Indígenas de todo Brasil se reunirão em Brasília  para denunciar ataques e reafirmar resistências

Indígenas de todo Brasil se reunirão em Brasília para denunciar ataques e reafirmar resistências

Mobilização Nacional acontece em meio a uma das maiores ofensivas contra os direitos indígenas das últimas décadas.

O Acampamento Terra Livre (ATL) vai reunir milhares de lideranças indígenas de todo o país de 24 a 26 de abril, em Brasília. A maior mobilização de povos indígenas do Brasil será realizada em meio a uma grande ofensiva contra seus direitos, ameaças e violência contra lideranças e o sucateamento dos órgãos responsáveis pelas políticas públicas indigenistas. Neste ano, o mote do acampamento é “Sangue indígena. Nas veias, a luta pela terra e território”.

Com forte caráter de resistência, seu objetivo é reunir lideranças dos povos indígenas das cinco regiões e parceiros de todo o mundo, entre eles, lideranças indígenas da Coica (Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica), AMPB (Alianza Mesoamericana de Pueblos y Bosques), AMAN (Aliança dos Povos Indígenas do Arquipélago da Indonésia) e outros para articular estratégias de luta e visibilizar a realidade brasileira, denunciando os constantes e crescentes ataques. Estarão em pauta: a transferência da FUNAI do Ministério da Justiça para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; a municipalização da saúde indígena; a proposta de marco temporal (uma tese político-jurídica inconstitucional, segundo a qual os povos indígenas só teriam direito às terras que estavam sob sua posse em 5 de outubro de 1988); as mudanças no poder Executivo, com a transferência do poder de demarcação para o Ministério da Agricultura sob comando da bancada ruralista; a intensificação das invasões às terras indígenas e as ameaças às lideranças; entre outros.

Durante os três dias do ATL acontecerão marchas, atos públicos, audiências com autoridades, assembleias e debates. O ATL 2019 é realizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) com o apoio de organizações indígenas, indigenistas e socioambientais, movimentos do campo e da cidade e apoiadores da sociedade civil.

Em menos de 90 dias de Governo Bolsonaro os ataques aos direitos indígenas já desmontaram 30 anos de política indigenista:

1 – Transferência da Funai para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
2 – Entrega das pastas da Demarcação e licenciamento ambiental o MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sob comando dos ruralistas.
3 – Extinção da SECADI – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI/MEC).
4 – Extinção do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional).
5 – Aumento dos conflitos territoriais devido ao discurso que afirma “não haverá um centímetro de terra demarcada”.
6 – Negociação e entrega da Amazônia a interesses e corporações nacionais e internacionais.
7 – Articulação intensa para a Reforma da Previdência, que é na verdade o fim da previdência pública.
8 Liberação do porte de arma, possibilitando assim que no campo a violência aumente e os riscos aos indígenas também.
9 – Determinação de municipalizar a saúde indígena, acabando com a SESAI – A Secretaria Especial de Saúde Indígena.
10 – Exploração e empreendimentos que impactam diretamente as Terras Indígenas com consequências irreversíveis para o meio ambiente, a cultura e modo de vida dos nossos povos.
11 – Estabelecimento de novo marco legal, através de medidas administrativas, jurídicas e legislativas que afrontam ou suprimem o direito originário dos nossos povos, o direito de ocupação tradicional, de posse e usufruto exclusivo das nossas terras, territórios e bens naturais.

O Governo Bolsonaro e sua política genocida, Municipalização da Saúde Indígena é genocídio declarado!

O Governo Bolsonaro e sua política genocida, Municipalização da Saúde Indígena é genocídio declarado!

O governo Bolsonaro segue com a sua política genocida atacando severamente, cada vez mais, os povos indígenas. O seu ministro Luiz Henrique Mandetta em um pronunciamento sobre a política de saúde no Brasil, anunciou em 30 segundos o fim do subsistema de saúde indígena. Tal atitude não nos causa nenhuma estranheza, diante dos retrocessos praticados e anunciados pela extrema direita no poder, porém, nos causa muita indignação e revolta.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com o apoio das suas organizações de base em todas as regiões do país, vêm a público manifestar o seu profundo e veemente repúdio à posição rotineira e intransigente deste governo de destruir de todas as formas, os povos originários deste país.

Desde o início de seu mandato, o referido ministro da saúde tem anunciado o projeto do governo Bolsonaro e suas intenções quanto a municipalização da saúde indígena, ação esta condenada pelos povos e organizações indígenas, pois a intenção é unicamente o desmonte da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), historicamente conquistada com muita luta pelo movimento indígena.

Desde a criação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), em 1967, diferentes instituições e órgãos governamentais ficaram a frente da responsabilidade pelo atendimento à saúde dos povos indígenas, que apesar de diversas e constantes avaliações e orientações, nunca foi satisfatório.

Em 1999, com a criação da “Lei Arouca” (n° 9.836) a gestão da saúde indígena voltou para o Ministério da Saúde, com a responsabilidade de estabelecer as políticas e diretrizes para a promoção, prevenção e recuperação da saúde indígena, cujas ações passaram a ser executadas pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) com a criação e implementação dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei’s), cujos serviços de atenção básica à saúde e prevenção começaram a ser executadas em todo Brasil, através da estratégia de descentralização de recursos via convênios, firmados com organizações da sociedade civil – associações indígenas e indigenistas – e algumas administrações municipais.

O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI/SUS) vinculado diretamente ao Sistema Único de Saúde, então regido pela Funasa por décadas, passou a ser alvo de graves denúncias de corrupção e deficiências no atendimento. A partir daí, o movimento indígena iniciou a luta para que a gestão da saúde indígena passasse para a responsabilidade do Poder Executivo Federal, por meio de uma secretaria específica, diretamente ligada ao Ministério da Saúde.

Em 2010, essa histórica reivindicação dos povos indígenas foi atendida com a criação da Secretaria Especial da Saúde Indígena (SESAI), que ligada diretamente ao Ministério da Saúde assumiu a responsabilidade de gerenciar todo o subsistema de atenção à saúde dos povos indígenas do país, levando em conta critérios epidemiológicos, geográficos, culturais e etnográficos dos povos indígenas.

A SESAI é uma conquista da luta dos povos indígenas do Brasil. Nasceu após meses de discussões do grupo de trabalho criado na época pelo próprio governo federal, composto por 26 membros, entre representantes do Ministério da Saúde, da Funasa, da Funai e de lideranças indígenas. Este extenso trabalho culminou em cinco grandes seminários regionais por todo o país, que promoveram escuta e debate com diversos povos e lideranças indígenas, com resultado coletivamente aprovado num amplo processo de consulta popular.

Recentemente, diante das diversas ameaças de retrocessos, os povos indígenas se manifestaram veementemente contrários ao indicativo de municipalização da saúde indígena, dada a evidente e inevitável catástrofe que seria para os povos indígenas a concretização da proposta, ademais em ano político eleitoral municipal se aproximando.

O senhor Ministro da Saúde demonstrou indiferença em relação a preocupação dos povos indígenas, pois continua reafirmando em suas manifestações a transformação da SESAI em um mero DEPARTAMENTO. Na prática, a medida é um golpe contra a política de saúde, já que, convertida em departamento, a SESAI perderá sua autonomia administrativa, orçamentária e financeira.

Atos criminosos planejados pelo senhor Ministro Mandetta, como o não pagamento dos salários dos servidores, impossibilitando o atendimento às comunidades, a falta de repasse de recursos comprometendo ações essenciais como a compra de remédios, a realização de exames e a remoção de doentes para os centros de referência, o fechamento das Casas de Apoio ao Índio (CASAI) e a generalização sobre a atuação das ONG’s, estão acontecendo, já articulados pelo projeto perverso de empurrar goela abaixo dos povos indígenas a municipalização – sucateando a saúde e tornando-a insustentável, para que a população indígena agonize até a morte nos municípios, desresponsabilizando a União.

Não é no município que a diversidade no atendimento será assegurada. O nosso modelo foi construído com princípios e diretrizes que garantem o respeito a diversidade dos povos e territórios indígenas e garantem a participação do controle social para que as comunidades possam acompanhar, fiscalizar e contribuir com a execução da política nacional de saúde.

Assim sendo, os povos indígenas do Brasil estão organizados e mobilizados para não aceitar tamanha atrocidade, convocando o maior levante da história, mobilizações locais, regionais e nacional, pela vida dos nossos povos. Não vamos assistir ao extermínio de nossa população em silêncio!

Vamos lutar de pé com todas as forças que temos!
Mobilização já!
Resistir para Existir!
Sangue Indígena, Nenhuma Gota a Mais!
De 25 a 29 de março, semana de mobilização!

Articulação dos povos indígenas do Brasil, 24 de março de 2019.

Baixe a nota aqui: Nota APIB -SESAI (1)

APIB aciona PGR contra a transferência para a Agricultura da demarcação de terras indígenas

APIB aciona PGR contra a transferência para a Agricultura da demarcação de terras indígenas

Apib protocolou representação onde pede que Raquel Dodge, ingresse com ação judicial para suspender o Art. 21, inciso XIV e seu parágrafo 2º, inciso I, da Medida Provisória n. 870, de 1º de janeiro de 2019, referente a atribuição do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no que tange a identificação, delimitação e registro de terra tradicionalmente ocupada, pela afronta ao Art. 6º, da Convenção nº 169 sobre povos indígenas e tribais da Organização Internacional do Trabalho – OIT, promulgada pelo Decreto nº 5.051, de 19 de abril de 2004; bem como pela afronta do Art. 1º do Decreto n. 1.775/96, Art. 19 da Lei n. 6.001/73 e Arts. 1º e 4º do Decreto n. 9.010/2017.
Solicitou a instauração de Inquérito Civil com o fito de investigar e monitorar os atos e processos administrativos de demarcação de terras indígenas que irão tramitar no âmbito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como apurar eventual responsabilidade administrativa atentatória à moralidade administrativa, a democracia e ofensa aos direitos culturais dos povos indígenas, com fundamento no Art. 129, inciso V, da Constituição de 1988.

Veja petição na íntegra abaixo:

Representação APIB Bolsonaro – MP 870 VF

PELO DIREITO DE EXISTIR! POR UM BRASIL PLURIETNICO E MULTICULTURAL

PELO DIREITO DE EXISTIR! POR UM BRASIL PLURIETNICO E MULTICULTURAL

Para quem tinha dúvidas quanto aos interesses que Bolsonaro representa, já no seu primeiro dia de governo, ele deixou claro seu compromisso com o que há mais atrasado no Brasil. Ao lançar a Medida Provisória número 870 de 1 de janeiro de 2019, reconheceu sua dívida com a Bancada Ruralista, e transferiu para o Ministério do Agronegócio a responsabilidade pela identificação, delimitação, demarcação e registro de terras indígenas, que historicamente eram atribuições da FUNAI, dada a sua missão de proteger e promover os direitos dos povos indígenas.

Bolsonaro e os coronéis da Bancada Ruralista sabem que para colocar mais terras no mercado, vão precisar inviabilizar a demarcação das terras indígenas, quilombolas, assentamentos de reforma agraria e unidades de conservação. Mas também sabem que o mundo tende para um novo modo de produzir e consumir, e que não vamos hesitar em denunciar esse governo e o agronegócio nos quatro cantos do mundo, denunciando e exigindo, a adoção e o respeito às salvaguardas sociais e ambientais, necessárias ao fiel cumprimento de nossos direitos constitucionais. Estamos preparados, não vamos recuar, nem abrir mão dos direitos conquistados, e muito menos entregar nossos territórios para honrar o acordo entre Bolsonaro e seus coronéis.

Nós povos indígenas em respeito aos nossos ancestrais e comprometidos com as futuras gerações, estamos dispostos a defender os nossos modos de vida, a nossa identidade e os nossos territórios com a nossa própria vida, e convocamos a sociedade brasileira a se juntar a nossa luta em defesa de um país mais justo, solidário e do nosso direito de existir.

Para tanto a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil- APIB, recomenda que cada estado, organize o ingresso de uma ação popular requerendo judicialmente a nulidade dos atos praticados pelo presidente Jair Messias Bolsonaro que destrói praticamente toda a política indigenista brasileira.

Demarcação Já!!!!

EDITAL DE CHAMADA DE ARTIGOS PARA PUBLICAÇÃO EM LIVRO ELETRÔNICO

EDITAL DE CHAMADA DE ARTIGOS PARA PUBLICAÇÃO EM LIVRO ELETRÔNICO

A APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil em parceria com o NÚCLEO DE DEFESA E ASSESSORIA JURÍDICA POPULAR DE MS (NAJUP/MS), lançam em conjunto o EDITAL DE CHAMADA DE ARTIGOS PARA PUBLICAÇÃO EM LIVRO ELETRÔNICO.

O edital tem como objetivo a seleção de artigos inéditos para compor a publicação “Justiça Criminal e Detentos Indígenas”. As inscrições permanecerão abertas de 10/01/2019 até 20/02/2019. Acesso o link abaixo e confira o edital.

Link: Edital – Chamada de artigos APIB VF

APIB denuncia à CIDH violações a direitos humanos dos povos indígenas no Brasil

APIB denuncia à CIDH violações a direitos humanos dos povos indígenas no Brasil

Apib se encontrou com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para relatar as violações a direitos humanos perpetrado contra os povos indígenas no Brasil. Na oportunidade foi entregue um dossiê contendo as seguintes recomendações:

  1. Que o Estado brasileiro adote medidas imediatas para proteger a segurança de líderes indígenas, inclusive por meio de programas de proteção fortalecidos e culturalmente adequados, e a conduzir investigações sobre todos os ataques e assassinatos de povos indígenas e levar os responsáveis à justiça;
  2. Que o Estado brasileiro implemente política de atenção específica voltada para a situação das crianças, jovens e mulheres indígenas, especialmente em relação às alarmantes taxas de suicídios em comunidades indígenas, a crescente violência contra mulheres indígenas e a adoção ilegal de crianças indígenas;
  3. Que o Estado brasileiro conclua a demarcação das terras indígenas no Brasil, invidando esforços em relação as situações de Mato Grosso do Sul, Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;
  4. Que o Estado brasileiro conclua todos os processos de demarcação pendentes na FUNAI, Ministério da Justiça e Presidência;
  5. Que o Estado brasileiro implemente o direito de consulta e consentimento prévio, livre e informado dos povos indígenas com relação a projetos, políticas e medidas legislativas e administrativas que tenham um impacto sobre seus direitos.
  6. Que o Estado brasileiro adote medidas para reparar impactos e consequências de atividades de mineração, da expansão do agronegócio e outros projetos de desenvolvimento de grande escala sobre a saúde, terras, culturas e modos de vida dos povos indígenas, inclusive suas formas de organização social e econômica;
  7. Que os poderes do Estado brasileiro – judiciário, Legislativo e Executivo – considerem com urgência, e em colaboração com os povos indígenas, a eliminação das barreiras que impedem os povos indígenas de realizarem seu direito à justiça e garantam que recursos adequados sejam disponibilizados para esse fim;
  8. Que o Estado brasileiro implemente orçamento para a FUNAI, fortalecendo sua capacidade de oferecer serviços e seu papel na proteção dos direitos territoriais e de autodeterminação dos povos indígenas;
  9. Que o Estado brasileiro assegure o fortalecimento Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde e a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade, Inclusão e Diversidade (SECAD), do Ministério da Educação;
  10. Que o Estado brasileiro assegure e amplie a participação dos povos, comunidades e organizações indígenas, bem como de outras organizações da sociedade civil, tal como o Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), criado por meio do Decreto no 8.593, de 17/12/15;
  11. Que o Estado Brasileiro se abstenha de efetuar cortes e o contingenciamento de recursos destinados às ações de proteção e promoção dos direitos dos povos indígenas em isolamento voluntário e de recente contato, de responsabilidade do Ministério da Justiça e Segurança Pública e executadas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), por meio da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) e Frentes de Proteção Etnoambiental (FPE).
APIB na linha de frente da defesa do clima!

APIB na linha de frente da defesa do clima!

A marcha Rise for Climate (Levante pelo Clima) levou no último 8/9 às ruas milhares de pessoas de centenas de cidades do mundo inteiro, com objetivo de pressionar os líderes mundiais a adotarem políticas mais sustentáveis em resposta às mudanças climáticas. Foram mais de 900 manifestações espalhadas pelo planeta.

Uma das maiores delas aconteceu em São Francisco, na Califórnia (EUA), que reuniu mais de 30 mil pessoas. A delegação brasileira, formada por membros da APIB,  estava entre os Guardiões da Floresta puxando a marcha.

Contra os conflitos provocados pelo agronegócio e o pelo respeito aos nossos direitos originários sobre as nossas terras

Contra os conflitos provocados pelo agronegócio e o pelo respeito aos nossos direitos originários sobre as nossas terras

O CONSELHO DO POVO TERENA e a ATY GUASU GUARANI KAIOWÁ, organizações indígenas de representação tradicional em Mato Grosso do Sul e que integram a ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL (APIB), veem a público se manifestar a respeito da “Carta de Campo Grande”, assinada pela Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (ACRISSUL), e divulgada no dia 24 de agosto de 2018, após encontro denominado “Conflitos Indígenas e o Agronegócio do Mato Grosso do Sul”.
Somos povos originários, anteriores a invenção das fronteiras colonizadoras dos não-indígenas, anteriores inclusive ao próprio Estado brasileiro. No Mato Grosso do Sul, a invenção das fronteiras internacionais e internas – constituição de fazendas em cima de nossas terras – implicaram na expulsão de nossos antepassados, sob a conivência daqueles que deveriam defender o interesse dos povos indígenas, manipulando e valendo-se de expedientes supostamente legais para legitimar a grilagem dos nossos territórios tradicionais. As práticas estatais tão amoldadas pela elite sul-mato-grossense são subterfúgios administrativos criados para os seus interesses particulares.

Após 518 anos de violência contra nossas mulheres, jovens, crianças, anciões e principalmente contra a exploração de nossa MÃE TERRA, não nos calaremos, continuaremos denunciando o genocídio em trâmite neste estado. Nossa Constituição Cidadã está completando 30 anos de sua promulgação e, muito embora não seja a primeira a reconhecer os direitos originários dos povos indígenas, é a Carta Magna que impôs prazo de 5 anos para a conclusão das demarcações de terras indígenas no Brasil, repetindo inclusive o prazo dado pela Lei 6.001 em 1973. Diante da mora do Estado brasileiro com os povos indígenas a retomada das nossas terras é medida que se impõe. Pois ninguém em sã consciência deve se omitir e viver, vendo sua Mãe Terra sendo explorada pelo agronegócio e não tomar nenhuma medida. Nossa relação com a Mão Terra foge à compreensão dos “purutuyê” (não indígenas), por isso nos acusam de invasores, quando na verdade estamos reocupando o que já é nosso, visando a nossa continuidade enquanto povos e condições dignas para as nossas futuras gerações!

Diante desse cenário, reafirmamos:

O processo de demarcação de terra indígena é ato estatal que visa a declarar, isto é, reconhecer  apenas formalmente, e não constituir nossos territórios. Ou seja, a terra já é nossa! O que falta é apenas o reconhecimento estatal que se dará seguindo os trâmites legais impostos pelo direito monista brasileiro. A portaria declaratória de demarcação de terra indígena visa apenas “declarar” uma situação jurídica pré-existente. Nossas terras não passam a existir após a demarcação, elas já existem! O que a Funai faz é apenas uma formalidade: um ato administrativo previsto em lei.

O direito de propriedade não é absoluto! Ao contrário dos direitos dos povos indígenas que foram tratados em capítulo próprio da Constituição e não sofreu limitação alguma, o direito de propriedade ao tempo que tem seu assento constitucional ele é condicionado ao atendimento da sua função social, portanto, é um direito que desaparece facilmente diante de um direito coletivo igualmente protegido – com status de cláusula pétrea – pela Constituição;

Exigimos veementemente a revogação do Parecer 001/2017 da AGU, um dos atos arbitrários da gestão golpista de Michel Temer que com objetivo de se livrar da denúncia no Congresso Nacional, negociou nossos direitos e comprou o voto da bancada ruralista. Foi-se o tempo em que a advocacia da União defendia os interesses republicanos, no caso das terras indígenas do bens da União, e transformou-se em escritório de defesa do agronegócio. As condicionantes suscitas no âmbito do conhecido julgamento Caso Raposa Serra do Sol não são vinculantes, como o próprio Supremo já firmou entendimento. Aliás, nem mesmo na Raposa Serra do Sol essas condições foram aplicadas, pois se assim estivesse acontecido, aquela terra indígena não teria sido demarcada de forma contínua e sim em ilhas.

A tese do marco temporal é sem dúvida a maior farsa jurídica já articulada pelos ruralistas. É inimaginável forçar a vontade do Constituinte originário a reconhecer apenas as terras ocupadas no dia da promulgação da Constituição Federal. Nossa Carta política não trabalhou com data certa, pelo contrário, reconheceu o direito originário e reafirmou o instituto do indigenato, previsto no ordenamento jurídico brasileiro desde o tempo do Brasil Colônia. Impor o “marco temporal” é a expressão máxima do racismo institucional impregnado nos poderes estatais, pois se valem deste argumento para negar direitos histórica e constitucionalmente reconhecidos.

Repudiamos qualquer proposta de mudança da Constituição. O poder constituinte originário foi categórico ao reconhecer nosso direito como anterior a qualquer outro, proibindo inclusive o pagamento de indenização. Não existe justificativa para União pagar por um bem que já é dela, como no caso das terras indígenas. Pois o efeito da demarcação de terra indígena se opera sobremaneira,  fazendo desaparecer todo e qualquer negócio jurídico que tenha por objeto a posse ou suposta propriedade de nossas terras ancestrais. Esta é a vontade do constituinte!

Por fim, vale repetir trecho de manifestação do Supremo Tribunal Federal “Essa a razão de a carta Magna havê-lo chamado de “originários”, a traduzir um direito mais antigo do que qualquer outro, de maneira a preponderar sobre pretensos direitos adquiridos, mesmo os materializados em escrituras públicas ou títulos de legitimação de posse em favor de não-índios”.

Pelo fim dos conflitos orquestrados pelo agronegócio contra os nossos povos e pelo respeito ao nosso direito originário, continuaremos a retomar os nossos territórios!

Hanaiti Ho`úveno Têrenoe (Conselho Terena)

Aty Guasu Guarani Kaiowá

Campo Grande – MS, 03 de setembro de 2018.

Nota contra o Parecer 001 da AGU

Nota contra o Parecer 001 da AGU

A Mobilização Nacional Indígena (MNI), espaço de articulação de organizações indígenas, indigenistas e ambientalistas, com o apoio de outras organizações da sociedade civil, abaixo assinadas, vêm a público manifestar uma vez mais o seu profundo repúdio à posição intransigente do atual governo no ataque aos direitos dos povos originários deste país. Desde que assumiu o seu posto como chefe do Executivo nacional, Michel Temer tem promovido uma política indigenista subserviente aos interesses do capital, principalmente da bancada ruralista do Congresso Nacional, e dirigida à violação das garantias previstas na Constituição. A manifestação mais clara destas suas intenções veio a público com as digitais do próprio Presidente da República e de sua Ministra, a Advogada Geral da União, Grace Mendonça: o Parecer Vinculante nº 001/2017.

Publicado em julho de 2017, o referido Parecer transforma em regra a tese político-jurídica do marco temporal – segundo a qual só poderiam ser demarcadas as terras que estivessem sob posse das comunidades indígenas na data de 5 de outubro de 1988 – legalizando e legitimando o esbulho, a violência e as violações de que os povos indígenas foram vítimas antes de 1988.

Não é a primeira vez que manifestamos nosso repúdio a este Parecer genocida e antidemarcação das terras indígenas. Mobilizados no Acampamento Terra Livre (ATL), realizado em Brasília de 23 a 27 de abril deste ano, cerca de duas mil lideranças indígenas foram à sede da Advocacia Geral da União (AGU) para exigir a revogação imediata do Parecer 001. Naquela oportunidade, uma comissão de lideranças indígenas foi recebida por representantes da AGU, do Ministério da Justiça (MJ), da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério Público Federal (MPF). As lideranças tiveram a oportunidade de manifestar de forma enfática e firme a demanda do movimento indígena: a revogação do Parecer Vinculante nº 001. 

Na ocasião, como era esperado de uma integrante de alto escalão do governo Temer alinhada com os interesses da bancada ruralista, a Ministra-Chefe da AGU expressou sua total indisposição para a revogação do Parecer 001/2017. E pior, com cinismo, seguiu defendendo a normativa com o argumento falacioso de que este Parecer não fere o direito dos povos indígenas e que visa dar maior segurança jurídica à demarcação das terras indígenas. 

Ignorando dados técnicos apresentados por integrantes do próprio governo que apontam que o Parecer tem, de fato, paralisado as demarcações; o apelo do Ministério Público Federal que, através de documentos, demonstrou a inconstitucionalidade do Parecer; e os apelos das lideranças, que fizeram testemunhos sobreo aumento da violência contra as comunidades indígenas, a Ministra não só recusou-se a discutir a revogação do Parecer 001/2017, como resolveu criar um Grupo de Trabalho (GT) para “aprimorar” os entendimentos sobre ele, à revelia da posição das lideranças indígenas. 

Criado como subterfúgio, esse Grupo de Trabalho representa mais uma manobra política da Ministra Grace Mendonça e do governo Temer para prorrogar a vigência deste Parecer, e consequentemente, manter a paralisação e o fim das demarcações das terras indígenas. Prova explícita desta intenção é a recente decisão do Ministro da Justiça Torquato Jardim (Despacho n.º 2563/2018/GM, 19 de junho de 2018) que determinou que os processos de demarcação de terras indígenas, em análise naquele ministério, permaneçam paralisados até as conclusões desse famigerado Grupo de Trabalho. 

As atas das primeiras reuniões do GT revelam que a Ministra insiste em sustentar seu Parecer. Grace Mendonça e Michel Temer querem “melhorar” o entendimento da norma, sem margem para sua revogação. Como será possível aprimorar um Parecer criado em manifesta contradição e oposição à Constituição Federal?

As consequências são evidentes: a paralisação ou o fim das demarcações das terras indígenas no país (portarias declaratórias e homologações não efetuadas); o retorno à Funai de procedimentos demarcatórios para novos estudos; a obrigatoriedade para servidores aplicarem o Parecer, portanto, imobilizando-os em suas funções; decisões judiciais favoráveis aos invasores das terras indígenas; e o acirramento da violência contra os povos indígenas nos territórios, agravando ainda mais os processos de criminalização, perseguição e assassinato de lideranças indígenas.

Por estas razões, além de manifestar o nosso repúdio, exigimos uma vez mais, em consonância com as reivindicações dos povos e das organizações indígenas do Brasil, a imediata revogação do Parecer nº 001/2017.

 

Brasília – DF, 09 de agosto de 2018.

 

APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil

CTI – Centro de Trabalho Indigenista

CIMI – Conselho Indigenista Missionário

RCA – Rede de Cooperação Amazônica

Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena

MOPIC – Mobilização dos Povos do Cerrado

ISA – Instituto Socioambiental

UNIX – União Indígena Xerente

Associação Wyty Cate das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins

IEB – Instituto de Educação Internacional do Brasil

Greenpeace

OPAN – Operação Amazônia Nativa

Uma Gota no Oceano

INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos

Associação Floresta Protegida

INA – Indigenistas Associados

ISPN – Instituto Sociedade, População e Natureza

CPI-AC – Comissão Pró Índio Acre

FOIRN – Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro

HAY – Hutukara Associação Yanomami

AMIN – Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão

OPIAC – Organização dos Professores Indígenas no Acre

AMAAIAC – Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Estado do Acre

COAPIMA – Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão

AMIMA – Articulação das Mulheres Indígenas do Maranhão

Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias

MUPOIBA – Movimento Unido de Organizações e Povos Indígenas da Bahia

AÇÃO BAHIA – Instituto dos Povos Indígenas da Bahia

Associação Cultural Indígena Tupinambá de Olivença

AHIAV – Associação Hãhãhãe Indígena de Água Vermelha

Associação Indígena da Serra do Padeiro

Centro de Estudos e Pesquisas Intercultural e da Temática Indígena da UNEB

CIR – Conselho Indígena de Roraima

APOINME – Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo

COIAB – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira

FEPIPA – Federação dos Povos Indígenas do Pará

AIKATUK – Associação Indígena Katxuyana, Tunayana e Kahyana

CGY – Comissão Guarani Yvyrupa

ARPINSUL – Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul

APOIANP – Articulação dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará

COIPAM – Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas

AAIUnB – Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB

UMIAB – União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira

Conselho do Povo Terena

Laboratório de Antropologias da T/terra da UnB

AITOAT – Associação Indígena Tupinambá de Olivença da Aldeia Tukum

Irmãzinhas da Imaculada Conceição

COPIME – Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno

COIPAM – Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas

OPIRR – Organização dos Professores Indígenas de Roraima

FOREEIA – Fórum de Educação Escolar Indígena do Amazonas

CPI-SP – Comissão Pró Índio de São Paulo

MPKK – Movimento do Patriarcado Cacicado Geral do Povo Kokama (Kukami-Kukamiria) do Brasil

TWRK – Federação Indígena do Povo Kukami-Kukamiria do Brasil, Peru e Colômbia

CGPIKKTBT – Cacicado Geral do Povo Kokama do Município de Tabatinga

PTKRKTT – Comunidade Indígena Kokama da Área Urbana Tabatinga

COIKAS – Coordenação das Organizações Indígenas Kaixanas do Alto Rio Solimões

FOCIMP – Federação as Organizações Indígenas do Médio Purus

Centro de Direitos Humanos Dom Máximo de Cáceres

NAJUP/MS – Núcleo de Defesa e Assessoria Jurídica Popular de MS

OKAS – Organização dos Kambeba do Alto Solimões

Associação Indígena Comunitária Wirazu (Guajajara)

Aty Guasu Kaiowá Guarani

CNBB Norte 3

Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora – CNBB Norte 3

Associação Indígena do Povo Tuxá – Aldeia Mãe

OPIPAM – Organização do Povo Indígena Parintintin do Amazonas

APITEM – Associação do Povo Indígena Tenharin Morõgita

APITIPRE – Associação do Povo Indígena Tenharin do Igarapé Preto

APIJ – Associação do Povo Indígena Jiahui

Associação Ka’apor Ta Hury do Rio Gurupi

OGCCIPC – Organização Geral dos Caciques das Comunidades Indígenas do Povo Kokama

ATIX – Associação da Terra Indígena Xingu

APMIG – Associação de Pais e Mestres Indígenas Guajajara

FEPOIMT – Federação dos Povos e Organizações Indígenas do MT

Província Irmã Amabile Avosani de Porto Velho/RO

Irmãs do Sagrado Coração de Jesus Província do Brasil

Irmãs Catequistas Franciscanas Província de MT

Pastoral Indigenista da Diocese de Foz do Iguaçu

CEBs da Regional Sul II da CNBB

Pastoral da Juventude Regional Sul II da CNBB

PEMPXÁ – Associação União das Aldeias Apinajé

Conselho do Povo Akroa-Gamella (Território Taquaritiua)

OAMI – Organização das Aldeias Marubo do Rio Ituí

FNEEI – Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena de MS

Movimento Associativo Indígena Payayá

Conselho do Povo Kinikinau

UJP – União da Juventude Pankararu

CAJI – Comissão de Articulação da Juventude Indígena

Instituto de Saberes Tradicionais do Brasil

CAI – Comissão de Assuntos Indígenas da ABA – Associação Brasileira de Antropologia

Rede de Juventude Indígena

Comissão Nacional de Juventude Indígena

MIQCB – Movimento Interestadual das Quebradeiras de Côco Babaçu

Conselho do Povo Tremembé de Raposa no MA

Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do MA

Conselho Parakanã da TI Apyterewa

Teia dos Povos da Cabrunca e Mata Atlântica da Bahia

Pastoral Indigenista da Prelazia do Xingu – PA

CPEI – Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena da UNICAMP

Micro Fórum de Luta por Terra, Trabalho e Cidadania da Região Cacaueira – BA

CCP – Conselho de Cidadania Permanente de Itabuna

Associação Cultural Territorial e Ambiental Indígena da Aldeia Igalha

Associação de Marisqueira e Pescadores Indígenas Tupinambá de Acuipe de Baixo

Associação Socioambiental Tupinambá da Aldeia Tamandaré

Caciques Tupinambá Reunidos na Aldeia Siriyba

ACIGMA – Associação das Comunidades Indígenas Gavião do MA

Instituto Makarapy

SEDUUME – Associação Wanasseduume Ye’kwana

AATR – Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais

ABJD – Associação Brasileira de Juristas pela Democracia

Associação dos Advogados e Advogadas de São Paulo

Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil

Congregação das Irmãs Dominicanas de Nossa Senhora do Rosário de Monteils

APOINKK – Associação do Povo Indígena Krahô-Canela

GEDMMA – Grupo de Estudo Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente da UFMA

Via Campesina Brasil

OPIXA – Organização do Povo Indígena Xakriabá

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do MA

CEGeT – Centro de Estudos de Geografia do Trabalho

Associação Angrôkrer do Povo Mebengokrê-Kayapó do PA

AITCAR – Associação Indígena Tapuia do Carretão

Associação Indígena Comunitária Maynumy (Guajajara TI Rio Pindaré)

NERA – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Questões Agrárias da UFMA

CPT – Comissão Pastoral da Terra

SITUOKORE – Organização das Mulheres Indígenas do Acre e Sul do Amazonas

Documento da VI Grande Assembléia Das Mulheres Kaiowá Guarani – Kuñangue Aty Guasu

Documento da VI Grande Assembléia Das Mulheres Kaiowá Guarani – Kuñangue Aty Guasu

A mulheres Guarani e Kaiowá vem aqui compartilhar o documento final da nossa VI Grande Assembléia Das Mulheres Kaiowá Guarani – Kuñangue Aty Guasu, realizada na aldeia Amambai-MS de 10 a 14 de Julho de 2018. Estivemos encaminhamentos bastante ricos e de muito frtalecimento duarante esses utimos dias.  Pois enquanto houver o som do Mbaraka e do Takuapu vai ter Luta! Fora Temer! Fora Bolsonaro! Fora Ruralistas! Demarcação Já!

Documento Final da VI Kunãgue Aty Guasu