As organizações indígenas ressaltam que a desintrusão da TI, com a retirada dos garimpeiros, deve ser completa e a proteção do território precisa ser reforçada

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) condenam ato violento ocorrido na comunidade Parima dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, na última segunda-feira, 03 de julho, que vitimou uma criança yanomami e deixou outros cinco indígenas feridos.

As organizações indígenas se solidarizam com os familiares das vítimas e reivindicam que o Governo Federal adote medidas mais efetivas na região. A Apib e a Coiab ressaltam que a desintrusão da TI, com a retirada dos garimpeiros, deve ser completa e a proteção do território precisa ser reforçada.

Segundo informações publicadas pelo site G1 Roraima, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari, os feridos são: uma liderança indígena, de 48 anos, uma mulher de 24, a filha dela, de 5 anos, e duas meninas, de 15 e 9 anos. A liderança afirma que o corpo da criança assassinada, uma menina de 7 anos, caiu no rio e foi encontrado somente nesta sexta-feira, 7 de julho, pelo Corpo de Bombeiros. A vítima é irmã das outras duas meninas atingidas.

As vítimas foram socorridas por servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e transferidos para Surucucu e Boa Vista em aeronaves da Marinha e da FAB (Força Aérea Brasileira).

Garimpo ilegal triplicou na TI Yanomami

Esse não é o primeiro ataque a tiros contra indígenas registrado na TI neste ano. No dia 29 de abril, um indígena Yanomami morreu e outros dois foram baleados por garimpeiros ilegais na comunidade Uxiu.

O território Yanomami continua sofrendo com o aumento da violência ocasionada pelo garimpo ilegal na região, incentivado no governo no ex-presidente Bolsonaro.

Em 2020, a Polícia Federal passou a monitorar a atividade na Terra Indígena e identificou que o garimpo ocupava 14 km² do território naquele ano. No ano seguinte, passou para 23,7 km² e, em 2022, para 41,8 km², representando um crescimento de 198% desde o início do monitoramento.

A invasão do garimpo ilegal em Terra Indígena Yanomami foi denunciada pelo menos 21 vezes à justiça, por meio de medidas adotadas pela Apib, Coiab e outras organizações indígenas. O governo Bolsonaro se omitiu e não seguiu as determinações da justiça quanto à adoção de medidas urgentes sobre o garimpo ilegal na TI.

“Sob a presidência de Lula, ansiamos que medidas mais incisivas e efetivas sejam adotadas para estancar as sistemáticas violências e violações dos direitos humanos que vitimam constantemente os povos indígenas, especialmente membros do povo Yanomami”, afirmam Apib e Coiab.