Mobilização virtual promove candidatos da Bancada Indígena com vistas às Eleições 2022

Mobilização virtual promove candidatos da Bancada Indígena com vistas às Eleições 2022

Twittaço nesta sexta, 30.09, chama atenção para a importância de Aldear a Política e defender candidatos comprometidos com os biomas brasileiros

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) promove twittaço no perfil da instituição (@ApibOficial) nesta sexta-feira, 30.09, por meio das tags #AldearAPolítica, #CampanhaIndígena e #OFuturoIndígena, para promover a Bancada Indígena e as propostas dos representantes dos povos indígenas para os poderes legislativos Federal e Estadual.

“Este momento é essencial e decisivo para elegermos candidatos e candidatas comprometidas com a demarcação dos territórios ancestrais e a proteção das vidas indígenas e de todos os biomas brasileiros”, afirma o coordenador executivo da Apib, Kleber Karipuna.

Como coordenador político da Campanha Indígena, Karipuna avalia ainda que as Eleições de 2022 já se configuram como um marco histórico para os povos originários, dado o número de candidatos autodeclarados indígenas que é o maior da história, com 186 candidaturas.

A Bancada Indígena é composta por 30 candidaturas, de 20 estados e 31 povos diferentes. Na região Norte, Ninawa Huni Kuin (AC), Vanda Witoto (AM), Maial Kaiapó (PA), Almir Suruí (RO), Joenia Wapichana (RR) e Vanessa Xerente (TO) são candidatos a deputados federais apoiados pela Campanha Indígena.

No sul, Ivan Kaingang (PR) e Kerexu (SC) são os candidatos à Câmara Federal. Já no sudeste, o Cacique Toninho Guarani (ES), Célia Xakriabá (MG) e Sonia Guajajara (SP) são as candidaturas representantes da região em Brasília.

No centro-oeste, Lucio Xavante é candidato a deputado federal e Eliane Xunakalo a deputada estadual, ambos por Mato Grosso.

Para deputados estudais do Norte, Junior Manchineri (AC), Marcos Apurinã (AM), Simone Karipuna (AP), Coletivo Guarnicê, com Rosilene Guajajara (MA), Leonice Tupari (RO), Profª Edite Andrade (RR), Aldenir Wapichana (RR) e Robson Haritiana (TO) são os representantes da Bancada Indígena nas assembleias de cada estado.

Representando o nordeste, Cacique Aruã (BA), Juliana Alves Jenipappo, a Cacila Irê (CE), Cacique Marcelo Pankararu e o Coletivo Indígena de Pernambuco (PE) e Lindomar Xokó (SE) são os candidatos ao legislativo estadual.

Val Eloy (MS), Chirley Pankará (SP) e o prof° Budga Deroby Nhambiquara com o Coletivo ReExistência (SP)  estão concorrendo às vagas de deputado estadual pelas regiões centro-oeste e sudeste.

No sul do Brasil, os representantes da Bancada Indígena a estadual são o Kretã Kaingang e o Coletivo Terra, Teto e Território (PR) e profº Eloir Mbyá Guarani (RS).

Propostas

Fortalecimento do território, garantia de direitos previstos na Constituição Federal como saúde e educação, além de modelos de produção sustentável são a base das propostas e bandeiras de luta dos candidatos que integram a Bancada Indígena.

Os candidatos integram o projeto da Apib para Aldear a Política que é voltado à formação, articulação e construção de estratégias de luta política para ocupação de espaços de decisão e representatividade na sociedade brasileira por lideranças indígenas.

Do total de postulantes indígenas, 12 candidaturas concorrem a vagas de deputado federal e 18 a cadeiras em Assembleias de 20 estados diferentes. As indicações foram realizadas pelas organizações regionais de base que compõem a Apib.

 

Conheça todas as candidaturas: 

Deputado(a) Federal

 

||| Coiab

  1. Vanessa Xerente | TO | Foto
  2. Lucio Xavante | MT | Foto 
  3. Joenia Wapichana | RR | Foto
  4. Ninawa Huni kuin | AC | Foto 
  5. Maial Kaiapó | PA | Foto
  6. Almir Suruí | RO | Foto
  7. Vanda Witoto | AM | Foto

 

||| Apoinme

  1. Célia Xakriabá | MG | Foto
  2. Toninho Guarani | ES | Foto

 

||| CGY e Arpinsul

  1. Kerexu Yxapyry | SC | Foto
  2. Ivan Kaingang | PR | Foto

 

||| Arpinsudeste

  1. Sonia Guajajara | SP | fotos 

 

||| Aty Guasu

(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

 

||| Conselho Terena

(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

 

Deputado(a) Estadual

 

||| Coiab

  1. Junior Manchineri | AC | Foto
  2. Maria Leonice Tupari | RO | Foto
  3. Robson Haritiana | TO | Foto
  4. Eliane Xunakalo | MT | Foto
  5. Simone Karipuna | AP | Foto
  6. Professora Edite | RR | Foto
  7. Aldenir Wapichana | RR | Foto
  8. Marcos Apurinã | AM | Foto
  9. Coletivo Guarnicê | Com Rosilene Guajajara | MA | Foto

 

||| Apoinme

  1. Juliana Jenipapo Kanindé (Cacica Irê) | CE | Foto
  2. Cacique Aruã Pataxó | BA | Foto
  3. Coletivo Indígena de Pernambuco | PE | Foto
  4. Lindomar Xoko | SE | Foto

 

||| CGY

(SEM CANDIDATURAS PARA ESTADUAL)

 

||| Arpinsul

  1. Kretã Kaingang | PR | Foto
  2. Professor Eloir | RS | Foto

 

||| Arpinsudeste

  1. Chirley Pankará | SP | Foto 
  2. Coletivo ReExistência | SP | Foto

 

||| Conselho Terena

  1. Val Eloy | MS | Foto

 

||| Aty Guasu

(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

Total: 30
Federais: 12
Estadual: 18

Assassinatos e ataques aos territórios indígenas se intensificam durante o período eleitoral

Assassinatos e ataques aos territórios indígenas se intensificam durante o período eleitoral

Foto: Foto: Mário Vilela/Funai

Milícia bolsonarista mata criança Pataxó de 14 anos com tiro na cabeça, na Bahia, e ataques se intensificam no Mato Grosso do Sul e Maranhão durante calendário das eleições.  

Com a proximidade das Eleições 2022, a violência contra os povos indígenas tem se intensificado nos últimos quatro meses no Brasil. Vitor Fernandes e Márcio Moreira, do povo Guarani Kaiowá, Janildo Oliveira e Jael Carlos Miranda, do povo Guajajara, e Gustavo Silva da Conceição, do povo Pataxó, foram brutalmente assassinados em conflitos territoriais e políticos cometidos por fazendeiros, milicianos e grileiros. No domingo de Eleições (02/10), garimpeiros assassinaram uma liderança Yanomami, em Roraima, e um adolescente ficou ferido no ataque. A maior parte dos indígenas foram vítimas de emboscadas e assassinados a tiros.

Para Articulação dos Povos Indígenas (Apib), o genocídio indígena e os ataques em seus territórios cresceram com Jair Bolsonaro, que desde a sua campanha em 2018 ataca esta população e criou uma agenda anti-indígena e anti-ambiental no governo brasileiro. 

“Há mais de 500 anos os povos originários do Brasil tem lutado contra o genocídio, mas nos nos últimos quatro anos isso ficou ainda pior com o desgoverno Bolsonaro. Ele e seus aliados incentivam a invasão dos territórios indígenas a todo momento e a disputa eleitoral tem intensificado isso. Em menos de dois dias, três parentes foram mortos e outros tantos ficaram feridos”, afirma Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib. 

As três vítimas citadas por Tuxá são Janildo, Jael e Gustavo, mortos em setembro. Janildo foi morto em uma emboscada na Terra Indígena Araribóia, localizada em Amarante, no Maranhão, no dia 3. O mesmo episódio deixou um jovem de 14 anos, que acompanhava Janildo, gravemente ferido. Já em Amare, município vizinho, Jael morreu quase ao mesmo tempo após ser atropelado por um veículo e moradores denunciam que o caso foi proposital.

Desde 2018, Janildo atuava como Guardião da Floresta e ele e o grupo sofriam com ameaças de madeireiros e caçadores, que possuem uma forte presença na região. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), de 2003 a 2021, 50 indígenas do povo Guajajara foram assassinados no Maranhão, sendo 21 somente da TI Araribóia

Ataques ao povo Pataxó

Ataques a comunidades do povo Pataxó na Bahia também sido frequentes, onde pistoleiros — sob ordem de fazendeiros que exploram áreas da T.I Comexatibá e Barra Velha, nas cidades de Prado e Porto Seguro — atiram em direção às famílias, deixando feridos e mulheres e crianças assustadas com o perigo constante. 

No dia 4 de setembro, Gustavo Silva da Conceição, de 14 anos, faleceu em um desses ataques que também deixou outro jovem, de 16 anos, ferido. De acordo com moradores, os pistoleiros estavam fortemente armados e iniciaram o ataque por volta das 5h da manhã.

Os ataques ao povo Pataxó iniciaram após indígenas ocuparem de forma pacífica, em junho deste ano, parte do território que estava tomado pelos fazendeiros com a monocultura do eucalipto. A conclusão do processo de demarcação das duas Terras Indígenas se arrasta há anos, deixando o povo nas mãos de criminosos. 

“Que a polícia federal assuma o comando para desintrusão e retirada das milícias e pistoleiros contratados para espalhar a morte e o terror no nosso território, ao longo das estradas de servidão e acessos vicinais. Que a nossa Terra Indígena Barra Velha e Comexatibá seja, finalmente, demarcada!”, afirmam lideranças Pataxó em carta publicada no site da Apib.

Massacre de Guapoy 

No dia 24 de junho, Vítor Fernandes, do povo Guarani Kaiowá, foi morto na retomada do território ancestral Guapoy, atualmente registrada como uma fazenda. Vítor foi vítima de uma ação violenta da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, que deixou cerca de dez feridos e ficou conhecido como Massacre de Guapoy.

Semanas depois, Márcio Moreira foi assassinado em uma emboscada no dia 14 de julho. Lideranças Guarani Kaiowá apontam que o crime foi uma retaliação contra a ação de retomada e a repercussão do massacre. 

“Exigimos justiça e investigação em relação a estes crimes, a Aty Guasu pede ajuda das autoridades para que não haja mais parentes nossos mortos nos próximos dias. Aqui no Estado do MS, como demonstrado durante o Massacre, são todos contra os Kaiowá. A polícia ataca, o Estado permite, o público e o privado funcionam em uma única direção. Ampliar a monocultura sobre os cemitérios que um dia foram nossas terras. Assim eles pensam, mas não permitiremos nem deixaremos de lutar”, diz um trecho da nota Grande Assembleia Guarani e Kaiowá (Aty Guasu)

A Apib denunciou os ataques às comunidades Guarani Kaiowá para Nações Unidas, Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e acionou o Ministério Público Federal (MPF). O documento entregue às organizações aponta os inúmeros relatos sobre as violações de direitos humanos no MS e pedidos com urgência de uma intervenção na região.

TI Yanomami

No domingo de Eleições (02/10), garimpeiros atacaram a comunidade Napolepi, localizada dentro da Terra Indígena Yanomami, no município de Alto Alegre em Roraima . O ataque resultou na morte de uma liderança da comunidade e um adolescente de 15 anos ficou gravemente ferido.

A Hutukara Associação Yanomami pede que as autoridades retirem os garimpeiros da Terra Indígena. O caso já foi registrado na Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e na Fundação Nacional do Índio (Funai), solicitando com urgência a presença da Força Nacional na comunidade para impedir novos ataques.

Nove indígenas morreram em conflitos no campo no Brasil

Em 2022, um levantamento feito pela Apib denuncia que no período eleitoral, entre junho e setembro, nove indígenas foram mortos em conflitos territoriais. Além de Vitor Fernandes, Márcio Moreira, Janildo Oliveira, Jael Carlos Miranda e Gustavo Silva da Conceição, Edinaldo Manoel de Souza, do povo Atikum, Eliseu Kanela, do povo Kanela, Cleomar Yanomami e Alex Recante Vasques Lopes, do povo Guarani Kaiowá, também foram assassinados neste período. 

As mortes representam pouco mais da metade dos casos de assassinatos ocorridos em todo o ano de 2021, quando 10 indígenas morreram em conflitos no campo no Brasil, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Já em outros pleitos eleitorais, a quantidade de casos varia: em 2020, ano de eleições municipais, foram sete indígenas assassinados. Enquanto em 2018, foram registrados dois casos.  









Número de mulheres indígenas candidatas reflete ascensão de lideranças nos movimentos de base 

Número de mulheres indígenas candidatas reflete ascensão de lideranças nos movimentos de base 

Foto: Mídia Ninja

Salto de candidaturas femininas entre os indígenas apresentou crescimento de 193% desde 2014, influenciando o número total de parentes postulantes a um cargo eletivo

O número de mulheres candidatas indígenas nas Eleições 2022 é o responsável pelo crescimento de parentes postulantes a um cargo eletivo desde 2014: a participação delas registrou um aumento de 193%, passando de 29 para 85 candidaturas. O crescimento dos candidatos homens nesse período foi de 80,35%.

A diferença que chegou a ser de 35 candidatos em 2018, a maior identificada no período de análise, este ano é de apenas 15 entre os dois gêneros classificados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esta é a melhor marca de participação indígena nas eleições. O recorte por raça só passou a ser feito pela justiça eleitoral a partir de 2014. 

Braulina Baniwa, liderança do movimento indígena, defende a ocupação de espaços institucionais não apenas no período eleitoral, mas de forma constante, dentro de universidades, por exemplo, a fim de produzir narrativas que representem a diversidade de povos indígenas.  

“Precisamos de uma frente política para lutar pelas nossas especificidades de pautas enquanto indígenas mulheres”, afirma. 

De acordo com a liderança feminina, em 2020, quando a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) lançou a plataforma da campanha indígena, houve 2.177 candidaturas cadastradas. Do total, foram eleitas para recebimento de divulgação e suporte jurídico, 236 indígenas, sendo 44 mulheres. Na ocasião, o movimento fortaleceu-se junto ao público por meio da hashtag #parentevotanoparente.

Em 2022, a Campanha Indígena apresenta à sociedade, pela primeira vez, o conjunto de candidatos apoiados pelo movimento indígena, indicados a partir das organizações de base que integram a Apib. 

Nesse contexto, são 30 candidaturas indígenas que representam 31 povos diferentes de todas as regiões do País, sendo 12 postulantes ao cargo de deputado federal e 18 ao cargo de deputado estadual. A maioria são mulheres, em ambas categorias. 

As candidaturas foram articuladas e indicadas pelas sete instituições indígenas que integram a APIB: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Conselho do Povo Terena, Grande Assembléia do povo Guarani (ATY Guasu), Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin Sudeste)e Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin Sul).   

Aldear a Política

O significado histórico do aumento de candidatas indígenas reflete o engajamento e a participação delas no movimento indígena. Para Braulina Baniwa, essa realidade é presenciada de perto: nascida em São Gabriel da Cachoeira, em território do povo, ela é mãe, liderança indígena e voz importante das mulheres de seu povo junto à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN).  Bacharel em Antropologia, está cursando o Mestrado em Antropologia Social na UNB. 

Como ativista do movimento Indígena vem atuando dentro da Articulação das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), que atua na luta pelo direito de voz e fala das mulheres indígenas nos espaços de diálogo, a partir do conceito de “corpo-território” representado pelas mulheres indígenas dos seis biomas encontrados no Brasil.  

A ANMIGA é uma das organizações parceiras da Apib no projeto Campanha Indígena, voltado à divulgação e suporte jurídico a candidatos indicados pelas bases. 

Histórico

Esta é a segunda eleição presidencial com uma mulher indígena na disputa, no cargo de vice. A professora maranhense Raquel Tremembé, líder de sua etnia e integrante da Associação de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, é a candidata a vice-presidente na chapa do PSTU, liderada por outra mulher, Vera Lúcia. 

Em 2018, Sônia Guajajara compôs a chapa do PSOL como vice do então candidato Guilherme Boulos, inaugurando uma fronteira inédita nas eleições presenciais do Brasil. 

As candidaturas de mulheres indígenas foram registradas em 26 dos 27 estados da federação, além do Distrito Federal. Apenas em Goiás e Espírito Santo não foram contabilizadas candidatas indígenas. 

O número de candidaturas indígenas femininas quase triplicou em duas eleições, passando de 29 em 2014 para 85 em 2022, segundo registro do sistema do TSE até o momento.  Naquele ano, elas representavam 0,36% do total de 8.123 candidaturas femininas. Este ano, elas somam 0,86% do total de 9.890 mulheres candidatas. 

Conheça as candidaturas femininas apoiadas pela Campanha Indígena: 

Deputado(a) Federal

||| Coiab

  1. Vanessa Xerente | TO | Foto
  2. Joenia Wapichana | RR | Foto
  3. Maial Kaiapó | PA | Foto
  4. Vanda Witoto | AM | Foto

||| Apoinme

  1. Célia Xakriabá | MG | Foto

 

||| CGY e Arpinsul

  1. Kerexu Yxapyry | SC | Foto

 

||| Arpinsudeste

  1. Sonia Guajajara | SP | fotos 

 

||| Aty Guasu

(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

 

||| Conselho Terena

(SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

 

Deputado(a) Estadual

||| Coiab

  1. Maria Leonice Tupari | RO | Foto
  2. Eliane Xunakalo | MT | Foto
  3. Simone Karipuna | AP | Foto
  4. Professora Edite | RR | Foto
  5. Coletivo Guarnicê | Com Rosilene Guajajara | MA | Foto

||| Apoinme

  1. Juliana Jenipapo Kanindé (Cacica Irê) | CE | Foto

7 Coletivo Indígena de Pernambuco | PE | Foto

 

||| CGY

(SEM CANDIDATURAS PARA ESTADUAL)

 

||| Arpinsul

(SEM CANDIDATURAS FEMININA)

 

||| Arpinsudeste

  1. Chirley Pankará | SP | Foto 
  2. Coletivo ReExistência | SP | Foto

 

||| Conselho Terena

  1. Val Eloy | MS | Foto

 

||| Aty Guasu

 (SEM CANDIDATURAS PARA FEDERAL)

 

Mostra de Cinema Indígena chega ao Alto Xingu, com inauguração de Casa de Cinema permanente e festas tradicionais

Mostra de Cinema Indígena chega ao Alto Xingu, com inauguração de Casa de Cinema permanente e festas tradicionais

Nos dias 17 e 18 de setembro, o 1º Festival de Cinema e Cultura Indígena leva à aldeia Ipatse dos Kuikuro, no Território Indígena do Xingu (MT), uma mostra de cinema indígena, festas tradicionais e a inauguração da oca ‘Casa de Cinema’.

O Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI), em sua primeira edição, apresenta uma mostra de filmes na aldeia Ipatse dos Kuikuro, no Território Indígena do Xingu (MT), nos dias 17 e 18 de setembro,

O evento também vai inaugurar a Casa de Cinema – casa construída com o apoio do FeCCI para a exibição de filmes na aldeia. A proposta da casa é ser um local comunitário, dentro do Alto Xingu, para potencializar a prática, o aprendizado, a fruição e a vivência do cinema.

“A Mostra e a Casa de Cinema vão ampliar o acesso dos nossos parentes ao cinema e assim vamos promover a circulação de filmes na nossa aldeia e também para o povo do Alto Xingu”, diz Takumã Kuikuro, cineasta e diretor-geral do FeCCI.

Além das exibições de filmes, os Kuikuro irão apresentar rituais e festas tradicionais durante os dois dias de programação, são elas: Festa de Duhe (Tawarawana), Festa Hugagü (Festa do Pequi), Takuaga (Takuara) e Yamurikumã (Festa das Mulheres).

A Mostra de Cinema do FeCCI no Xingu conta com apoio da prefeitura de Querência/MT e da Secretaria de Cultura do Estado do Mato Grosso. O FeCCI recebe patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), da Secretaria de Estado de Cultura e Economia do Distrito Federal.

PROGRAMAÇÃO – MOSTRA XINGU

No sábado, dia 17 de setembro, daremos abertura à Mostra Xingu e teremos a Festa de Duhe (Tawarawana – Festa dos Peixes) pela manhã. À tarde, teremos a Festa Hugagü (Festa do Pequi) e à noite, iniciamos a primeira parte da mostra de filmes na Casa de Cinema.

No domingo, dia 18 de setembro, pela manhã, celebraremos a Festa Takuaga (Festa da Takuara). No período da tarde, teremos a Festa Yamurikumã (Festa das Mulheres), a Festa Hugagü (Festa do Pequi) e a Festa Takuaga (Festa da Takuara). Por fim, à noite, teremos mais uma parte da mostra de filmes na Casa de Cinema.

INFORMAÇÕES SOBRE AS FESTAS E RITUAIS

Mutuá Kuikuro, professor e pesquisador do povo kuikuro, comentou um pouco sobre as festas e rituais que serão apresentados durante a programação da Mostra Xingu, confira:

Festa Duhe (Tawarawana – Festa dos Peixes)

“A festa de Duhe, a gente a realiza na estação da chuva, a gente dança esse ritual. Há cantores que ficam cantando com chocalhos na mão e outros [que ficam] batendo bastões de bambu. O pessoal fica dançando a dança do peixe. Nossos antepassados aprenderam com o espírito do peixe e até hoje realizamos e praticamos essa festa”.

Festa Hugagü (Festa do Pequi)

O pequi tem grande importância para o Alto Xingu.

“Hugagü é o espírito do dono do pequi. A gente dança e pratica esse ritual na época da safra do pequi, quando o pequi começa a cair e amadurecer. A gente dança e faz uma festa para alegrar o espírito do pequi”.

Festa Takuaga (Festa da Takuara)

“[Comemora-se] o espírito de Takuara. Há cinco tocadores de flautas [takuaras] que tocam o dia todo e entram de casa em casa, levando alegria para todo mundo. É uma forma de agradecer ao espírito e à pessoa humana também.”

Festa Yamurikumã (Festa das Mulheres)

“[Na] festa das mulheres, só mulheres podem dançar e cantar. É a festa das hiper mulheres. Ritual feminino para celebrar a história das guerreiras míticas Yamurikumã”.

SOBRE o FeCCI:

O FeCCI – Festival de Cinema e Cultura Indígena estreia em 2022 com uma vasta programação. O Festival será realizado em formato híbrido, de 02 a 11 de dezembro, com exibições presenciais no Cine Brasília (Brasília/DF) e com sessões online na plataforma de streaming Innsaei.

Idealizado por Takumã Kuikuro, o FeCCI é o primeiro festival nacional de cinema indígena idealizado por indígenas. Trata-se de um festival focado na produção audiovisual de cineastas, coletivos e realizadores de origem indígena, que tem como objetivo contribuir para a difusão de obras cinematográficas e da cultura dos povos indígenas do Brasil, tornando-se, também, um panorama das mais recentes realizações cinematográficas que contribuem para o desenvolvimento da produção audiovisual indígena no Brasil.

O FeCCI é composto por uma mostra competitiva, uma mostra paralela, uma mostra online, bem como uma mostra na aldeia Ipatse dos Kuikuro, no Território Indígena do Xingu (MT), nos dias 17 e 18 de setembro. O festival conta com prêmios oficiais e prêmios de parceiros, contemplando filmes de curta e longa-metragem. Toda programação é gratuita e conta ainda com laboratório de finalização de projetos audiovisuais (FeCCI Lab), um ciclo de rodas de conversa com convidados especiais, masterclass e apresentações culturais que promovem encontros, diálogos e conexões com realizadores, pensadores, artistas e público.

A primeira edição do Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI) é realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC-DF). O FeCCI é realizado e produzido pela produtora A Terrestre, bem como é produzido pela Villa-Lobos Produções, Bidou Pictures Brasil e Instituto da Família do Alto Xingu. O evento também conta com o apoio de Mídia Índia, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Instituto Alok, O2 Filmes, Associação Cultural de Realizadores Indígenas (ASCURI), Prefeitura de Querência (MT) e Secretaria de Cultura do Mato Grosso.

Veja cinco motivos para votar em candidatos indígenas

Veja cinco motivos para votar em candidatos indígenas

Mudança de paradigma na proposição de políticas públicas passa por aumento de representatividade nas casas legislativas

Historicamente, o movimento indígena sempre atuou pelo enfrentamento em defesa dos seus direitos e territórios. A garantia desses direitos na Constituição Federal não se trata de um benefício concedido, mas de uma conquista dos povos originários. No entanto, os retrocessos e supressão dessas conquistas por grupos de interesses econômicos representados no Congresso Nacional mostrou a necessidade de organização e mobilização político partidária por uma representatividade legítima e luta por sobrevivência. 

O número de práticas de violência contra os povos da floresta aumentou de 15 para 19 tipos, segundo o último relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil”, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), divulgado em agosto. O levantamento anual é realizado desde 1996.  

Em 2021 foram registrados 176 assassinatos de indígenas, apenas seis a menos que em 2020, o ano com o maior número de registros deste tipo de crime, quando a quantidade de mortes chegou a 183 mortos. Entre 2015 e 2019, a média era de 123 indígenas assassinados por ano. Em 2021 registrou-se também o maior número de suicídios indígenas dos últimos oito anos, com 148 ocorrências.

“O modelo dominante de representação política hoje tem o poder legislativo como ambiente da representação, de mediação entre representantes e representados, por meio do voto. É nesse âmbito que se desenha propostas de políticas públicas e implementação futura. É por isso que as eleições representam um movimento estratégico em busca da nossa sobrevivência”, afirma Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). 

A partir de 2017, a organização passou a mobilizar chamados e lideranças em prol do apoio e voto a candidatos indígenas. Em 2018 a Apib convocou os parentes a se candidatarem nas eleições. Ao todo, 130 indígenas concorreram. 

Nas eleições municipais de 2020, um novo do movimento organizado contabilizou 237 vereadores e 10 prefeitos eleitos, incluindo 44 mulheres. Em 2022, o número de candidatos indígenas aumentou 116% em comparação com 2014, quando o Tribunal Superior Eleitoral passou a registrar dados como cor e raça, com 184 candidatos. 

Durante a pandemia, a APIB contabilizou mais de 43 mil indígenas contaminados pela Covid-19 e pelo menos 900 mortos por complicações da doença no ano de 2020. O plano de enfrentamento foi negligenciado pelo Governo Federal com a demora e falta de planejamento que precisou ser judicializado para ser implantado e, ainda assim, de forma incompleta. 

Para dar conta não apenas da resistência, mas estabelecer avanços e a retomada dos processos de demarcação territorial, organizações de base que compõem a Apib indicaram 30 candidatos indígenas com relação e militância dentro do movimento indígena para integrar a Bancada Indígena, com apoio de divulgação e suporte jurídico por meio da Campanha Indígena, que visa a formação e o preparo de lideranças para disputa política, além do período eleitoral. 

Conheça cinco motivos para votar em candidatos indígenas nas eleições de 2022:

 

  • Defesa da vida e do Meio Ambiente

Visto a partir da ótica exploratória predatória, nossos biomas vêm sendo legislados sob políticas públicas de extração predatória à revelia de estudos e consultas prévias aos povos afetados por elas. 

Não haverá floresta se os povos e comunidades da floresta não estiverem juntos, com o apoio da sociedade e dos poderes constituídos, por meio de políticas públicas efetivas por parte do estado brasileiro.

Para isso, é importante que os Povos Indígenas e as comunidades locais estejam devidamente inseridas em espaços de debate e instâncias decisórias de modo a incidir na definição de políticas nacionais e acordos internacionais.

Em todos os continentes, os povos originários lutam para proteger suas terras e garantir a todas as espécies o direito de viver. A defesa das últimas terras ancestrais é também o enfrentamento à crise climática. A luta dos povos indígenas é pela cura da Terra. 

O Brasil, originariamente Terra Indígena, hoje reserva apenas 13,8% do território nacional aos seus povos originários. E essa porção do território é a que se manteve mais preservada nos últimos 35 anos, representando menos de 1% do desmatamento no Brasil no período, enquanto nas áreas privadas a perda foi de 20,6%, segundo dados do Mapbiomas. 

Eleger uma bancada que defende o Planeta é a chance de lutar efetivamente contra a Emergência Climática, por meio de uma estratégia de proteção e recuperação de ecossistemas e construição não apenas de um plano de contingência para a crise climática, mas também de um plano de futuro.

  • Representatividade

“Aldear a Política” foi o lema que marcou o Acampamento Terra Livre (ATL) deste ano. Trata-se do aumento da representação indígena no Parlamento e na transformação do Congresso Nacional, historicamente composto por homens brancos, ricos e ruralistas. 

De acordo com o Censo de 2010 do IBGE, os indígenas representam 0,4% da população total brasileira, ou seja, 900 mil dos 209 milhões de brasileiros.

Nas eleições gerais de 2018, foram 133 candidaturas indígenas (0,46%), sendo 49 mulheres e 84 homens. Destes, apenas uma indígena foi eleita (0,06%), o que evidencia uma sub-representação indígena para os cargos do Congresso Nacional.  

Em 2022 é a primeira vez que o número de candidatas mulheres indígenas atinge o quórum mínimo de 30% nas eleições. 

O voto em candidatos indígenas representa maior pluralidade na construção das leis; uma representação política mais diversa permite enxergar e atender necessidades diversas, em especial de grupos minoritários que não têm voz nos espaços de poder.

  • Defesa da democracia e de toda a sociedade

O respeito às minorias e busca pela equidade, assim como o direito de voto e a ser votado são princípios democráticos previstos na Constituição Federal de 1988 e que contemplam os mesmo princípios das candidaturas representadas na Bancada Indígena. 

Não se trata de defender apenas os interesses dos povos originários, mas de fazer valer a Carta Magna a fim de evitar que todos percam direitos que são fundamentais para o desenvolvimento do país, uma vez que, as bancadas hoje representadas no Congresso, defendem os interesses de apenas de uma parte da população, com prejudiciais para o Meio Ambiente, que é um recurso de todos. 

A bancada indígena propõe uma visão mais ampla, com maior espaço para o diálogo e a transparência, principalmente no Poder Legislativo, onde  se produzem leis que incluem as que autorizam o destino do orçamento público. 

A proposta das candidaturas indígenas é de se alinhar com outros movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Confederação Nacional da Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), entre outros, para criar uma bancada em defesa do ambiente e da terra para quem vive dela. “Hoje temos um retrato fiel do Brasil que não deu certo com o agronegócio e a mineração”, afirma Sônia Guajajara. “São 33 milhões de pessoas passando fome, além de destruição ambiental, contaminação por agrotóxicos e violência”.

  • Fortalecimento do poder popular 

As candidaturas indígenas representam uma estratégia de fortalecimento do poder popular, do poder de mobilização e organização coletiva para ocupar espaços de decisão que interferem diretamente na vida da maioria da população. 

As candidaturas indígenas não são simplesmente a busca pelo poder, mas a voz e a permanente pela vida e representam a inclusão dos povos e comunidades tradicionais na construção de políticas públicas. 

  • Derrubar a agenda anti-indigena e os projetos de morte

Atualmente, seis matérias principais tramitam no Congresso Nacional negociando os direitos dos povos indígenas por meio de ameaças e retrocessos tomados, anunciados ou indicados em Projetos de Lei tocados por bancadas parlamentares anti-indígenas, especialmente a ruralista. Tais projetos marcam de morte os povos originários por atingirem diversas áreas da vida destas populações como saúde e educação diferenciadas, alimentação e moradia, todos ligados ao direito e autonomia do território. São eles: 

  • PL 490/2007 (Marco Temporal): Tese que incorpora a necessidade de comprovação da ocupação do território no dia 5 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição Federal,  como requisito taxativo para o reconhecimento e demarcação, ignorando mais de 500 anos de expulsão dos povos indígenas de seus territórios. 
  • PL 191/2020: Trata da regulamentação da mineração industrial e artesanal, a geração hidrelétrica, a exploração de petróleo e gás e a agricultura em larga escala nas Terras Indígenas, removendo o poder de veto dessas comunidades sobre as decisões que impactam suas terras. A exploração mineral no Brasil demonstra que não há qualquer benefício para os povos originários, alimentando apenas a exploração do território, a contaminação dos rios, a violência e as doenças contra os povos indígenas. 
  • PL 2633/2020 e 510/2021: Busca legitimar áreas de grilagem ampliando o tamanho de áreas passíveis de regularização, contemplando médios imóveis rurais na regularização fundiária, sem argumentação técnica.  Já o PL 510/2021, amplia o tamanho das áreas passíveis de regularização, contemplando grandes áreas (até 2.500 hectares), e altera, mais uma vez, a data limite para que invasões de terras públicas sejam legalizadas, passando o prazo de 2011 para 2014. A legislação atual já garante os direitos de agricultores familiares. 
  • PL 3729/2004 (21259/2021): Isenta 13 tipos de atividades impactantes do licenciamento e permite o “auto-licenciamento” para uma série de projetos. Se aprovado, poderá resultar na proliferação de tragédias como as ocorridas em Mariana e Brumadinho (MG), no total descontrole de todas as formas de poluição, com graves prejuízos à saúde e à qualidade de vida da sociedade.
  • PL 177/2021: Autoriza o presidente da República a denunciar a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), um dos principais instrumentos de luta de povos e comunidades tradicionais no mundo, colocando povos e comunidades tradicionais como entraves para o “crescimento do Brasil”.  
Povo Guarani Kaiowá repudia assassinatos e emboscadas na retomada de Guapoy e reserva de Amambai

Povo Guarani Kaiowá repudia assassinatos e emboscadas na retomada de Guapoy e reserva de Amambai

 

 

A Aty Guasu – Grande Assembleia Guarani e Kaiowá – divulgou uma nota de revolta e pesar, cobrando às autoridades alguma solução para os constantes ataques ao Território Indígena. Nesta terça-feira, 13/09, o indígena Vitorino Sanches, foi alvejado no centro de Amambai (MS). Vitor já havia sofrido um atentado em agosto, mas sobreviveu.

A nota denuncia que os Kaiowá estão sendo assassinados, vêm sofrendo emboscadas e perseguições na região de Guapoy, onde aconteceu o massacre no dia 24 de junho, durante o violento e ilegal despejo executado pela PM do Mato Grosso do Sul. A desastrosa operação resultou no assassinato de Vitor Fernandes e deixou dezenas de feridos, inclusive crianças e idosos. Os agressores seguem impunes. “Não sabemos exatamente o que está acontecendo, quem são os mandantes e os mandados, o que exatamente tem ligação, mas sabemos que as duas vítimas têm em comum estarem ligados à nossa retomada”, afirmam.

Os Guarani e Kaiowá apontam que há integrantes das forças de segurança envolvidos e policiais locais têm atuado para incriminar as vítimas da violência. “A polícia ataca, o Estado permite, o público e o privado funcionam em uma única direção. Ampliar a monocultura sobre os cemitérios que um dia foram nossas terras”.

A relação de promiscuidade entre instituições de segurança, pistolagem e fazendeiros vem criando uma campanha nacional de extermínio dos povos indígenas, bradada pelo governo genocida de Bolsonaro. Em diversos momentos, o atual presidente discursou incitando o agro banditismo e autorizando invasores de Terra Indígenas a propagarem o terror para assegurar os territórios dos quais se apropriaram indevidamente. As consequências disso são inúmeras mortes de inocentes, ameaças e caos no interior do país. Os povos indígenas clamam por alguma intervenção das instituições que possa barrar a onda de genocídio.

Leia a nota na íntegra:

Amambai, MS, 14 de setembro de 2022.

NOTA DE REVOLTA E PESAR PELOS ASSASSINATOS E EMBOSCADAS CONTRA OS GUARANI E KAIOWÁ DA RETOMADA DE GUAPOY E DA RESERVA DE AMAMBAI APÓS O MASSACRE. EXIGIMOS INVESTIGAÇÃO SÉRIA E SEGURANÇA PARA AS FAMILIAS JÁ.

É com dor e preocupação que recebemos ontem a notícia do assassinato de Vitorino Sanchez em pleno centro da cidade de Amambai, a luz do dia, na vista de todos. Vitorino é o segundo assassinado em três emboscadas ocorridas em Amambai após o Massacre de Guapoy – ação ilegal e violenta da Polícia Militar contra a retomada Guarani e Kaiowá. No massacre o indígena Vitor Fernandes foi assassinado e dezenas de pessoas, sobretudo crianças e idosos ficaram feridas. Após o Massacre as emboscadas começaram a acontecer. Primeiro Marcio Moreira foi convidado a prestar serviço, abordado por pessoas em motocicleta e executado com arma de fogo e arma branca.

Depois Vitorino Sanchez sofreu atentado dentro da Reserva de Amambai, onde teve seu carro alvejado por pelo menos 15 disparos vindos novamente de dois sujeitos de motocicleta. Vitorino foi acertado por dois disparos, foi hospitalizado, mas sobreviveu. Agora, em nova emboscada, novamente contra Vitorino, o que demonstra que os agressores não desistiriam enquanto não o executassem, ele foi assassinado com vários disparos, testemunhas falaram novamente em duas pessoas em uma moto.

Esta situação de terror nos faz temer pela vida das famílias que estão na Retomada ou na Reserva. Não sabemos exatamente o que está acontecendo, quem são os mandantes e os mandados, o que exatamente tem ligação, mas sabemos que as duas vítimas têm em comum estarem ligados à nossa retomada. Marcio era liderança importante de Guapoy, Vitorino um apoiador do movimento de recuperação de nossa Terra, ano aderindo ao boicote sugerido a nossa retomada e fornecendo alimento as famílias. É difícil saber se as forças de segurança também não estão envolvidas uma vez que foram os protagonistas do Massacre que sofremos e que acabaram expostos pelas denúncias deste terrível episódio. Também precisamos saber se os fazendeiros da região estão envolvidos e até mesmo aproveitando de questões internas, como as eleições da aldeia, para atacar nossas famílias.

O fato é que os Kaiowá têm morrido, emboscados, massacrados, perseguidos enquanto os agressores seguem impunes. Até agora nada foi feito com o Estado e com os policiais que nos atacaram de forma ilegal e cheia de violência. Até agora, o assassinato de Márcio ficou como sempre sem explicação. Os ataques contra Marcio e Vitorino foram iguais, elaborados da mesma forma e isso exige uma investigação. Parte das polícias locais tem se esforçado nos inquéritos e investigações para criminalizar as vítimas, nos indígenas, ao invés de encontrar nossos violadores. Queremos ajuda das autoridades. Que o MPF, DPU, DPE, possam nos ajudar a garantir os processos de investigação e buscar apoio para proteger nossa comunidade. Que a CNDH, CDDH, CNJ, 6cc, parlamentares e demais órgãos possam vir a nosso estado cobrar que as investigações sejam feitas como se deve e assim evitar que novas vidas sejam tiradas, porque temos muitas razoes para acreditar que ainda matarão muita gente.

Precisamos também garantir a segurança das pessoas da Reserva e em especial das famílias que estão na retomada. O acesso a eles é fácil e eles não tem nenhuma proteção. Muitas estradas vicinais dão acesso ao território que inclusive fica muito próximo de outras fazendas. Tememos pela vida e integridade de todos, homens, mulheres, idosos e crianças.

Exigindo justiça e investigação em relação a estes crimes, a Aty Guasu pede ajuda das autoridades para que não haja mais parentes nossos mortos nos próximos dias. Aqui no Estado do MS, como demonstrado durante o Massacre são todos contra os Kaiowá. A polícia ataca, o Estado permite, o público e o privado funcionam em uma única direção. Ampliar a monocultura sobre os cemitérios que um dia foram nossas terras. Assim eles pensam, mas não permitiremos nem deixaremos de lutar.

Que Nhanderu nos proteja e que os senhores autoridades possam nos ajudar.

Lideranças indígenas participam da Semana Climática de Nova York para cobrar proteção de suas vidas e Terras

Lideranças indígenas participam da Semana Climática de Nova York para cobrar proteção de suas vidas e Terras

Representantes da Apib da Amazônia e Nordeste querem reforçar a importância da demarcação de terras indígenas no combate às mudanças climáticas

De 18 a 23 de setembro, lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) irão participar da Semana Climática de Nova York, nos Estados Unidos. Composta por cinco representantes da região Norte e Nordeste do país, a delegação irá denunciar para lideranças mundiais os ataques à vida e aos territórios dos povos indígenas provocados pelo Estado brasileiro. Além de reforçar a importância da demarcação de terras indígenas no combate às mudanças climáticas.

Segundo dados do MapBiomas, os territórios indígenas possuem as menores taxas de mudança de uso do solo, com apenas 2%. Elas também atuam como barreiras ao desmatamento e garantem o estoque de carbono de toda a Amazônia brasileira. Apesar disso, Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib, afirma que o papel dos povos originários na justiça climática não é reconhecido e convertido na garantia de direitos e proteção dessas áreas.

“A crise climática já não é mais uma possibilidade. Ela está ocorrendo neste momento e uma das principais soluções para termos justiça climática para toda a humanidade é a demarcação das terras indígenas. Só assim garantimos a permanência destas comunidades em seus territórios  e, consequentemente, a conservação das florestas”, disse o coordenador.

Na agenda da delegação, as lideranças também participarão de eventos em conjunto com organizações aliadas norte-americanas, como o People’s Forum com a Amazon Watch no dia 19 de setembro. Nele será apresentado um dossiê, produzido pela Apib e Amazon Watch, que mostra como grandes empresas estão adquirindo ouro proveniente de garimpo ilegal de terras indígenas da Amazônia brasileira.

Já no dia 20, a Apib e outros membros da Aliança Global de Comunidades Territoriais irão se reunir com governos e doadores privados que prometeram, durante a COP26 na Escócia, doar 1,7 bilhão de dólares para povos indígenas até 2025. Fazem parte da Aliança: a Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a Aliança Mesoamericana de Povos e Florestas (AMPB), a Aliança dos Povos Indígenas do Arquipélago (AMAN) e a Rede de Povos Indígenas e Locais para a Gestão Sustentável de Ecossistemas Florestais na África Central (REPALEAC).

Em paralelo a Semana Climática, ocorre também em Nova York a Assembleia Geral da ONU que terá a participação do presidente Bolsonaro no dia 20 de setembro. A Articulação indígena vê este momento como uma oportunidade para expor os retrocessos da agenda anti-indígena e ambiental do atual governo por meio de um ato em frente a ONU.Na Assembleia de 2021, Bolsonaro mentiu ao dizer que o Brasil reduziu as taxas de desmatamento na Amazônia.

“Este ano novamente batemos recordes de desmatamento no Brasil. Que redução é essa? Bolsonaro e sua base aliada têm dado continuidade ao destrabalho do ex-ministro do meio ambiente Ricardo Salles, atuando no ataque à legislação ambiental e aos direitos dos povos indígenas. Exemplos claros disso são a tese do Marco Temporal e os PLs 191/2020, que flexibiliza a mineração em terras indígenas, e 3729/2004 que enfraquece os requisitos para o licenciamento ambiental. Precisamos barrar isso urgentemente!”, ressalta Dinamam.

Em 2021, a Apib também participou da COP26 com a maior delegação indígena brasileira. No evento, o grupo afirmou que não haverá futuro sem os direitos dos povos indígenas estarem garantidos, mensagem que irá se manter em Nova York.

Leis anti-desmatamento de importantes compradores de commodities do Brasil

A Apib também está atenta aos países que estão elaborando legislações específicas para reduzirem a importação de desmatamento, em suas cadeias de consumo e produção.

A Lei de Compras Livres de Desmatamento de Nova York foi introduzida pela primeira vez em março de 2021. Ela visa modificar a Lei de Finanças do estado, adicionando novas disposições de compras livres de desmatamento. Ganhou forte apoio no Senado, mas parou na Assembleia devido a preocupações com a oposição do governo canadense e da indústria madeireira. Agora também será reintroduzido no início de 2023. Em reuniões com legisladores que estão a frente da elaboração dessa lei, as lideranças demandarão que seja criada uma lei ambiciosa e que leve em conta a proteção de todos os biomas brasileiro, considerando a grande pressão sentida nos territórios indígenas devido a proximidade com grandes plantações e pastagens.

Outra pauta que será levantada pela delegação da Apib na Semana Climática em Nova York é a Lei anti-desmatamento da União Europeia – FERC. O projeto europeu, que foi votado no dia 13 de setembro, coloca em risco a proteção de todos os biomas brasileiros.

Isso porque os países europeus são importadores de commodities brasileiras como carne, soja e couro. Um exemplo disso é que a Europa é o segundo mercado de venda da soja produzida no Brasil e é uma grande importadora de carne bovina e outros produtos brasileiros de risco florestal.

Porém, o texto inicial previa a implementação da lei somente em terras consideradas florestas de acordo com a definição da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que desconsidera grande parte dos biomas brasileiros e, consequentemente, exclui também a realidade de parte dos povos indígenas do Brasil e negligência o debate climático.

Na votação, o Parlamento Europeu aceitou incluir medidas que obriguem as empresas produtoras de commodities a respeitar as normas internacionais de respeito aos direitos dos povos indígenas na lei sobre importação de produtos com risco florestal. No entanto, rejeitaram a inclusão de todos os biomas dentro da proteção da lei.

“Essa lei anti-desmatamento trouxe alguns avanços na garantia internacional dos direitos dos Povos Indígenas como também o direito à consulta livre, prévia e informada, mas esperávamos que essa legislação fosse bem mais ambiciosa”, afirma Dinamam Tuxá, coordenador da APIB.

Em junho, lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil estiveram no Parlamento Europeu e defenderam que todos os biomas e Terras Indígenas fossem ser considerados e protegidos pela europeia.

Parlamento Europeu incluiu respeito aos direitos indígenas na votação da Lei anti-desmatamento, biomas não foram incluídos

Parlamento Europeu incluiu respeito aos direitos indígenas na votação da Lei anti-desmatamento, biomas não foram incluídos

O Parlamento Europeu votou ontem, 13 de setembro, a proposta de lei sobre importação de produtos com risco florestal (FERC – Forest and ecosystem-risk commodities). Entre os resultados do debate sobre o texto da regulação destaca-se a inclusão do respeito aos acordos e tratados internacionais sobre direitos dos Povos Indígenas, tal e como a APIB vinha defendendo desde o início da proposição de dita legislação. No entanto, outra das principais demandas da APIB que era a proteção de todos os biomas, independentemente da definição da cobertura florestal, não foi incluída. 

A lei FERC, também conhecida como lei anti-desmatamento, vai incluir medidas que obriguem às empresas produtoras de commodities a respeitar a legislação internacional sobre direitos humanos, o que inclui a garantia dos direitos dos Povos Indígenas. Os Membros do Parlamento Europeu (MEPs), reunidos ontem (13) em Estrasburgo, na França, votaram a proposta de texto de lei e revisaram as sugestões de modificação, algumas das quais foram incluídas no texto que resultou da plenária. Entre as propostas aceitas pelos MEPs destaca-se o pré-requisito de que os Povos Indígenas tenham acesso garantido à consulta livre, prévia e informada sobre a produção de commodities segundo defende a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Nenhum produto poderá ser importado na União Europeia sem que a empresa responsável tenha o consentimento dos Povos Indígenas afetados para instalar uma atividade produtiva de commodities próxima às suas terras

Outra das propostas aceitas, foi a revisão da lei anualmente (a cada um ano), ao invés de a cada dois anos como estava previsto inicialmente. Os MEPs não cederam às pressões dos lobbies empresariais e o couro foi incluído no grupo de commodities reguladas pela lei anti-desmatamento. Isso implica uma grande vitória, pois o couro é um dos principais produtos potencialmente responsável pelo desmatamento importado pela União Europeia . Além da carne bovina, óleo de palma, soja, madeira, café e derivados (como chocolate e móveis), que a lei considerava na sua proposta inicial, também vai considerar a rastreabilidade de desmatamento nas cadeias de produção de carne suína, ovina, caprina, aves, milho, borracha e produtos derivados do papel.

Também foi reconhecido o importante papel que jogam os financiadores das cadeias de produção de commodities e a necessidade de regulação para que os bancos e investidores europeus não financiem desmatamento e violações dos direitos humanos

Consciente de que a criação de uma lei contra a importação de produtos com risco florestal nos países da União Europeia não vai acabar com o desmatamento para produção de commodities que podem ser vendidas em outros mercados além do Europeu, o Parlamento Europeu propõe um programa de cooperação entre países para aplicar medidas que zerem a destruição florestal. Os MEPs propuseram que a Comissão Europeia seja responsável pela elaboração de mapas que identifiquem os países com altos riscos de desmatamento, com o intuito de apoiar programas internacionais de cooperação. Da mesma forma, insistiram na necessidade de uma boa governabilidade, assim como na proteção dos direitos dos Povos Indígenas, populações tradicionais e outras pessoas que dependem da natureza dentro dos países atingidos.

O Parlamento solicitou uma assistência para que os pequenos produtores possam cumprir com as regras estabelecidas pela lei FERC, entre as que destacam por exemplo a necessidade de uma rastreabilidade de geolocalização dos produtos. É justo e necessário que se construam programas de parceria e cooperação para ajudar os pequenos produtores a fazer uma transição a uma produção agrícola e pecuária sustentável

Além disso, a legislação incluirá acesso a órgãos de justiça independentes e imparciais para fiscalizar os impactos de desmatamento provocados pela produção de commodities, mas só de forma administrativa. As empresas não poderão ser diretamente processadas por lei penal nem criminal a partir dos mecanismos da FERC. Os euro-parlamentares rejeitaram a solicitação de incluir na lei anti-desmatamento a necessidade de mecanismos de compensação para os Povos Indígenas afetados pelas cadeias de produção de commodities. 

“O que essa lei precisa é ser mais rígida na rastreabilidade desses produtos. Os povos indígenas não estão atrás de compensação, o que nós queremos, de fato, é que existam medidas para evitar os impactos e que as empresas que praticam esse tipo de ilicitude não sejam só penalizadas de forma administrativa, mas que sejam devidamente processadas e respondam criminalmente pelos atos praticados”, explica Dinamam Tuxá, coordenador da APIB. “

Outra das demandas mais importantes que ficou fora, foi a solicitação de que todos os biomas – independentemente da definição de florestas da FAO aplicada na lei FERC- sejam considerados na aplicação da legislação anti-desmatamento. “Para além do que essa lei reconheceu nós gostariamos que essa lei fosse muito mais ambiciosa principalmente reconhecendo e protegendo os outros biomas, para a garantia e proteção desses territórios que também estão sob a ameaça do avanço do agronegócio”, afirma Tuxá. E ele adiciona: “Entendemos que o não reconhecimento de outros biomas dentro dessa lei vai pressionar ainda mais o desmatamento fora da Amazônia. Isso nos traz preocupação porque são áreas produtivas que já estão em bastante conflito e que, em muitos lugares do Brasil, tem avançado drasticamente sobre os territórios indígenas”. A aplicação restritiva das áreas naturais protegidas abre uma brecha para que o desmatamento provocado por algumas cadeias de produção de commodities seja deslocado de umas regiões para outras sem resolver o problema. A APIB insiste na necessidade de revisão desse ponto nos próximos meses de debate antes da aprovação final do texto. 

O resultado da votação foi o último passo na elaboração do texto da lei sobre importação de produtos com risco florestal, que foi apresentada no Parlamento Europeu em novembro de 2021. No entanto, a legislação ainda pode passar por modificações, pois agora começam as negociações entre o Parlamento Europeu, o Conselho Europeu e a Comissão Europeia. Esse processo, conhecido como “trilogs”, tem como objetivo concluir numa versão final da legislação até o final do ano de 2022, aproximadamente, que será finalmente aprovada por todos os estados membros do Parlamento Europeu. Só depois disso, a lei poderá entrar em vigor. 

Coletivo de Caciques e Lideranças do extremo sul da Bahia denuncia em Brasília os ataques aos Pataxó

Coletivo de Caciques e Lideranças do extremo sul da Bahia denuncia em Brasília os ataques aos Pataxó

 

Uma comissão de lideranças indígenas da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) está em Brasília, acionando diversas instituições para defender o Território Indígena Pataxó dos ataques da milícia bolsonarista, que há meses ameaça as comunidades do extremo sul da Bahia. Os cercos armados já levaram ao assassinato de um menino de 14 anos. A comissão busca ampliar as denúncias da situação e cobrar a justiça sobre os envolvidos, mandantes e pistoleiros. “A comissão continuará com as denúncias, até que sejam punidos os responsáveis pelos atos de violências e mortes que ocorreram nos últimos dias”, afirma a nota.

Um relatório sobre o histórico de ataques foi entregue à Comissão Nacional de Direitos Humanos, à Subprocuradoria Geral da República e à Procuradoria Regional da República da 1° Região. O documento também será encaminhado à ONU e outras organizações internacionais.

Confira a nota:

Nota das Organizações do Coletivo de Caciques e Lideranças Pataxó do entorno do Monte Pascoal das Terras Indígenas Comexatibá, Barra Velha e o Território Pataxó de Coroa Vermelha.

Comissão de lideranças Pataxó do Sul e do Extremo Sul da Bahia, representados pelas suas organizações dos territórios Comexatibá, Barra Velha e Território Coroa Vermelha, realizaram diversas reuniões em Brasília-DF, onde a pauta dessas agendas para denunciarem os ataques de pistolagem (milicianos) a mando de fazendeiros (grileiros) e suas organizações.

Os descasos que vem ocorrendo nas aldeias, que covardemente resultou na morte do um jovem indígena pataxó de 14 anos (Gustavo Silva da Conceição), fato que ocorreu no dia 04 de setembro de 2022.

As ameaças continuam constantemente através dos ataques violentos, na tentativa de tirar nosso povo de suas terras tradicionais, onde os mesmos alegam ser donos.

As denúncias foram feitas na Comissão Nacional de Direitos Humanos, onde foi entregue um relatório dos descasos violentos contra nosso povo.

Os mesmos documentos foram entregues na Subprocuradoria Geral da República, na Coordenação da 6° Câmara e na Procuradoria Regional da República da 1 Região. O documento será traduzido do português para o inglês, para ser entregue às organizações internacionais, através da ONU, para que o mundo fique sabendo, das ameaças e da violência que vem ocorrendo contra nosso povo.

A comissão continuará com as denúncias, até que sejam punidos os responsáveis pelos atos de violências e mortes que ocorreram nos últimos dias.

“O direito à diferença, previsto no art. 231, da atual Constituição, explicita que a nós, indígenas, não podem ser negados direitos deferidos aos demais cidadãos brasileiros, assegurando a todos os povos originários do Estado brasileiro os diversos direitos decorrentes de sua peculiar situação”.

Atenciosamente,

Conselho de Caciques e Lideranças Pataxó de Santa Cruz Cabrália – COLIPA
Conselho de Caciques e Lideranças Pataxó da Terra Indígena de Barra Velha- CONPACA
Federação indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia- FIMPAT
Movimento Unidos dos Povos e Organizações indígenas da Bahia- MOPOIBA
Movimento Indígena da Bahia- MIBA
Conselho da Juventude Pataxó da Bahia- CONJUPAB
Conselho Local de Lideranças Pataxó do Território Pataxó Ponta Grande – COLIPAG
Coordenação Local de Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME)

Liderança Guarani e Kaiowá é morta em Emboscada com 35 tiros!

Liderança Guarani e Kaiowá é morta em Emboscada com 35 tiros!

Na ultima terça-feira (13) o parente Vitorino Sanches, do povo Guarani e Kaiowá, foi vitima de uma emboscada, na região de Amambai – MS, onde pistoleiros dispararam mais de 35 tiros em direção ao carro que o parente estava. Vitorino chegou a ser socorrido e levado até o hospital, mas não resistiu.

Em pouco mais de um mês esse foi o segundo ataque ao parente. O primeiro aconteceu em 1º de agosto, onde o carro de Vitorino foi alvejado com mais de 10 tiros.

Desde junho, os parentes e parentas Guarani e Kaiowá da região de Amambai tem sofrido diversos ataques de pistoleiros e fortalecidos pelo agro banditismo e encorajados pelo discurso genocida do presidente.

Exigimos que a justiça seja feita e os criminosos sejam devidamente punidos!

Chega de violência contra nossos corpos e nossos territórios, chega de derramar sangue indígena!