos hospitais e na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Manaus. Isto é grave!

Para enfrentar as ameaças da pandemia e o aumento das violências contra os povos indígenas iniciamos ontem, 27, a 16ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) online. Vamos ocupar as redes e demarcar as telas até o dia 30 de abril com encontros virtuais para mobilizarmos nossa articulação e pressionarmos o Governo Federal e os Governos Estaduais para implementarem medidas urgentes de proteção à vida dos povos indígenas.

Acompanhe o ATL ao vivo em apib.info e acesse os casos de Covid-19 e povos indígenas no site quarentenaindigena.info

#04: Assassinatos, invasões e coronavírus

#04: Assassinatos, invasões e coronavírus

A violência contra os povos indígenas está aumentando. Ontem (17 de abril), Ari Uru-eu-wau-wau foi brutalmente assassinado, no município de Jaru, em Rondônia. Ele integrava o grupo de vigilantes indígenas do seu território (Terra Indígena Uru-eu-wau-wau), uma das regiões mais ameaçadas pela ação criminosa de madeireiros ilegais.

O assassinato de Ari é o segundo atentado cometido, em menos de 20 dias, contra a vida de lideranças que trabalham no monitoramento, proteção e vigilância dos seus territórios. Zezico Guajajara também foi morto, dia 31 de março de 2020, por lutar pela defesa dos direitos do seu povo. Ambos, Ari e Zezico, estavam ameaçados e trabalhavam para proteger as comunidades ameaçadas por invasores e consequentemente evitar a chegada da Covid-19 nos territórios.

Nós da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) reforçamos o que estamos afirmando desde o início desta pandemia: não estamos expostos apenas ao Coronavírus. É impossível proteger as comunidades apenas fazendo o isolamento social, pois as invasões de madeireiros, garimpeiros e grileiros seguem intensas violando nossos direitos, destruindo nossa natureza e potencializando a contaminação da Covid-19.

Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), publicados nesta sexta-feira (17) no marco do Abril Vermelho, 49.750 famílias indígenas sofreram algum tipo de violência em conflitos por terra no Brasil, em 2019. Uma situação alarmante e que está piorando.

É urgente a intervenção dos organismos internacionais de direitos humanos para pressionar o Governo brasileiro no respeito à Constituição e na adoção de medidas para garantir a proteção dos povos indígenas. Seguiremos exigimos um plano de ação emergencial do Governo Federal para proteção da vida dos povos e uma resposta séria dos governadores de cada estado para adoção das medidas sugeridas pela APIB, com intuito de evitar um novo genocídio.

Exigimos justiça para Ari Uru-eu-wau-wau. Nos solidarizamos com a família e todo povo Uru-eu-wau-wau neste momento de dor. Seguiremos na luta para NENHUMA GOTA MAIS de sangue indígena seja derramado.

#08: Em 15 dias número de mortes aumentou 800% entre indígenas por covid-19

#08: Em 15 dias número de mortes aumentou 800% entre indígenas por covid-19

As mortes de indígenas contaminados por Covid-19 aumentaram 800% em 15 dias, durante o mês de abril. Foram 9 casos registrados entre os dias 6 e 21 deste mês, um salto no número de casos comparado com o mês de março, que registrou a primeira morte pela doença de uma indígena do povo Borari, de 87 anos, no município de Santarém, Pará. Este dado pode ser ainda maior se outros óbitos que estão como casos suspeitos tiverem exames confirmados para doença e as subnotificação de casos por parte do Governo Federal pararem.

Dos 10 casos registrados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) até hoje (23), apenas 4 são contabilizados pela estatística da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde. Para nós da APIB as subnotificações e o fato da SESAI não acompanhar e registrar os indígenas que vivem nas cidades fora dos territórios tradicionais é um ato de racismo institucional. Continuamos exigindo a revogação urgente da portaria 070/2004 para garantir o atendimento de todos os indígenas, aldeados ou não.

A APIB orienta que os parentes que vivem fora dos territórios ou que estão nas cidades para realizar tratamento para Covid-19 exijam que no cadastro do SUS seja registrado seu atendimento como indígena, indicando o nome do seu povo.

Não aceitamos ações que invisibilizam os povos indígenas para camuflar o risco real de um novo genocídio. Parentes essa doença não é uma gripizinha como afirma o presidente Bolsonaro. A taxa de mortalidade entre povos indígenas por doenças como a gripe é muito alta. Um estudo divulgado, hoje (23), alerta que mais de 81 mil indígenas estão em situação de extrema vulnerabilidade no Brasil durante a pandemia da Covid-19.

Nós da APIB recebemos diariamente denúncias de casos suspeitos em diversos territórios e que não estão sendo testados e devidamente acompanhados. Seguimos exigindo do governo federal e dos governadores em cada estado a adoção de medidas para proteção dos povos indígenas. Não estamos expostos apenas ao vírus, mas também ao aumento das invasões e crimes cometidos contra natureza e as nossas vidas.

Acompanhe a luta dos povos indígenas para enfrentar a pandemia. Acesse: quarentenaindigena.info

#07: Mortes na Amazônia e primeiros casos na região sudeste de indígenas com covid-19

#07: Mortes na Amazônia e primeiros casos na região sudeste de indígenas com covid-19

Nos últimos dois dias, mais três indígenas morreram por Covid-19, em Manaus, (AM) e as primeiras confirmações de indígenas contaminados no sudeste do País foram registradas. Os casos suspeitos já chegaram em todas as regiões do Brasil. A falta de testes rápidos e a inexistência de um plano do Governo Federal para proteção aos povos ancestrais amplia a cada dia o risco de um novo genocídio.

Adenilson Menandes dos Santos, 77, faleceu no dia 20/04, e seu irmão Antônio Menandes, 72, morreu ontem, 21/04, por Covid-19. Eles eram do povo Apurinã e viviam em Manaus, cidade com o maior número de indígenas contaminados hoje. Antônio Frazão dos Santos, 61, do povo Kokama, também morreu ontem, 21/04, em Manaus, e é o décimo indígena que perde a vida para a doença. Mas os registros do Governo Federal contabilizam apenas 4 indígenas mortos até o momento. Isto acontece porque a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), segue sem fazer o atendimento e o registro dos indígenas não aldeados. Uma ação de racismo institucional que invisibiliza as vidas indígenas.

A epidemia causada pelo Coronavírus está aumentando a cada dia no Brasil e ontem, 22/04, uma mulher do povo Tupinikin, 64, foi a primeira indígena a testar positivo na região Sudeste. Ela vive na aldeia Pau Brasil, localizada no município de Aracruz, (ES), onde existem outros seis casos suspeitos. Hoje, 22/04, um indígena do povo Guarani Mbya, da Terra Indígena Jaraguá, na capital paulista, também foi confirmado com a doença.

Na nossa história, muitos povos foram dizimados pela livre circulação de doenças, como na época da invasão portuguesa ou durante a ditadura militar, quando muitas pestes foram usadas como armas biológicas para nos exterminar. Agora, em meio a uma pandemia global e diante de um governo omisso em relação à proteção dos povos indígenas, não nos calaremos ante as ameaças que a Covid 19 representa para nossa sobrevivência.

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#06: Região Nordeste registra primeiros casos de indígenas confirmados com covid-19

#06: Região Nordeste registra primeiros casos de indígenas confirmados com covid-19

Os primeiros casos de indígenas que testaram positivo para Covid-19 no nordeste acendem um alerta nos estados do Ceará e Pernambuco. De acordo com dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) divulgados no final da tarde de ontem (20), um indígena do povo Tupinambá, ainda sem idade informada, está infectado por Coronavírus e outros quatro estão entre os casos suspeitos, no Ceará. O órgão de saúde não informou até o momento quais povos estão envolvidos nestes casos. A morte de um indígena de 76 anos do povo Pitaguary com suspeita de Coronavírus no município cearense de Maracanaú segue sendo investigada.

Em Pernambuco, a Secretaria de Saúde do estado anunciou que um agente de saúde do povo Pankararu, no município de Arcoverde, está com Covid-19. Outro caso confirmado é de um indígena do povo Atikum. Ele estava com sintomas da doença há mais de 10 dias e ontem (20) a Secretaria de Saúde do município de Carnaubeira da Penha confirmou que os exames testaram positivo para Covid-19.

Com os índices mais altos de casos confirmados para coronavírus na região, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), o estado do Ceará declarou colapso da rede de saúde na última semana e tem 92% dos municípios considerados vulneráveis à contaminação da doença. Pernambuco é o estado do Nordeste com maiores casos de mortes até o momento de acordo com dados do MS, e o governo estadual afirma que está próximo de declarar colapso na saúde devido à pandemia.

Os 14 povos indígenas que vivem no Ceará estão distribuídos em 18 municípios de grande vulnerabilidade para contaminação da Covid-19, segundo relatório da Fiocruz e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O movimento indígena no estado trabalha de forma intensa o isolamento social das comunidades e busca suprir as demandas para garantir a segurança alimentar dos povos devido ao novo contexto gerado pela pandemia. Em Pernambuco, os dez povos que vivem no estado estão em alerta máximo e buscam cumprir as recomendações de isolamento social da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Nós, da APIB, reforçamos a necessidade do Governo Federal construir um plano emergencial para os povos indígenas e denunciamos a omissão da FUNAI para evitar um novo genocídio.

#05: Amazonia concentra 100% dos casos confirmados de covid-19 entre indígenas

#05: Amazonia concentra 100% dos casos confirmados de covid-19 entre indígenas

A Amazônia possui 100% dos casos de indígenas que testaram positivo para Covid-19 e mortos devido a doença, até o momento. Na última semana o número de indígenas infectados aumentou 200%. Hoje (20) existem 28 indígenas com suspeita de possuir a doença e 27 testaram positivo, segundo informações do Governo Federal. O estado do Amazonas (AM) concentra a maioria dos casos e o governo estadual já anunciou colapso na rede de saúde devido a pandemia.

É alarmante este quadro para os povos indígenas. Os atendimentos especializados em saúde no Amazonas estão concentrados em Manaus, o que eleva a vulnerabilidade de indígenas que vivem em áreas remotas no interior. Exemplo disto foram as mortes de dois indígenas, no dia 11 de abril. Um senhor de 78 do povo Tikuna, que saiu da comunidade Belém de Solimões, no município de Tabatinga, para tratamento de problemas cardíacos, em Manaus e uma senhora de 44 anos do povo Kokama, que saiu da comunidade Monte Santo, em São Paulo de Olivença, para capital amazonense realizar um tratamento para anemia hemolítica. De acordo com o Ministério da Saúde, eles foram contaminados por Covid-19 nos hospitais que estavam internados e faleceram.

Um agente de saúde do povo Baniwa de 46 anos morreu neste sábado, 18, com suspeitas de Covid-19, em Manaus. Ele era grande defensor da saúde indígena e estava na linha de frente do combate ao Coronavírus. Começou a apresentar sintomas da doença desde o dia 11 de abril e antes de morrer realizou várias denúncias sobre a falta de testes da Covid-19 para os profissionais da saúde, que estão trabalhando diretamente com pacientes vítimas da pandemia.

Reafirmamos a necessidade urgente da criação de um hospital de campanha específico para o atendimento de indígenas, em Manaus, contaminados com Coronavírus e a garantia da realização de testes rápidos para pessoas com suspeitas da doença. É necessária a revogação imediata da portaria 070/2004 para garantir que a SESAI atenda todos os indígenas, aldeados ou não. Mais de 30 mil indígenas vivem em Manaus, que concentra a maioria dos casos de contaminação por Coronavírus no AM.

#02 Racismo e subnotificação de casos

#02 Racismo e subnotificação de casos

Está confirmada a sétima morte de um indígena por Covid-19. O Tuxaua de 67 anos da etnia Sateré Maué faleceu ontem (17), no município de Maués, Amazonas. Mas para o Governo Federal apenas 3 indígenas morreram até o momento devido ao novo coronavírus. Isto acontece porque a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, não faz o atendimento e o registro dos indígenas não aldeados.

Nós da APIB repudiamos esta medida e exigimos a revogação urgente da portaria 070/2004 para garantir que a SESAI atenda todos os indígenas, aldeados ou não. É uma ação de racismo institucional que invisibiliza e desassiste os povos indígenas que vivem em áreas urbanas. Somos indígenas dentro ou fora de nossos territórios. Estamos em uma situação de grande vulnerabilidade, com risco real deste novo vírus causar outro genocídio.

Até o momento, 28 indígenas estão entre casos suspeitos e esperam resultados dos exames. 27 indígenas testaram positivo para Covid-19. A grande maioria dos casos confirmados estão no estado do Amazonas, que já declarou colapso na rede hospitalar devido o aumento dos casos de coronavírus. Estamos recebendo denúncias diárias sobre a falta de testes rápidos em muitos parentes com suspeitas em todo o Brasil e acreditamos que os dados divulgados estão subnotificados.

Nos solidarizamos com as famílias e os povos de nossos parentes que faleceram. Não são números são vidas e seguiremos lutando pela proteção dos povos indígenas.

#01: Hospitais de campanha e testes rápidos

#01: Hospitais de campanha e testes rápidos

Alerta APIB #01 Covid-19 e povos indígenas
➖sexta-feira, 16 de abril de 2020

▪️Parentes dos povos indígenas de todo o Brasil, o ‘Alerta APIB’ é um acompanhamento diário sobre a pandemia da Covid-19 na vida de nós povos indígenas.

▪️Este vírus não é só uma “gripezinha” como tenta constantemente afirmar o presidente Bolsonaro.

▪️Estamos diante de um contexto grave para vida de todos nós e por isso a APIB está lutando para que hospitais de campanha exclusivos para indígenas sejam construídos.

▪️Segundo o Ministério da Saúde, os dois indígenas que morreram, no sábado (11), foram contaminados por Coronavírus dentro dos hospitais, no Amazonas.

▪️É urgente também a aquisição de testes rápidos para que casos suspeitos sejam prontamente identificados evitando a contaminação de mais pessoas que vivem nas comunidades.

▪️A morte de um adolescente de 15 anos, no dia 9 de abril, do povo Yanomami, em Roraima, deve nos colocar em alerta máximo. Link: https://bit.ly/2VgCxyE

▪️Ele vivia em aldeia próxima a garimpos ilegais o que reforça os alertas que estamos dando sobre a necessidade de ampliar a proteção dos nossos territórios.

▪️Até o momento, 23 indígenas estão entre os casos suspeitos e esperam resultados dos exames. 23 parentes testaram positivo para Covid-19 e cinco morreram.

▪️Nós da APIB recebemos diariamente alertas de preocupação de casos suspeitos em diversos territórios e que não estão sendo testados e devidamente acompanhados.

▪️A APIB apresentou, no início do mês de março, propostas para a articulação de um plano emergencial a ser conduzido pelo Governo Federal. Link: https://bit.ly/34IH4wz

▪️Na última semana, encaminhamos aos governadores de todos os Estados a solicitação de adoção urgente de 10 medidas que precisam ser realizadas. Link: https://bit.ly/2wIDHcu

▪️Não estamos expostos apenas ao vírus, mas também ao aumento das invasões e crimes cometidos contra os nossos territórios e contra as nossas vidas.

▪️Dadas as dificuldades logísticas, a precariedade da rede de saúde e a nossa vulnerabilidade epidemiológica, é urgente a adoção de medidas para nossa proteção.

▪️Seguiremos cobrando e denunciando toda e qualquer ação e ou omissão do governo Bolsonaro, que coloque em risco nossa existência.

▪️Nós da APIB, nos solidarizamos com as famílias que perderam seus parentes por esta nova doença. Seguiremos sem trégua ou recuo, nessa luta pela vida.